1. INTRODUÇÃO
Nos próximos 50 anos há uma previsão que a população mundial
atinja 9 bilhões de habitantes, por conseguinte uma crescente demanda de
energia, água e alimentos. Com a globalização busca a economia sustentável com
avanços em tecnologia da informação e comunicação terão um caráter estratégico
para o mundo. Com o rápido aperfeiçoamento tecnológico da internet, os mundos
físicos e digitais estão interconectados para facilitar a vida das pessoas. Com
as inovações tecnológicas na indústria automobilística alemã surge a Industria
4.0 e consequentemente as automatizações e telemetria dos equipamentos
utilizados na Agropecuária daí surge a Agricultura 4.0 (MASSRUHÁ; LEITE, 2017).
No Brasil, o maior desafio é a inserção dos pequenos e
médios produtores na Agro 4.0 para alcançar a alta rentabilidade. Segundo a
Embrapa, o Brasil utiliza apenas 7,6% de seu território com lavouras, por outro
lado a Dinamarca cultiva 76,8%, dez vezes mais que o Brasil; a Irlanda, 74,7%;
os Países Baixos, 66,2%; o Reino Unido 63,9%; a Alemanha 56,9%, (EMBRAPA,
2017).
Figura 1https://blog.jacto.com.br/wp-content/uploads/2017/09/127706-o-que-e-telemetria-de-maquinas-agricolas.jpg
2. DESENVOLVIMENTO
AGROPECUÁRIO
O desenvolvimento agropecuário acompanha a evolução da
humanidade e porque não dizer que a agropecuária impulsionou o desenvolvimento
tecnológico. A evolução da tecnologia agropecuária divide-se em fases e
classifica-se em:
Tabela 1 - Evolução da Agropecuária
Agro |
Período |
Descrição |
1.0 |
até 1920 |
Desde os coletadores e caçadores até o avanço do
plantio e comercialização. Essa fase finalizou com a revolução Industrial. |
2.0 |
1950 até 1990 |
Início da utilização de tratores e máquinas a
combustíveis em substituição a tração animal. |
3.0 |
1990 até 2010 |
Destaque a modificações genéticas e utilização de
insumos biotecnológicos para aumento de produtividade |
4.0 |
2010 |
Surge com a Indústria 4.0 com ampla utilização da
internet equipamentos eletrônicos portáteis e com evolução até os dias atuais
com novas tecnologias integradas |
5.0 |
desenvolvimento |
Utilizará robótica e Inteligência Artificial |
“O processo de decisão do produtor
rural, historicamente baseado na tradição, experiência e intuição, passou a ser
apoiado por informações precisas e em tempo real”(ZAPAROLLI, 2020).
Segundo o Governo Federal
(BRASIL, 2020), o PIB brasileiro, que é a soma de todos os bens e serviços
produzidos no país, fechou 2019 com total de R$ 7,3 trilhões, registrando
crescimento de 1,1% frente a 2018. A Agropecuária cresceu 1,3%, a Indústria
cresceu 0,5%, o setor de Serviços, 1,3%. A participação das atividades
econômicas no PIB em 2019 foi de 5,2% da Agropecuária, 20,9% da Indústria e de
73,9% do setor de serviços. A participação do valor adicionado
da agropecuária no PIB total, que era de 5,3% no primeiro
trimestre de 2019, subiu para 6,6% neste ano. Com isso, o setor teve uma
evolução de 1,9% nos três primeiros meses, quando comparado o desempenho atual
com o de igual período de 2019. Ou seja, a agropecuária movimentará no Brasil com
previsão acima dos R$ 481,8 bilhões em 2020.
2.1.TECNOLOGIAS
DIGITAIS
A TIC é a mola propulsora no desenvolvimento de novas
tecnologias digitais que avançam com bastante velocidade, inclusive na AGRO 4.0
e cada vez mais interconectadas. Rahman et al(2019) destacou as principais
novas tecnologias digitais, que seguem:
a) Internet das coisas (IoT) - Como a
tecnologia de suporte de máquinas inteligentes superam os humanos na captura e
comunicação de dados de maneira precisa e constante; Bem como a integração do
processo ciber-físico que suportou com sensores e rede compatível; No contexto
da indústria, pode ser referida como Internet das Coisas Industrial (IIoT);
b) Internet de serviços (IoS) - Definido
como a utilização da Internet para uma forma inovadora de criação de valor
através do modelo de negócios Produto como Serviço (PaaS); Infraestrutura
incorporada com produtos baseados em sensores para fornecer algumas informações
como o uso do produto e sua condição;
c) Internet de Pessoas (IoP) - Refere-se
ao fato de o ser humano se tornar um elemento ativo da Internet. Por exemplo,
os humanos colocam suas informações pessoais online e fazem comunicação pública
virtual sobre seus sentimentos;
d) Internet de dados (IoD) - Dados
eficazes para transferidos, armazenados, gerenciados e processados no sistema;
Sistemas de gerenciamento de banco de dados para servir IoT, IoS e IoP;
e) Computação em Nuvem (Cloud Computing) -
Tecnologia eficaz para reduzir a infraestrutura de TI que utiliza recursos de
computação ao usar qualquer dispositivo conectado à internet; Permitir a
integração de recursos de manufatura distribuídos e infraestrutura flexível
geograficamente;
f) Análise de Big Data - Tecnologias
específicas com novos métodos analíticos e ferramentas para transformar o
volume substancial de dados de forma eficaz e eficiente em informação e
conhecimento;
g) Blockchain - Fundação de criptomoedas,
permite que inúmeros dispositivos inteligentes realizem transações financeiras
transparentes, seguras, rápidas e suaves na plataforma IoT; Pode ser utilizado
em qualquer transferência digitalizada de informações, desenvolver uma relação
de confiança entre fornecedores, fabricantes e clientes;
h) Ciber segurança - Técnicas destinadas a
proteger sistemas industriais críticos, linhas de manufatura e banco de dados
contra acesso não autorizado.
i) Realidade aumentada - Uma interface
digital, colocando um objeto virtual no mundo real, para dar um maior cálculo
de percepção usando várias tecnologias; Como a visualização da computação
gráfica no ambiente real.; Robôs de
automação e industriais - A fabricação futura empregará um robô capaz de se
comunicar, se adaptar e reagir; A interação homem-máquina se torna mais intensa
em muitas funções da organização, como produção, distribuição, manutenção, etc;
j) Additive Manufacturing - O reflexo das
tecnologias para desenvolver objetos tridimensionais, camada por camada, sob
controle do computador; A impressão 3D, em particular, permitiu que as fábricas
produzissem um protótipo, uma prova de design de conceito com eficiência,
reduzindo o processo de produção;
k) Simulação e Modelagem - Destina-se a
aproveitar dados em tempo real para espelhar o mundo físico em um modelo
virtual que inclui humanos, máquinas e produtos;
l) Sistemas Ciber-Físicos - Sistemas de
colaboração de entidades computacionais conectadas com o mundo físico
circundante, controlados e monitorados pelo algoritmo baseado em computador;
m) Tecnologias Semânticas - Um padrão
comum para comunicação e troca de informações entre os diferentes componentes
da Indústria 4.0;
3. TELEMETRIA
Uma das tecnologias mais importantes é a Telemetria que é um
sistema tecnológico de monitoramento, utilizado para comandar, medir ou
rastrear alguma coisa à distância, através de dispositivos de comunicação sem
fio.
A palavra telemetria é a união de duas palavras gregas. Tele
significa longe e meter significa medir. Por isso telemetria (TM) significa
realizar medições à distância, ou em local remoto. A telemetria começou devido
a necessidade de realizar medições em locais inacessíveis, como a temperatura dentro
de um forno, e evoluiu em uma ciência complexa capaz de realizar medições
dentro de um míssil guiado, ou em qualquer local remoto.
Os ingredientes essenciais de qualquer sistema de telemetria
incluem pelo menos um sensor, uma antena transmissora de baixo ganho, uma
antena receptora de alto ganho, um receptor e um mostrador. Muitos sistemas
usam múltiplos sensores, métodos para empacotar muitos dados em um enlace de
RF, métodos de desempacotar os dados no centro de controle, métodos de
etiquetar o tempo (time tagging) na informação para análise pós-operacional,
métodos de arquivamento dos dados para análise subsequênte, e métodos muito
sofisticados para processar os dados antes de mostrá-los. (MATOS, 2004)
Segundo Matos (2004) uma definição global a aplicação da
telemetria é para suprir o acesso a locais ou ambientes inacessíveis ao homem.
O início da utilização e ampla divulgação ao público, com
grande destaque, foram corridas de Fórmula 1, no qual o carro continha
tecnologia embarcada com envio dos dados coletados, em tempo real, por meio da
telemetria aos centros de informações para a equipe após análise dos dados
tomar as decisões e orientar o piloto e equipe técnica durante a corrida.
Figura 2http://pesquisa.unemat.br/gaaf/uploads/noticias/imagem_49_1501385958.jpg
3.1.Drones
A Agência Nacional de Aviação Civil - ANAC define “drone”
como uma expressão genérica utilizada para descrever desde pequenos multirrotores
rádio controlados comprados em lojas de brinquedo até Veículos Aéreos Não Tripulados
(VANT) de aplicação militar, autônomos ou não, enquanto os VANT são aqueles
empregados em finalidades não recreativas. O termo Aeronave Remotamente
Pilotada (RPA) denota um subgrupo de VANT destinado à operação remotamente
pilotada (ANAC, 2019)
Figura 3-
https://droneshowla.com/allcomp-apresenta-drone-de-pulverizacao-dji-agras-mg-1p/
De acordo com ALONÇO et al.(2005, apud ASSIANTE e
CAVICHIOLI, 2020), Veículos Aéreos Não-Tripulados (VANT's) vem se firmando como
uma importante opção na agricultura de precisão, visto que a utilização e a aplicação
de novos conhecimentos no meio rural auxiliam o produtor a identificar estratégias
que possam aumentar a eficiência no gerenciamento da agricultura, maximizando a
rentabilidade das colheitas e tornando o agronegócio mais competitivo.
3.2.Agricultura
de precisão
A Agricultura de Precisão, uma das principais ferramentas da
agricultura 4.0, começou quando os sinais de GPS foram disponibilizados para o
público em geral. Ela possibilita a orientação de veículos e o monitoramento e
controle específico até o local de deslocamento. Isso permite uma melhora na
precisão das operações e também o gerenciamento de variações de deslocamento em
campo (ou em rebanho). O objetivo é dar a cada planta (ou animal) exatamente o
que ele precisa para crescer otimamente, com o objetivo de melhorar a produção
agronômica, enquanto reduz a entrada, produzindo mais com menos (CEMA, 2017,
apud RIBEIRO, 2018).
Figura 4- https://mundogeo.com/2016/03/22/unicamp-oferece-curso-de-extensao-em-geotecnologias-aplicadas-a-agricultura-de-precisao/
3.3.Desafio
da Eletricidade
A eletricidade por ser uma forma de energia de mais alta
qualidade e normalmente ser obtida desde fora da propriedade, o uso de
eletricidade normalmente implica um dreno de capital importante (RODRIGUES;
CAMPANHOLA; KITAMURA, 2003).
Devido à crescente demanda de equipamentos portáteis, houve
a necessidade de prover mobilidade e autonomia energética descentralizada, que
convergiu para a ampla utilização de baterias elétricas. Com isso, esbarra-se
na necessidade de carregamento das baterias, e geralmente se faz por processos
que utilizam a distribuição convencional centralizada, ou seja, das empresas de
distribuição de energia. A alternativa para este processo é a transformação de
energia cinética verde em eletricidade para o carregamento das baterias.
A energia solar tem papel predominante e revolucionário no
setor energético. O sistema fotovoltaico possibilita que a geração de energia e
que possa ser utilizada em locais de difícil acesso a rede elétrica (RABUSKE,
2019).
4. CONCLUSÃO
A telemetria traz resultados precisos aos profissionais do
agronegócio e proporciona maior precisão na coleta de dados para análise e
tomada de decisões cada vez mais assertivas e possível programação dos
equipamentos envolvidos na cadeia de produção.
Atualmente o maior desafio na agropecuária é a utilização da
tecnologia para o aumento da produção e lucro sem a ampliação das áreas
utilizadas, a utilização dos insumos de forma eficiente e diminuição de desperdícios.
Por conseguinte, há um aumento da demanda e oportunidades para inovações na
área de TIC. O desenvolvimento das tecnologias direciona o setor agropecuário
para novas TICs com a utilização da Inteligência Artificial e Robótica.
O cenário atual do Agro 4.0, que movimentou em torno de R$ 481,8
bilhões, demanda de novas tecnologias diante das crescentes necessidades de
alimento pelo mundo. A cada dia surgem novas oportunidades para o
aperfeiçoamento e desenvolvimento das tecnologias para suporte as operações do
agronegócio. Percebe-se que é um cenário promissor para o desenvolvimento de
novos profissionais para trabalhar na área.
5. REFERENCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
1. ALONÇO,
A. S. Desenvolvimento de um veículo aéreo não tripulado (VANT) para utilização
em atividades inerentes
à agricultura de
precisão. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE ENGENHARIA
AGRÍCOLA, 35, 2005.
2. ANAC,
2019. Perguntas Frequentes/Drones. Disponível em:
https://www.anac.gov.br/perguntas-frequentes/drones/aeronaves/o-que-sao-drones.
3. ASSAIANTE,
B. A. de S.; CAVICHIOLI, F. A. A UTILIZAÇÃO DE VEÍCULOS AÉREOS NÃO TRIPULADOS
(VANT) NA CULTURA DA CANA-DE-AÇÚCAR. Revista Interface Tecnológica, 2020. DOI:
10.31510/infa.v17i1.804.
https://revista.fatectq.edu.br/index.php/interfacetecnologica/article/view/804.
4. BRASIL
- PIB do setor agropecuário cresce 1,3% em 2019. (2020). https://www.gov.br/pt-br/noticias/financas-impostos-e-gestao-publica/2020/03/pib-do-setor-agropecuario-cresce-1-3-em-2019
5. EMBRAPA
- NASA confirma dados da Embrapa sobre área plantada no Brasil - 2017 < https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/30972114/nasa-confirma-dados-da-embrapa-sobre-area-plantada-no-brasil>.
6. MASSRUHÁ,
Silvia Maria Fonseca Silveira e LEITE, Maria Angelica de Andrade. AGRO 4.0 – RUMO À AGRICULTURA DIGITAL,
EMBRAPA - Embrapa
Informática Agropecuária , 2017,
https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1073150/agro-40---rumo-a-agricultura-digital.
7. MATTOS,
Alessandro Nicoli de. Telemetria e conceitos relacionados Uma visão geral dos
sistemas de telemetria com ênfase em aplicações aeroespaciais. São José dos
Campos, SP - Brasil 2004. sob Licença Creative Commons Atribuição-“Uso
Não-Comercial-Compartilhamento pela mesma Licença” 2.5 Brasil. emailware:
telemetriaeconceitos@gmail.com
8. RABUSKE,
Rodrigo; FRIEDRICH, Laercio Rogério; FONTOURA, Fernando Batista Bandeira da -
ANÁLISE DA VIABILIDADE PARA IMPLANTAÇÃO DE ENERGIA FOTOVOLTAICA COM UTILIZAÇÃO
PARA SOMBREAMENTO DE ESTACIONAMENTO – Estudos do CEPE 2018, pp.36-48 Disponível
em: <https://doaj.org/article/
f457dc24d4ff413caae5d3033e23e901 ?gathStatIcon=true Acesso em: 11 de
out. 2019.
9. RAHMAWAN,
Arief; MUSLIH, Mohammad; ARROSI, Jarman; RIFIANTO, Dwi; NURIZ, Adib Fuadi.
Towards Industry 4.0: Determining Agro-industrial Technology. Graduate
Competencies in Higher Education. University of Darussalam Gontor, Ponorogo,
Indonesia -2019.
10. RIBEIRO,
Josiana Gonçalves; MARINHO, Douglas Yusuf; ESPINOSA, Jose Waldo Martínez.
Agricultura 4.0: desafios à produção de alimentos e inovações tecnológicas.
In: SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO. 2018. p. 1-7.
11. RODRIGUES,
Geraldo S; CAMPANHOLA, Clayton; KITAMURA, Paulo Choji, . Avaliação de impacto
ambiental da inovação tecnológica agropecuária: ambitec-agro- Jaguariúna:
Embrapa Meio Ambiente, 2003. 95p.-- (Embrapa Meio Ambiente. Documentos, 34).
12. ZAMBON,
I.; CECCHINI, M.; EDIGI, G.; SAPORITO, M. G. & COLANTONI, A. (2019).
Revolution 4.0: Industry vs. Agriculture in a Future Development for SMEs.
Processes, 7(1), 36.
13. ZAPAROLLI,
D; Agricultura 4.0.RevistaPesquisa FAPESP. Disponível em:
https://revistapesquisa.fapesp.br/2020/01/02/agricultura-4-0/. Acesso em:10
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