quarta-feira, 19 de maio de 2021

Agro 4.0 - Aplicações de Automação e Telemetria

1.      INTRODUÇÃO

 

Nos próximos 50 anos há uma previsão que a população mundial atinja 9 bilhões de habitantes, por conseguinte uma crescente demanda de energia, água e alimentos. Com a globalização busca a economia sustentável com avanços em tecnologia da informação e comunicação terão um caráter estratégico para o mundo. Com o rápido aperfeiçoamento tecnológico da internet, os mundos físicos e digitais estão interconectados para facilitar a vida das pessoas. Com as inovações tecnológicas na indústria automobilística alemã surge a Industria 4.0 e consequentemente as automatizações e telemetria dos equipamentos utilizados na Agropecuária daí surge a Agricultura 4.0 (MASSRUHÁ; LEITE, 2017).

No Brasil, o maior desafio é a inserção dos pequenos e médios produtores na Agro 4.0 para alcançar a alta rentabilidade. Segundo a Embrapa, o Brasil utiliza apenas 7,6% de seu território com lavouras, por outro lado a Dinamarca cultiva 76,8%, dez vezes mais que o Brasil; a Irlanda, 74,7%; os Países Baixos, 66,2%; o Reino Unido 63,9%; a Alemanha 56,9%, (EMBRAPA, 2017).


Figura 1https://blog.jacto.com.br/wp-content/uploads/2017/09/127706-o-que-e-telemetria-de-maquinas-agricolas.jpg

  

2.      DESENVOLVIMENTO AGROPECUÁRIO

O desenvolvimento agropecuário acompanha a evolução da humanidade e porque não dizer que a agropecuária impulsionou o desenvolvimento tecnológico. A evolução da tecnologia agropecuária divide-se em fases e classifica-se em:

Tabela 1 - Evolução da Agropecuária

Agro

Período

Descrição

1.0

até 1920

Desde os coletadores e caçadores até o avanço do plantio e comercialização. Essa fase finalizou com a revolução Industrial.

2.0

1950 até 1990

Início da utilização de tratores e máquinas a combustíveis em substituição a tração animal.

3.0

1990 até 2010

Destaque a modificações genéticas e utilização de insumos biotecnológicos para aumento de produtividade

4.0

2010

Surge com a Indústria 4.0 com ampla utilização da internet equipamentos eletrônicos portáteis e com evolução até os dias atuais com novas tecnologias integradas

5.0

desenvolvimento

Utilizará robótica e Inteligência Artificial

 

“O processo de decisão do produtor rural, historicamente baseado na tradição, experiência e intuição, passou a ser apoiado por informações precisas e em tempo real”(ZAPAROLLI, 2020).

Segundo o Governo Federal (BRASIL, 2020), o PIB brasileiro, que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, fechou 2019 com total de R$ 7,3 trilhões, registrando crescimento de 1,1% frente a 2018. A Agropecuária cresceu 1,3%, a Indústria cresceu 0,5%, o setor de Serviços, 1,3%. A participação das atividades econômicas no PIB em 2019 foi de 5,2% da Agropecuária, 20,9% da Indústria e de 73,9% do setor de serviços. A participação do valor adicionado da agropecuária no PIB total, que era de 5,3% no primeiro trimestre de 2019, subiu para 6,6% neste ano. Com isso, o setor teve uma evolução de 1,9% nos três primeiros meses, quando comparado o desempenho atual com o de igual período de 2019. Ou seja, a agropecuária movimentará no Brasil com previsão acima dos R$ 481,8 bilhões em 2020.

 

2.1.TECNOLOGIAS DIGITAIS

 

A TIC é a mola propulsora no desenvolvimento de novas tecnologias digitais que avançam com bastante velocidade, inclusive na AGRO 4.0 e cada vez mais interconectadas. Rahman et al(2019) destacou as principais novas tecnologias digitais, que seguem:

a)      Internet das coisas (IoT) - Como a tecnologia de suporte de máquinas inteligentes superam os humanos na captura e comunicação de dados de maneira precisa e constante; Bem como a integração do processo ciber-físico que suportou com sensores e rede compatível; No contexto da indústria, pode ser referida como Internet das Coisas Industrial (IIoT);

b)      Internet de serviços (IoS) - Definido como a utilização da Internet para uma forma inovadora de criação de valor através do modelo de negócios Produto como Serviço (PaaS); Infraestrutura incorporada com produtos baseados em sensores para fornecer algumas informações como o uso do produto e sua condição;

c)      Internet de Pessoas (IoP) - Refere-se ao fato de o ser humano se tornar um elemento ativo da Internet. Por exemplo, os humanos colocam suas informações pessoais online e fazem comunicação pública virtual sobre seus sentimentos;

d)      Internet de dados (IoD) - Dados eficazes para transferidos, armazenados, gerenciados e processados no sistema; Sistemas de gerenciamento de banco de dados para servir IoT, IoS e IoP;

e)      Computação em Nuvem (Cloud Computing) - Tecnologia eficaz para reduzir a infraestrutura de TI que utiliza recursos de computação ao usar qualquer dispositivo conectado à internet; Permitir a integração de recursos de manufatura distribuídos e infraestrutura flexível geograficamente;

f)       Análise de Big Data - Tecnologias específicas com novos métodos analíticos e ferramentas para transformar o volume substancial de dados de forma eficaz e eficiente em informação e conhecimento;

g)      Blockchain - Fundação de criptomoedas, permite que inúmeros dispositivos inteligentes realizem transações financeiras transparentes, seguras, rápidas e suaves na plataforma IoT; Pode ser utilizado em qualquer transferência digitalizada de informações, desenvolver uma relação de confiança entre fornecedores, fabricantes e clientes;

h)      Ciber segurança - Técnicas destinadas a proteger sistemas industriais críticos, linhas de manufatura e banco de dados contra acesso não autorizado.

i)       Realidade aumentada - Uma interface digital, colocando um objeto virtual no mundo real, para dar um maior cálculo de percepção usando várias tecnologias; Como a visualização da computação gráfica no ambiente real.; Robôs de automação e industriais - A fabricação futura empregará um robô capaz de se comunicar, se adaptar e reagir; A interação homem-máquina se torna mais intensa em muitas funções da organização, como produção, distribuição, manutenção, etc;

j)       Additive Manufacturing - O reflexo das tecnologias para desenvolver objetos tridimensionais, camada por camada, sob controle do computador; A impressão 3D, em particular, permitiu que as fábricas produzissem um protótipo, uma prova de design de conceito com eficiência, reduzindo o processo de produção;

k)      Simulação e Modelagem - Destina-se a aproveitar dados em tempo real para espelhar o mundo físico em um modelo virtual que inclui humanos, máquinas e produtos;

l)       Sistemas Ciber-Físicos - Sistemas de colaboração de entidades computacionais conectadas com o mundo físico circundante, controlados e monitorados pelo algoritmo baseado em computador;

m)   Tecnologias Semânticas - Um padrão comum para comunicação e troca de informações entre os diferentes componentes da Indústria 4.0;

 

3.      TELEMETRIA

Uma das tecnologias mais importantes é a Telemetria que é um sistema tecnológico de monitoramento, utilizado para comandar, medir ou rastrear alguma coisa à distância, através de dispositivos de comunicação sem fio.

A palavra telemetria é a união de duas palavras gregas. Tele significa longe e meter significa medir. Por isso telemetria (TM) significa realizar medições à distância, ou em local remoto. A telemetria começou devido a necessidade de realizar medições em locais inacessíveis, como a temperatura dentro de um forno, e evoluiu em uma ciência complexa capaz de realizar medições dentro de um míssil guiado, ou em qualquer local remoto.

Os ingredientes essenciais de qualquer sistema de telemetria incluem pelo menos um sensor, uma antena transmissora de baixo ganho, uma antena receptora de alto ganho, um receptor e um mostrador. Muitos sistemas usam múltiplos sensores, métodos para empacotar muitos dados em um enlace de RF, métodos de desempacotar os dados no centro de controle, métodos de etiquetar o tempo (time tagging) na informação para análise pós-operacional, métodos de arquivamento dos dados para análise subsequênte, e métodos muito sofisticados para processar os dados antes de mostrá-los.  (MATOS, 2004)

 

Segundo Matos (2004) uma definição global a aplicação da telemetria é para suprir o acesso a locais ou ambientes inacessíveis ao homem.

O início da utilização e ampla divulgação ao público, com grande destaque, foram corridas de Fórmula 1, no qual o carro continha tecnologia embarcada com envio dos dados coletados, em tempo real, por meio da telemetria aos centros de informações para a equipe após análise dos dados tomar as decisões e orientar o piloto e equipe técnica durante a corrida.

 

Figura 2http://pesquisa.unemat.br/gaaf/uploads/noticias/imagem_49_1501385958.jpg

 

3.1.Drones

A Agência Nacional de Aviação Civil - ANAC define “drone” como uma expressão genérica utilizada para descrever desde pequenos multirrotores rádio controlados comprados em lojas de brinquedo até Veículos Aéreos Não Tripulados (VANT) de aplicação militar, autônomos ou não, enquanto os VANT são aqueles empregados em finalidades não recreativas. O termo Aeronave Remotamente Pilotada (RPA) denota um subgrupo de VANT destinado à operação remotamente pilotada (ANAC, 2019)

Figura 3- https://droneshowla.com/allcomp-apresenta-drone-de-pulverizacao-dji-agras-mg-1p/

 

De acordo com ALONÇO et al.(2005, apud ASSIANTE e CAVICHIOLI, 2020), Veículos Aéreos Não-Tripulados (VANT's) vem se firmando como uma importante opção na agricultura de precisão, visto que a utilização e a aplicação de novos conhecimentos no meio rural auxiliam o produtor a identificar estratégias que possam aumentar a eficiência no gerenciamento da agricultura, maximizando a rentabilidade das colheitas e tornando o agronegócio mais competitivo.

 

3.2.Agricultura de precisão

A Agricultura de Precisão, uma das principais ferramentas da agricultura 4.0, começou quando os sinais de GPS foram disponibilizados para o público em geral. Ela possibilita a orientação de veículos e o monitoramento e controle específico até o local de deslocamento. Isso permite uma melhora na precisão das operações e também o gerenciamento de variações de deslocamento em campo (ou em rebanho). O objetivo é dar a cada planta (ou animal) exatamente o que ele precisa para crescer otimamente, com o objetivo de melhorar a produção agronômica, enquanto reduz a entrada, produzindo mais com menos (CEMA, 2017, apud RIBEIRO, 2018).

Figura 4- https://mundogeo.com/2016/03/22/unicamp-oferece-curso-de-extensao-em-geotecnologias-aplicadas-a-agricultura-de-precisao/

 

3.3.Desafio da Eletricidade

A eletricidade por ser uma forma de energia de mais alta qualidade e normalmente ser obtida desde fora da propriedade, o uso de eletricidade normalmente implica um dreno de capital importante (RODRIGUES; CAMPANHOLA; KITAMURA, 2003).

Devido à crescente demanda de equipamentos portáteis, houve a necessidade de prover mobilidade e autonomia energética descentralizada, que convergiu para a ampla utilização de baterias elétricas. Com isso, esbarra-se na necessidade de carregamento das baterias, e geralmente se faz por processos que utilizam a distribuição convencional centralizada, ou seja, das empresas de distribuição de energia. A alternativa para este processo é a transformação de energia cinética verde em eletricidade para o carregamento das baterias.

A energia solar tem papel predominante e revolucionário no setor energético. O sistema fotovoltaico possibilita que a geração de energia e que possa ser utilizada em locais de difícil acesso a rede elétrica (RABUSKE, 2019).

 

4.      CONCLUSÃO

A telemetria traz resultados precisos aos profissionais do agronegócio e proporciona maior precisão na coleta de dados para análise e tomada de decisões cada vez mais assertivas e possível programação dos equipamentos envolvidos na cadeia de produção.

Atualmente o maior desafio na agropecuária é a utilização da tecnologia para o aumento da produção e lucro sem a ampliação das áreas utilizadas, a utilização dos insumos de forma eficiente e diminuição de desperdícios. Por conseguinte, há um aumento da demanda e oportunidades para inovações na área de TIC. O desenvolvimento das tecnologias direciona o setor agropecuário para novas TICs com a utilização da Inteligência Artificial e Robótica.

O cenário atual do Agro 4.0, que movimentou em torno de R$ 481,8 bilhões, demanda de novas tecnologias diante das crescentes necessidades de alimento pelo mundo. A cada dia surgem novas oportunidades para o aperfeiçoamento e desenvolvimento das tecnologias para suporte as operações do agronegócio. Percebe-se que é um cenário promissor para o desenvolvimento de novos profissionais para trabalhar na área.

 


 

5.      REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

1.      ALONÇO, A. S. Desenvolvimento de um veículo aéreo não tripulado (VANT) para utilização em  atividades  inerentes  à  agricultura  de  precisão.  In:  CONGRESSO  BRASILEIRO  DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, 35, 2005.

2.      ANAC, 2019. Perguntas Frequentes/Drones. Disponível em: https://www.anac.gov.br/perguntas-frequentes/drones/aeronaves/o-que-sao-drones.

3.      ASSAIANTE, B. A. de S.; CAVICHIOLI, F. A. A UTILIZAÇÃO DE VEÍCULOS AÉREOS NÃO TRIPULADOS (VANT) NA CULTURA DA CANA-DE-AÇÚCAR. Revista Interface Tecnológica, 2020. DOI: 10.31510/infa.v17i1.804. https://revista.fatectq.edu.br/index.php/interfacetecnologica/article/view/804.

4.      BRASIL - PIB do setor agropecuário cresce 1,3% em 2019. (2020). https://www.gov.br/pt-br/noticias/financas-impostos-e-gestao-publica/2020/03/pib-do-setor-agropecuario-cresce-1-3-em-2019

5.      EMBRAPA - NASA confirma dados da Embrapa sobre área plantada no Brasil - 2017 < https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/30972114/nasa-confirma-dados-da-embrapa-sobre-area-plantada-no-brasil>.

6.      MASSRUHÁ, Silvia Maria Fonseca Silveira e LEITE, Maria Angelica de Andrade.  AGRO 4.0 – RUMO À AGRICULTURA DIGITAL, EMBRAPA - Embrapa Informática Agropecuária , 2017, https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1073150/agro-40---rumo-a-agricultura-digital.

7.      MATTOS, Alessandro Nicoli de. Telemetria e conceitos relacionados Uma visão geral dos sistemas de telemetria com ênfase em aplicações aeroespaciais. São José dos Campos, SP - Brasil 2004. sob Licença Creative Commons Atribuição-“Uso Não-Comercial-Compartilhamento pela mesma Licença” 2.5 Brasil. emailware: telemetriaeconceitos@gmail.com

8.      RABUSKE, Rodrigo; FRIEDRICH, Laercio Rogério; FONTOURA, Fernando Batista Bandeira da - ANÁLISE DA VIABILIDADE PARA IMPLANTAÇÃO DE ENERGIA FOTOVOLTAICA COM UTILIZAÇÃO PARA SOMBREAMENTO DE ESTACIONAMENTO – Estudos do CEPE 2018, pp.36-48 Disponível em: <https://doaj.org/article/ f457dc24d4ff413caae5d3033e23e901 ?gathStatIcon=true Acesso em: 11 de out. 2019.

9.      RAHMAWAN, Arief; MUSLIH, Mohammad; ARROSI, Jarman; RIFIANTO, Dwi; NURIZ, Adib Fuadi. Towards Industry 4.0: Determining Agro-industrial Technology. Graduate Competencies in Higher Education. University of Darussalam Gontor, Ponorogo, Indonesia -2019.

10.  RIBEIRO, Josiana Gonçalves; MARINHO, Douglas Yusuf; ESPINOSA, Jose Waldo Martínez. Agricultura 4.0: desafios à produção de alimentos e inovações tecnológicas. In: SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO. 2018. p. 1-7.

11.  RODRIGUES, Geraldo S; CAMPANHOLA, Clayton; KITAMURA, Paulo Choji, . Avaliação de impacto ambiental da inovação tecnológica agropecuária: ambitec-agro- Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente, 2003. 95p.-- (Embrapa Meio Ambiente. Documentos, 34).

12.  ZAMBON, I.; CECCHINI, M.; EDIGI, G.; SAPORITO, M. G. & COLANTONI, A. (2019). Revolution 4.0: Industry vs. Agriculture in a Future Development for SMEs. Processes, 7(1), 36.

13.  ZAPAROLLI, D; Agricultura 4.0.RevistaPesquisa FAPESP. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/2020/01/02/agricultura-4-0/. Acesso em:10 mar. 2020.


sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

MAÇONARIA E TEMPLARISMO: De Bernardo de Claraval ao Cavaleiro Kadosh

Por Arthur Feitosa Vieira Monteiro, 18/07/2018

Cavaleiro Kadosh


INTRODUÇÃO
Quaisquer assuntos que envolvam os Templários promovem uma atenção especial, devido ao romantismo das histórias da Cavalaria e Igreja Católica que foi envolvida em muitas lutas e mistérios.
Registros iniciais dos Templários foram encontrados por volta do ano de 1118 d.C. e estavam diretamente ligados a utilização das instalações do antigo Templo construído pelo Rei Salomão. Da mesma forma como surge a Ordem é extinta, sem deixar rastros.
A maior referência, quando se trata da estruturação da Ordem dos Templários foi o Abade Bernard de Claraval.

BERNARDO DE CLARAVAL
Patrono dos Templários, foi um abade francês do século XII, da Ordem de Cisterciense – Ordem Beneditina Reformada, estruturou regras para a Ordem dos Templários. Encarregado pelo Papa para pregar a segunda cruzada, arregimentou uma grande multidão.
O uso da violência incentivado pelo Papa foi defendido por São Bernardo, abade de Clairvaux, o qual refutou as críticas dos clérigos ortodoxos, segundo as quais o derramamento de sangue era vedado àqueles que desejassem ingressar em ordem clerical. Eis a sua exortação dirigida aos Cavaleiros do Templo:
"Na verdade, os cavaleiros de Cristo travam as batalhas para seu Senhor com segurança, sem temor de ter pecado ao matar o inimigo, nem temendo o perigo de sua própria morte, visto que causando a morte, ou morrendo quando em nome de Cristo, nada praticam de criminoso, sendo antes merecedores de gloriosa recompensa. Assim, sendo, por Cristo! E então, Cristo será alcançado. Aquele que em verdade, provoca livremente a morte de seu inimigo como um ato de vingança mais prontamente encontra consolo em sua condição de soldado de Cristo. O soldado de Cristo mata com segurança e morre com mais segurança ainda. Serve aos seus próprios interesses ao morrer e aos interesses de Cristo ao matar! Não é sem razão que ele empunha a espada! É um instrumento de Deus para o castigo dos malfeitores e para a defesa do justo. Na verdade, quando mata um malfeitor, isso não é um homicídio, mas um malicídio e ele é considerado um carrasco legal de Cristo contra os malfeitores." (SILVA, 2001)
São Bernard teve fundamental importância no desenvolvimento da Ordem dos Templários, pois a ampla experiência com a Ordem de Cisterciense proporcionou a estruturação e determinação em reestabelecer a segurança dos caminhos dos peregrinos à Jerusalém, além do combate armado aos mulçumanos. A herança da tradição das vestes dos Templários veio da doação da túnica branca que era utilizada por Bernard na Ordem Cister.
Bernard foi, de fato, o autor da Regra dos Templários – que foi baseada na de Cister – e foi um dos seus protegidos quem, como papa Inocêncio II, declarou, em 1139, que os Cavaleiros apenas seriam responsáveis perante o papado a partir daquela data. Como as Ordens dos Templários e de Cister evoluíram em paralelo, pode discernir-se alguma coordenação deliberada entre elas – por exemplo, o suserano de Hugues de Pay ens, o conde de Champagne, doou a S. Bernardo as terras de Clairvaux, em que ele construiu o seu « império» monástico. E, de modo significativo, André de Montbard, um dos nove Cavaleiros fundadores, era tio de Bernardo. Tem sido sugerido que os Templários e os cistercienses atuavam em conjunto, segundo um plano pré-estabelecido, para dominar a Cristandade, mas esse plano nunca teve êxito. .(PICKNETT e PRINCE, 2007)

Foi no Concílio de Tryes em 1128 que a Ordem Templária foi reconhecida como uma ordem militar e religiosa:
Graças ao apoio bem-sucedido de São Bernardo, em janeiro de 1128, o Concílio de Troyes reuniu-se com o objetivo de analisar as pretensões de Hugo de Payns e de André de Montbard. Entre os membros do Concílio contavam-se, entre outros, Bernardo, o abade de Clairvaux, o núncio do papa e os arcebispos de Reims e Sens. Precisamente pela decisão dessas personalidades da Igreja por ordem do Papa Honório e de Estêvão, patriarca de Jerusalém, foi criada uma norma como diretriz de atuação para a Ordem, sendo-lhes atribuído o hábito branco. Esse foi o melhor apoio que a Ordem poderia receber, na Idade Média, porque ela deixou de ser Plano da Jerusalém latina; o Plano de Cambrai, 1150 uma organização clandestina para ganhar notoriedade e reconhecimento pela Igreja Católica. (SILVA, 2001)

O Templo de Salomão foi a materialização de um sonho do Rei David por intermédio do seu filho Rei Salomão. O primeiro Templo destruído pelo Rei Nabucodonosor por volta de 587 a.C. e no século VI a.C foi reconstruído.
O Templo de Salomão mantém profundas ligações com a Ordem Templária, pois além de abrigar a Ordem, empresta o seu nome, conforme registro:
Em 1118, juntamente com Godofredo de Saint-Omer, outro valoroso cavaleiro, resolveram fundar uma ordem religiosa e militar conhecida por Pauperes Commilitiones Christi Templique Salomonis, ou seja, "Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão", e passaram a ser chamados sucessivamente de "Os Pobres Soldados de Jesus Cristo e do Templo de Salomão", "Os Cavaleiros do Templo de Salomão", "Os Cavaleiros do Templo", "Os Templários", e finalmente "O Templo". Adotaram a divisa Non nobis, Domine, non nobis sed nomini tuo da gloriam, "Não para nós, Senhor, não para nós a glória, mas só em teu Nome". (SILVA, 2001)

A extinção da Ordem dos Templários pelo Papa Clemente V e executada pelo Rei Frederico , o Belo, em 1307, foi praticamente testemunhada por um dos maiores poetas nascido na Itália no século XIII, Dante Alighieri que escreveu a obra “A Divina Comédia”. Dante possuia o título de Cavaleiro Kadosh no FSKIPFT, o antigo "Fidei Sanctae Kadosh Imperialis Frater Templário Principado", uma ordem de parentesco dos Templários; Como muitos iniciados de seu tempo, ele expressou mensagens filosóficas e culturais usando um código, a fim de proteger essas mensagens pelas autoridades, proibindo o livre pensamento e a expressão.
Mais notável, no entanto, é a ligação que Dante e os seus colegas místicos apresentam com os Templários. Foi um dos seus mais entusiásticos apoiantes, mesmo após a sua extinção, quando era desaconselhável estar ligado a eles. Na sua Divina Comédia, Dante estigmatiza Filipe, o Belo, como o « novo Pilatos» , pelos seus atos contra os Cavaleiros. O próprio Dante é considerado como tendo sido membro de uma ordem Templária terciária, denominada La Fede Santa. Estas ligações são demasiado sugestivas para serem ignoradas – talvez Dante não fosse a exceção, mas a regra, dos Templários, que estavam envolvidos num culto do amor.(PICKNETT e PRINCE, 2007)

O Título de Cavaleiro Kadosh é encontrado na maçonaria no 30º grau do Rito Escocês Antigo e Aceito. No ritual encontra-se a origem do grau, e sua história assemelha-se a mesma confusão na interpretação do grau Rosa Cruz com os Rosa Cruzes Alquimistas do século XVII, da mesma forma o grau 30 quando cita a abreviatura Cavaleiro “T.” (de Teutônicos) e foi interpretado como Cavaleiro Templário.
Posteriormente foi atribuído ao grau de vingança e a comemoração da abolição dos Cavaleiros do Templo e o suplício de Jacobus Burgundus Molay, seu último Grão-Mestre, que pereceu como mártir nas chamas, a 18 de março de 1314, tendo como seus algozes Filipe o Belo e do Papa Clemente V Responsáveis pela sua extinção e morte dos seus líderes. De outra forma a Maçonaria Templária Alemã tratava da lembrança em reclamar seus bens invadidos e roubados pela Ordem dos Cavaleiros de Malta.
Na maçonaria, em especial no Brasil, podemos encontrar referências sobre os Cavaleiros Templários em vários ritos e graus.
No Rito Escocês Antigo e Aceito encontramos parte da história e da lenda Templária nos rituais do grau 30 do Cavaleiro Kadosh ou Cavaleiro da Águia Branca e Negra. O Grau de Cavaleiro encerra a máxima da Razão e da Virtude.
No Rito Escocês Retificado foi criado a partir da reforma da Estrita Observância Templária, surge como um rito de essência cristã que porta apenas os valores morais das ordens Templárias.
Nas Ordens de Aperfeiçoamento Maçônico encontra-se a Ordem dos Cavaleiros Templários, herança direta das tradições transmitidas diretamente pela Grande Loja da Inglaterra.
No Rito de York contempla em seu último estágio o Grau de Cavaleiro Templário.

CONCLUSÃO
Os assuntos e ritos Templários são envoltos em lendas e mistérios, rememoram as tradições Templárias nos seus aspectos místicos e morais.
A Ordem Templária sempre presente na história do Brasil com seus símbolos, acima de tudo, é uma ordem de caráter ecumênica, não faz distinção de raça, credo, nacionalidade e de estirpe, respeitando em qualquer caso, as leis e as tradições de todos os povos e de todos os países por onde estendem suas atividades. Espera-se que os maçons brasileiros absorvam da melhor forma os ensinamentos contidos nos rituais templários, e que seja crítico em identificar as distorções históricas e lendas que são amplamente cultuadas aqui no Brasil.
A maçonaria brasileira mantém as tradições morais dos Cavaleiros Templários nos seus principais ritos tradicionais históricos e praticados para que o maçom possa experienciar as doutrinas para a grande batalha interna individual e colocar em ação os valores morais, aliás, a ação é uma prerrogativa da cavalaria.

REFERÊNCIAS

— CARVALHO, William Almeida de - História da Maçonaria: Das Origens Corporativas à Maçonaria Moderna – Distrito Federal – UnyLeya, 2017.
— PICKNETT, Lynn; PRINCE, Clive - A REVELAÇÃO DOS TEMPLÁRIOS: Os Guardiões Secretos da Verdadeira Identidade de Cristo. Tradução de Adriano José Sandoval. São Paulo: Editora Planeta – 2007
— Ritual do Grau 30 do Supr. Cons. do Brasil do Grau 33 para o R.E.A.A
— SILVA, Pedro - História e mistérios dos templários – Rio de Janeiro: Ediouro, 2001.

Hermes Trimegisto e a nobreza oculta da verdadeira sabedoria dos maçons operativos e especulativos

Por Arthur Feitosa Vieira Monteiro, 18/07/2018


Hermes Trimegistos


INTRODUÇÃO
A dissociação de Hermes Trimegistus das doutrinas iniciáticas ou esotéricas torna-se quase inconcebível, pois geralmente os ensinamentos fazem referência direta ou indireta aos princípios Herméticos.
No arrasto, a maçonaria operativa e especulativa, ao longo do tempo, com suas conformações, adaptações e diversificação de ritos também incorpora de forma sutil parte dos ensinamentos deixados por Hermes Trimegistus.
De um lado temos registros históricos dos procedimentos operativos e de outro lado textos e poemas que ressaltam lendas e mitos sem comprovação documental sobre as características da maçonaria nas suas origens. Como percebe-se a relação da maçonaria com estes ensinamentos de sabedoria? Será que as tradições se utilizam de conhecimentos e histórias verídicas?

MAÇONS OPERATIVOS E ESPECULATIVOS
A maçonaria configura-se inicialmente como associação de pedreiros livres, formadas por construtores oficiais na Europa para os Reis e para a da Igreja Católica Apostólica Romana. Com o progresso das associações de maçons operativos conforme Prof Luiz Gonzaga:
Os maçons têm, por hábito, procurar as raízes históricas profundas da maçonaria. Chegam buscar suas origens na Carta de Bolonha. É o mais antigo documento comprovadamente maçônico no mundo, conhecido como “Carta de Bolonha” e data de 1248. Seu nome original é “Statuta et Ordinamenta Societatis Magistrorum Tapia et Lignamilis”. Foi redigido originalmente em latim por um escrivão público, sob ordem do Prefeito de Bolonha, Bonifaci di Cario, no dia 08 de Agosto de 1248. Em seu conteúdo fica claro que essa Maçonaria Operativa Italiana já era tradicional, antiga, contendo sólida estrutura e hierarquia, bem anterior à data de registro da Carta. (ROCHA, 2017, p.. 89)

A História da Maçonaria conta com tradições Operativas e Especulativas. Segundo o paradigma de Gould, que é amplamente divulgado no Brasil, a maçonaria operativa tornou-se especulativa quando passou a aceitar homens que não participavam como operários da construção, ou seja, pedreiros. Já as tradições originais e operativas estão alicerçadas em textos que produzem uma ordem nas relações entre os operários construtores, na forma de estatutos. Regras, histórias e lendas fazem parte de alguns textos antigos pertencentes a maçonaria operativa tais como Carta de Bolonha, Manuscrito Regius e Manuscritos de Cooke.
Inicialmente como associação de pedreiros livres, formadas por construtores oficiais na Europa para os Reis e para a da Igreja Católica Apostólica Romana traziam conhecimentos de Geometria e as suas técnicas eram amplamente utilizadas nas construções, conforme o Manuscrito Regius é datado em cerca do ano de 1390 d.C:
A Maçonaria, nele, é conhecida como Geometria; o Poema Régio não faz menção ao Templo de Salomão e nem a Hiram Abif. Destaca dois personagens: Euclides, o geômetra grego alexandrino do século III a.C. e Noé bíblico; (guarda similaridades com a Constituição de Anderson). Relata que o grêmio estabeleceu-se em York, em 926, sob o patrocínio do Príncipe Edwin, irmão, meio irmão ou sobrinho do rei Atelsthan. (GUIMARÃES, 2017, p.38).
Segundo o Prof. Luiz Gonzaga Rocha, ao final da sua obra Ciência, Artes e Literatura Maçônica, chama a atenção para a leitura obrigatória dentre as quais consta o Manuscrito Regius.
Quando a maçonaria foi caracterizada como especulativa, os instrumentos e símbolos foram utilizados à época foram incorporados aos seus rituais para reflexão dos maçons. O objetivo principal dos símbolos é que o maçom medite em cada um ou em combinações deles para a busca constante do conhecimento e auto aperfeiçoamento moral. Percebe-se que as doutrinas maçônicas facilitam o caminho para alcançar a sabedoria.


HERMES TRIMEGISTO
Hermes Trimegistus ou Hermes, três vezes grande, é conhecido como um filósofo que viveu na região de Nines por volta de 1500 a 2500 a.C. Devido a complexidade e aspectos dos ensinamentos restritos a pequenos grupos, sobre a transformação do ser humano, até hoje tradições alquimistas utilizam o termo hermético como algo fechado.
Mas entre estes Grandes Mestres do antigo Egito, existiu um que eles proclamavam como o Mestre dos Mestres. Este homem, se é que foi verdadeiramente um homem, viveu no Egito na mais remota antiguidade. Ele foi conhecido sob o nome de Hermes Trismegisto. Foi o pai da Ciência Oculta, o fundador da Astrologia, o descobridor da Alquimia. Os detalhes da sua vida se perderam devido ao imenso espaço de tempo, que é de milhares de anos, e apesar de muitos países antigos disputarem entre si a honra de ter sido a sua pátria. A data da sua existência no Egito, na sua última encarnação neste planeta, não é conhecida agora mas foi fixada nos primeiros tempos das mais remotas dinastias do Egito, muito antes do tempo de Moisés. As melhores autoridades consideram−no como contemporâneo de Abraão, e algumas tradições judaicas dizem claramente que Abraão adquiriu uma parte do seu conhecimento místico do próprio Hermes.
Depois de ter passado muitos anos da sua partida deste plano de existência (a tradição afirma que viveu trezentos anos) os egípcios deificaram Hermes e fizeram dele um dos seus deuses sob o nome de Thoth. Anos depois os povos da Antiga Grécia também o deificaram com o nome de Hermes, o Deus da Sabedoria. Os egípcios reverenciaram por muitos séculos a sua memória, denominando−o o mensageiro dos Deuses, e ajuntando−lhe como distintivo o seu antigo título Trismegisto, que significa o três vezes grande, o grande entre os grandes. (CAMAYSAR, 1978)
A mais importante obra deixada por Hermes Trimegistus é o Caibalion, corruptela grega da palavra cabala, trata de sete princípios universais, ou chamados de leis herméticas a seguir:
  1. Lei do Mentalismo: O Todo é Mente; o Universo é mental;
  2. Lei da Correspondência: O que está em cima é como o que está embaixo. O que está dentro é como o que está fora;
  3. Lei da Vibração: Nada está parado, tudo se move, tudo vibra;
  4. Lei da Polaridade: Tudo é duplo, tudo tem dois pólos, tudo tem o seu oposto. O igual e o desigual são a mesma coisa. Os extremos se tocam. Todas as verdades são meias-verdades. Todos os paradoxos podem ser reconciliáveis;
  5. Lei do Ritmo: Tudo tem fluxo e refluxo, tudo tem suas marés, tudo sobe e desce, o ritmo é a compensação;
  6. Lei do Gênero: O Gênero está em tudo: tudo tem seus princípios Masculino e Feminino, o gênero manifesta-se em todos os planos da criação;
  7. Lei de Causa e Efeito: Toda causa tem seu efeito, todo o efeito tem sua causa, existem muitos planos de causalidade mas nada escapa à Lei;
Embora os princípios herméticos sejam amplamente utilizados como base esotérica, O Mito de Hermes Trimegistus foi desmascarado quando em 1610, Jaime solicitou um estudo crítico sobre Annales ecclesiastici, de Baronius, no qual se assenta o ataque dirigido à lenda a venerável antiguidade da Hermética a Issac Caubon, erudito na história da Igreja, conforme citado por (WILLIAM, 2017):
O desmascaramento de Hermes Trismegistos foi feito na obra inacabada, pois faleceu antes de finalizá-la, de Casaubon – De rebus sacris et ecclesiasticis exercitationes XVI – um comentário eruditíssimo àquela obra de Baronius: Annales ecclesiastici. Casaubon afirma que os textos atribuídos a Hermes Trismegistos foram forjados nos tempos dos primeiros cristãos, a fim de tornar a nova doutrina agradável aos gentios. Seriam de autoria de cristãos ou neo-platônicos semi-cristãos; falsificações feitas com bons propósitos, mas detestáveis porque inverídicas historicamente. Possivelmente houvesse uma pessoa real, concede ele, de grande antiguidade chamada Hermes Trismegistos, mas que não pode ter sido o escritor das obras a ele atribuídas. Elas não contêm as doutrinas de um antigo egípcio; são em parte, escritos de Platão e dos platônicos, e em parte, de livros sagrados cristãos. O Pimandro contém ecos de Platão, particularmente do Timeu; do Gênese; e do Evangelho segundo São João. As Potestades, no Corpus hermeticum XIII, lembram a Epístola de São Paulo aos romanos. Muitos hinos provêm de antigas liturgias, particularmente as de São João Damasceno, ou dos Salmos. Os tratados sobre a ‘regeneração’ são insinuados por São Paulo; por Justino, o Mártir; por Cirilo; por Gregório Nazianzeno e outros.
A citação de Fídias e os jogos pítios, inexistentes nas priscas eras, e finalmente o estilo, são a pedra de cal final no desmascaramento de Hermes Trismegistos.
Pelo exposto, pensamos poder, agora, resgatar e estudar o pensamento dos escritos neo-platônicos, atribuídos a Hermes Trismegistos (WILLIAM, 2006, p.71).

INVENÇÕES E TRADIÇÕES MAÇÔNICAS
Ao retornarmos à introdução, chama-se a atenção a reflexão sobre os registros históricos dos procedimentos operativos, textos e poemas que ressaltam lendas e mitos sem comprovação documental sobre as características da maçonaria. Deve-se ter o cuidado e atenção para não utilizar-se de elementos antigos para comprovação da origem das tradições.
Mais interessante, do nosso ponto de vista, é a utilização de elementos antigos na elaboração de novas tradições inventadas para fins bastante originais. Sempre se pode encontrar, no passado de qualquer sociedade, um amplo repertório destes elementos; e sempre há uma linguagem elaborada, composta de práticas e comunicações simbólicas. As vezes, as novas tradições podiam ser prontamente enxertadas nas velhas; outras vezes, podiam ser inventadas com empréstimos fornecidos pelos depósitos bem supridos do ritual, simbolismo e princípios morais oficiais - religião e pompa principesca, folclore e maçonaria (que, por sua vez, é uma tradição inventada mais antiga, de grande poder simbólico). (HOBSBAWM, 1984,p. 14)


CONCLUSÃO

Nos principais ritos praticados no Brasil, os rituais das iniciações mantêm características esotéricas pertinentes a conceitos alquímicos para simbolicamente realizar a transformação do homem comum em um novo homem com a atenção voltada para a iluminação.
Mesmo com a desconstrução do mito de Hermes Trimegistus é precipitado desconsiderar os princípios que são utilizados em vários segmentos da sociedade, em especial na atualidade pela física quântica.
A maçonaria em sua doutrina faz com que o maçom busque incessantemente o aperfeiçoamento moral e em consequência trata da alma humana com os seus símbolos que trazem informações desde a sua organização em 1717, deixa claro que não é permitida discussões religiosas, embora incentive os estudos e discussões sobre diversos temas e em especial a transformação da pedra bruta na pedra lapidada, ou seja, na lapidação moral do homem. E por que não utilizar as leis ou princípios Herméticos como ferramenta para essa transformação alquímica, da pedra bruta em lapidada? Com isso a maçonaria evidencia a sabedoria quando se utiliza de conhecimentos antigos compilados em  símbolos e alegorias para transformar o homem em um ser humano melhor.


REFERÊNCIAS
— ROCHA, Luiz Gonzaga– História da Maçonaria: Contextualidade e Ação da Maçonaria na Política Mundial – UnyLeya, 2017.
— GUIMARÃES, João Francisco – História da Maçonaria: Consolidação, Expansão e Conflitos Institucionais – Distrito Federal – UnyLeya, 2017.
— HOBSBAWM, Eric . A invenção das tradições. – Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984.
— CARVALHO, William Almeida de -  História da Maçonaria: Das Origens Corporativas à Maçonaria Moderna – Distrito Federal – UnyLeya, 2017.
— CAMAYSAR, Rosabis -  O Caibalion – São Paulo - Editora Pensamento -1978

terça-feira, 27 de novembro de 2018

Prevalência do Espírito sobre a Matéria

Por Arthur Feitosa Vieira Monteiro, 18/09/2017


foto: Arthur Monteiro

A maçonaria propõe que uma das missões do maçom, seja a utilização das ferramentas para lapidação de pedras com o objetivo da construção de um templo. Sugere-se que este templo seja o templo interior do maçom que servirá para o abrigo do seu espírito quando aperfeiçoado. A Bíblia nos traz dois versículos que tratam o homem como um templo: em Corítios 2 6:16 - E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. E em Romanos 8:9 - Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.
A referência dos dois versículos bíblicos, reforça o entendimento que, uma vez o maçom ao lapidar as pedras para construção do seu templo interior, guiados pelo espírito, faz com que o processo de aperfeiçoamento de cada pedra seja a sua construção do caráter. A consequência deste trabalho é que o espírito se torne um Cristo, um Ungido.
Caso o espírito for dominado pela matéria, no caso as pedras, os interesses certamente não aperfeiçoarão o caráter. A sobrevalência do espírito sobre a matéria não a descarta. Pois a matéria é extremamente necessária para a manifestação e subsistência do espírito neste plano material. Os alimentos, os prazeres, a riqueza material faz muito bem ao espírito, desde que, o espírito mantenha o controle.
O Bhagavad Gita nos traz um diálogo de Krishna, a Suprema e Absoluta Personalidade de Deus com o Seu discípulo Arjuna no campo de Batalha. Em analogia aos ensinamentos maçônicos pode-se observar que este campo de batalha é interno no corpo ou na mente humana. Arjuna (espírito) fica confuso com a habitação na matéria e recebe a iluminação diretamente do Senhor Krishna com a instrução da ciência da auto-realização. (iniciação e evolução/instrução maçônica) .
Para que este templo seja preparado para habitação do Espírito Santo, ou seja, o aprimoramento do espírito pela formação do caráter, é sugerida uma batalha de Arjuna com os seus antigos primos e conhecidos os Pandavas e Kurawas. Sendo assim os desafios dos jogos propostos poderão representar os defeitos e vícios do caráter do espírito em justaposição a matéria.
O Bhagavad Gita traz em alguns versos os conceitos básicos que a maçonaria propõe a ser lapidado pelo maçom:
·A Sabedoria Espiritual consiste em; modéstia, sinceridade, inocência, paciência, retidão, respeito para com os superiores, castidade, constância, domínio de si próprio. (BG 13,8)
·Ausência de sensualidade, ausência de orgulho e vaidade, conhecimento dos males de nascimento e morte, velhice, doença e sofrimentos. (BG 13,9)
·Ela ensina a libertar-se dos vínculos pessoais entre o possuidor da sabedoria e sua mulher, seus filhos, sua casa. Dá constante eqüaninidade e tranqüilidade de espírito, tanto na ventura como na desventura. (BG 13,10)
·Ensina a verdadeira adoração e devoção, o auto-isolamento do mundo profano e a abstinência de divertimentos mundanos. (BG 13,11)
· Além disso, o amor a Deus, a persistência no verdadeiro conhecimento e a meditação sobre a verdade. Isto é chamado, pelos filósofos, Jñana, o conhecimento; o contrário é Ajñána, a ignorância; tudo o mais é ignorância. (BG 13,12)

O aperfeiçoamento espiritual também compreende as várias interpretações das religiões e filosofias. As vezes utilizando-se a matéria e em outras dispensando-se a matéria. Com estes simples aspectos apresentados, a maçonaria trata a questão do aperfeiçoamento espiritual, utilizando-se a matéria como ferramenta para aperfeiçoamento do caráter, para construção do templo, com objetivo de confortar um espírito mais evoluído em decorrência deste trabalho.
Sendo a prevalência do espírito sobre a matéria o princípio básico da maçonaria, por mais simples que seja ou pareça, esta coluna se abalada ou removida poderá provocar o desmoronamento de toda a estrutura maçônica e sua reconstrução sem esta coluna será praticamente impossível.

REFERÊNCIAS:
- LORENZ,  Francisco Valdomiro, BHAGAVAD GÎTÂ - A MENSAGEM DO MESTRE - Editora Pensamento - São Paulo-SP, 2006
- www.bibliaonline.com.br - Acessado em 18/01/20117


sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Direitos do Homem, Direitos Individuais e Liberdades Fundamentais conjugados aos temos Liberdade, Igualdade e Fraternidade no campo do interesse maçônico


Por Arthur Feitosa Vieira Monteiro, 01/09/2017

Declaração dos Direitos Humanos e do Cidadão 1789

INTRODUÇÃO
O tema deste trabalho aborda os Direitos do Homem, Direitos Individuais e Liberdades Fundamentais conjugados aos temos Liberdade, Igualdade e Fraternidade no campo do interesse maçônico.

Para melhor aproveitamento, o presente trabalho requer uma noção básica do 5° artigo da Constituição Federal de 1988, da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789, dos Landmarks Maçônicos e Legislação específica das Potências Maçônicas.

A partir da organização das lojas maçônicas, em 1717, com a fundação da Grande Loja de Londres, houve a necessidade da criação de regras pétreas chamadas de Landmarks para a maçonaria universal, sendo o mais utilizado os de Albert Mackey, que assegura o direito individual e social do maçom. A maçonaria Brasileira, em especial o Grande Oriente do Brasil no Artigo 1° da sua Constituição, declara que os seus fins supremos são: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Buscaremos a simbiose entre os direitos do homem e suas liberdades com a legislação que assegurou os direitos em 1786, legislação atual do Brasil e legislação maçônica em especial do Grande Oriente do Brasil, obediência primaz.

CONSTITUIÇÃO CIDADÃ BRASILEIRA DE 1988
Constituição é a Lei fundamental que regula os direitos e deveres do cidadão em relação ao Estado (BUNEO, 2007).

Durante o Regime Militar de 1964-1985 foram restringidas as garantias dos direitos individuais e sociais, ou seja, restrição de garantias fundamentais para atender a segurança nacional imposta pelos militares.

Durante o processo de abertura política houve a necessidade da redemocratização do país, e a melhor forma seria uma nova Constituição Federal, finalizada em 1988. A Constituição Cidadã, assim denominada, evidenciou as garantias dos direitos fundamentais e tentativas de golpes de quaisquer naturezas.

Houve a preocupação de após detalhar os fundamentos da República Federativa do Brasil, e priorizar os aspectos dos Direitos e Garantias Fundamentais do Cidadão, para em seguida tratar dos outros aspectos de relação do estado com a sociedade, segundo (POLETTI, 2009, p. 19):

A colocação da matéria dos direitos e garantias no início da Constituição revela a preocupação com a declaração solene desses direitos. Antes, eles apareciam, na tradição do Direito Constitucional brasileiro, depois das normas de organização do Estado. Rimam com a dignidade da pessoa humana (art, 1°, III). A ideia de "direitos" vincula-se ao direito material, enquanto as "garantias", ao direito instrumental. As garantias são instrumentos para a concreção dos direitos e revelam um dos pontos relevantes da Constituição de 88, dirigido a seu cumprimento, evitando-se que a Carta se transforme em mera declaração, retórica sem eficácia. A Declaração de Direitos, como já assinalado, representa um dos dogmas liberais: limitação aos poderes do Estado, limite ao Governo, como órgão do poder. Seu fundamento, do prisma individual, está na concepção do direito natural, direito anterior à formação da sociedade política pelo contrato social (=hipótese racional para garantir as situações particulares e os direitos individuais). Sintomático, portanto, estar a declaração no começo da Constituição, salientando-se, como diz Nuno Rogeiro, a "dupla vertente de técnica jurídica de limitação do poder do Estado e de afirmação de um 'espaço pessoal' na existência política".

O 5° artigo assegura o cidadão como ponto central da legislação do estado, que garante o direito: da integridade física, da Vida, da Integridade Pisíquico-Moral e da Honra, da expressão religiosa, dentre outros.

DIREITOS DO HOMEM, INDIVIDUAIS E LIBERDADES FUNDAMENTAIS
A declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (Anexo I) surgiu em decorrência da Revolução Francesa de 1789 e inspirados nos pensamentos iluministas.

Inicialmente a Declaração assegura ao homem a Liberdade e Igualdade em Direitos. Em seguida define-se o conceito de Liberdade que converge para que as ações não prejudique o próximo, pois gozam dos mesmos direitos. Em seguida proíbe a coação ao cidadão. As acusações, prisões ou detenções tem que estar amparada pela lei. Assegura a Liberdade de ideias e opiniões. Promove uma força pública para assegurar estes direitos. A liberdade do cidadão é o fator central do Direito Fundamental de acordo com (SILVA, 2017):

As liberdades, representantes da 1ª. Geração de Direitos Fundamentais, são entendidas como o direito dos cidadãos a possuir uma esfera jurídica de não intromissão dos Poderes Públicos.  Leia-se o inciso II do artigo 5º. da Constituição Federal de 1.988 : “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei”. Trata-se exatamente da consagração dessa versão, ou seja,  “facultas ejus, quod facere licet, nisi quid jure prohibet”. As liberdades assim definidas podem ser divididas em quatro grandes grupos, quais sejam: a liberdade da pessoa física (liberdades de locomoção, de circulação); a liberdade de pensamento (opinião, religião, informação, artística, comunicação); liberdade de expressão coletiva (reunião, associação); e liberdade de conteúdo econômico e social (livre iniciativa, autonomia contratual e liberdade de ensino e trabalho).

Observa-se que a maioria dos países pertencentes às Nações Unidas adota a Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada em 1948, que assegura os direitos humanos básicos. Tais direitos estão assegurados na Constituição Federal de 1988 nos artigos: 5° que promove a igualdade perante a lei: A Vida, A Liberdade, a Igualdade, a Segurança e a Propriedade. Do Artigo 6° ao 11° trata dos direitos sociais tais como: Educação, saúde, alimentação, trabalho, moradia, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância, assistência aos desamparados e transporte. Do artigo 12° e 13° assegura-se a nacionalidade, idioma oficial, bandeira, hino, armas e selos, a garantia das demais esferas para adoção de símbolos próprios. Do artigo 14° ao 16° trata da soberania e direitos políticos e processos eleitorais.

O papel do Estado é o da garantia aos Direitos do Homem e assegurar os princípios fundamentais para a vida do ser humano, d os direitos individuais sem discriminação, de acordo com Jesus Filho e Rocha (2017, p.30):

O Estado social de direito tem por pressuposto ético a necessidade de defender os direitos humanos, ao menos das três primeiras gerações, com o qual a exigência que apresenta é uma exigência ética de justiça e proteção à ação individual, permitindo a efetivação dos direitos humanos. Melhor dizendo, ou dito com outras palavras, a presença do Estado é necessária não só para manter a segurança e proteger a ação individual, mas para permitir a efetivação dos direitos humanos.

A Constituição Federal, complementarmente, assegura a criação códigos que reúnem, em uma única Lei, normas de um mesmo ramo do direito; estatutos e leis complementares para compor assegurar os direitos individuais e coletivos a exemplo do Estatuto da Criança e do Adolescente e Estatuto do Idoso.

LANDMARKS MAÇÔNICO
O dicionário Woxikon traduz a palavra Landmark como um ponto de referência, um marco, uma baliza ou um limitador. Temos também os significados de marca de terra, limites, lindes, divisas, fronteiras.

Na maçonaria universal, encontramos muitas compilações de Landmarks e diversos autores, dos quais (MELO, 2017) destaca: Robert Morris, J.G. Findel, H. Roscoe Pound, H. B. Grant, John H. Simons, A. S. McBride, Coronel Alexander S. Bacon, Jorge Flemming Moore, Axel. J. A. Poinaut, H.B. Hextall e Joaquim Gervásio de Figueiredo (anexo III). Dentre estes destacaremos os 25 Landmarks de Albert Gallantin Mackey (anexo II) que é adotado pelo Grande Oriente do Brasil.

A maçonaria brasileira adota os Landmarks de Mackey (Anexo II), este assegura ao maçom direito individual e fundamental para promoção da Liberdade, Igualdade e Fraternidade para com a Ordem Maçônica e para com os seus irmãos. Destaca-se os seguintes Landmarks mais importantes que assegura estes direitos:

1 - A necessidade de se congregarem os Maçons em Lojas é outro Landmark. Os Landmarks da Ordem prescrevem sempre que os Maçons deveriam congregar-se com o fim de entregar-se a tarefas operativas e que às suas reuniões fosse dado o nome de “Lojas”. Antigamente, eram estas reuniões extemporâneas, convocadas para assuntos especiais e logo dissolvidas, separando-se os Irmãos para de novo se reunirem em outros pontos e em outras épocas, conforme as necessidades e as circunstâncias exigissem. Cartas Constitutivas, Regulamentos Internos, Lojas e Oficinas permanentes e contribuições anuais são inovações puramente moderna de um período relativamente recente...
4 - O direito representativo de cada Irmão nas reuniões da Fraternidade é outro Landmark. Nas reuniões gerais, outrora chamadas “Assembleias Gerais”, todos os Irmãos, mesmo os Aprendizes, tinham o direito de tomar parte. Nas Grandes Lojas, hoje, só tem direito de assistência os Veneráveis e Vigilantes, na qualidade, porém, de representantes de todos os Irmãos das Lojas. Antigamente, cada Irmão se autorrepresentava. Hoje são representados pelas Luzes de sua Loja. Nem por motivo dessa concessão, feita em 1817, deixa de existir o direito de representação firmado por este Landmark.
5 - O direito de recurso de cada Maçon. das decisões de sua Loja para a Grande Loja, ou Assembleia Geral dos Irmãos, é um Landmark essencial para a preservação da Justiça e para prevenir a opressão.
6 - O direito de todo Maçom visitar e tomar assento em qualquer Loja é um inquestionável Landmark da Ordem. É o consagrado «Direito de Visitação», reconhecido e votado universalmente a todos os Irmãos que viajam pelo orbe terrestre. É a consequência do modo de encarar as Lojas como meras divisões da família maçônica.
8 - Nenhuma Loja pode intrometer-se em assunto que diga respeito a outra, nem conferir graus a Irmãos de outros Quadros.
9 - Todo Maçom está sujeito às leis e aos regulamentos da jurisdição maçônica em que residir, mesmo não sendo, aí, obreiro de qualquer Loja. A inafiliação constitui, por si própria, uma falta maçônica.
13 - Em Loja, é indispensável a presença, no Altar, de um LIVRO DA LEI, no qual se supõe, conforme a crença, estar contida a vontade do Grande Arquiteto do Universo. Não cuidando a Maçonaria de intervir nas peculiaridades da fé religiosa dos seus membros, o «Livro da Lei» pode variar conforme o credo. Exige, por isso, este Landmark que um «Livro da Lei» seja par indispensável das alfaias de uma Loja Maçônica.
14 - Todos os Maçons são absolutamente iguais dentro da Loja, sem distinção de prerrogativas profanas, de privilégios que a sociedade confere. A Maçonaria a todos nivela nas reuniões maçônicas.

Na legislação maçônica, em especial do Grande Oriente do Brasil, preconiza no Parágrafo Único do artigo 4° da sua Constituição que “Serão respeitados os LANDMARKS, os postulados universais e os princípios da Instituição Maçônica”. E assegura o alinhamento e cumprimento da Legislação do Estado, em especial aos ao 5° Artigo da Constituição Federal de 1988. A seguir trecho da Constituição de James Anderson de 1723 que vincula o maçom a obediência ao Poder Civil:

Um Maçom é um súdito pacífico do Poder Civil, onde quer que more ou trabalhe, nunca se envolverá em complôs ou conspirações contra a paz ou o bem-estar da nação e nem se comportará irresponsavelmente perante os magistrados inferiores; como a Maçonaria sempre foi prejudicada pelas guerras, derramamentos de sangue e desordens, antigos reis e príncipes sempre se dispuseram a estimular os Homens da Fraternidade por sua lealdade e índole pacífica; pois sempre responderam adequadamente às cavilações de seus adversários e promoveram a honra dessa Fraternidade, que sempre floresceu em tempos de paz. Então, se um Irmão se rebelar contra o Estado, ele não deverá ser estimulado em sua rebelião, entretanto ele pode ser digno de pena por ser um homem infeliz; e, se não condenado por qualquer outro crime, a leal Irmandade precisa e deve repudiar a sua rebelião, não deixando margem para qualquer desconfiança política perante o Governo vigente; mas não devem expulsá-lo da Loja, permanecendo inalienável a sua relação com a mesma.

A maçonaria tem como fins supremos a Liberdade de consciência, a Igualdade de direitos para proporcionar a Fraternidade entre os homens. Estes princípios, amplamente divulgados pelos iluministas ecoam até os dias atuais na maçonaria, e porque não dizer que faz parte do DNA maçônico segundo (CAMPOS, 1996):

Interessa à Maçonaria a Liberdade conquistada em todos os níveis do ser: no plano moral; no plano intelectual; c no plano social e político. No primeiro caso, caracteriza a autodeterminação moral ou espiritual, com pleno domínio dos impulsos da Alma sobre os Instintos e as Paixões. É o primeiro nível de liberdade a ser conquistado. O Ser moralmente livre não sofre qualquer limitação inconsciente na aplicação dos princípios do Bem. A Liberdade Psicológica caracteriza a autodeterminação interna com a harmoniosa submissão da vontade aos impulsos da Razão. É o segundo nível de liberdade a ser conquistado. É uma das três aspirações fundamentais da Maçonaria Universal. É a identidade essencial de todos os homens em termos de direito e dignidade como pessoa humana. É o ideal que inspira a luta da Maçonaria em prol do aperfeiçoamento social da Humanidade...
A Igualdade, conforme concebida na Ordem Maçônica, não pressupõe homogeneidade. Com efeito. se todos os seres humanos são rigorosamente iguais em direitos e dignidade, são, por outro lado, diferentes em aptidões, inclinações, capacidades c talentos. Disso poderão resultar, a níveis individuais, diferenças evidenciadas em lermos de necessidades, vocações e mérito. As diferenças individuais são necessárias para o equilíbrio da vida em sociedade. O avanço científico e tecnológico exige, cada vez mais, uma democracia política onde todos os indivíduos devem ter a mesma oportunidade de desenvolver as suas potencialidades individuais em campos diferentes, mas complementares na integração de meios de vida e do bem-estar coletivo...
A Fraternidade é o terceiro componente do ideal maçônico. A Maçonaria aspira à união da humanidade por laços fraternais e estendidos a todos os homens esparsos pela superfície da Terra, quaisquer que sejam suas raças, nacionalidades e crenças. A Fraternidade interna no seio da família maçônica, é conquistada como um bem natural que o ambiente maçônico oferece aos seus membros. Ela é fruto do desabrochar do Espírito Maçônico em toda a sua plenitude. Nesse clima aconchegante e suave para a percepção espiritual, desenvolvem-se, espontaneamente, a cooperação recíproca, a solidariedade, a tolerância, a participação, a solicitude, a confiança mútua, ... a relação FRATERNA entre os irmãos!

A Constituição do Grande Oriente do Brasil, no capítulo I, DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA MAÇONARIA E DOS POSTULADOS UNIVERSAIS DA INSTITUIÇÃO, Proclama direitos aos maçons, similares aos dos Direitos do Homem de 1789, dos quais destacaremos os principais do parágrafo único do artigo 1°:

III ‑ proclama que os homens são livres e iguais em direitos e que a tolerância constitui o princípio cardeal nas relações humanas, para que sejam respeitadas as convicções e a dignidade de cada um;
IV ‑ defende a plena liberdade de expressão do pensamento, como direito fundamental do ser humano, observada correlata responsabilidade;
VI ‑ considera Irmãos todos os Maçons, quaisquer que sejam suas raças, nacionalidades, convicções ou crenças;
VII ‑ sustenta que os Maçons têm os seguintes deveres essenciais: amor à família, fidelidade e devotamento à Pátria e obediência à lei;
VIII ‑ determina que os Maçons estendam e liberalizem os laços fraternais que os unem a todos os homens esparsos pela superfície da terra;
IX ‑ recomenda a divulgação de sua doutrina pelo exemplo e pela palavra e combate, terminantemente, o recurso à força e à violência para a consecução de quaisquer objetivos;
XI ‑ defende que nenhum Maçom seja obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
XII ‑ condena a exploração do homem, os privilégios e as regalias, enaltecendo, porém, o mérito da inteligência e da virtude, bem como o valor demonstrado na prestação de serviços à Ordem, à Pátria e à Humanidade;
XIII ‑ afirma que o sectarismo político, religioso e racial são incompatíveis com a universalidade do espírito maçônico;
XIV – combate a ignorância, a superstição e a tirania.

CONCLUSÃO
A maçonaria desde a sua organização em 1717, prima pelo direito a liberdade do maçom e para tal algumas leis são impostas para assegurar direito a liberdade do próximo. Esses limites são delineadores para que seja promovida a igualdade entre os homens a fim de fomentar a fraternidade.

Na linha da história recente da humanidade, vários maçons estiveram à frente dos movimentos libertários que almejavam os direitos individuais e sociais do homem, a fim de libertá-los da tirania dos governos. Seguramente, os princípios morais e espirituais transmitidos nas doutrinas maçônicas, movimentam os espíritos dos homens de livres e de bons costumes para unirem-se em torno da construção de uma sociedade mais equilibrada.

A maçonaria Brasileira assegura o direito individual do maçom logo no início da Constituição, que ecoa a Constituição Maçônica de James Anderson de 1723, dos direitos humanos de 1789 e os princípios básicos dos Landmarks maçônicos de 1807, semelhante ao mesmo cuidado que os legisladores tiveram na elaboração da Constituição Cidadã de 1988.

Enquanto um país assegurar os diretos individuais e sociais do ser humano que estiver sob sua tutela, os maçons estarão trabalhando discretamente e internamente no aperfeiçoamento moral e intelectual para assegurar a sua própria Liberdade.

REFERÊNCIAS
— BUENO, Silveira – Dicionário da Língua Portuguesa – 2ª Ed. – São Paulo – FTD, 2007.
— CAMPOS, Tito Alves de – Instrucional Maçônico – Grau de Aprendiz – Brasília – Grande Oriente do Brasil, 1996.
— CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988, - Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm> Acessado em 30/07/2017.
— GUIMARÃES, João – Tudo que seu mestre mandar – Brasília: Academia dfe Letras de Brasília, 2009.
— JESUS FILHO, Edmilson de ;ROCHA, Luiz Gonzaga – A Maçonaria e o Novo Positivismo no Limiar do Século XXI – UnyLeya, 2017.
— MELO, Eugênio Lisboa Vilar de – Direito e Legislação Maçônica – UnyLeya, 2017.
— POLETTI, Ronaldo – Constituição Anotada – Rio de Janeiro – Forense, 2009.
— SILVA – Carlos Bruno Ferreira da Silva – As Liberdades Fundamentais e a Análise Econômica do Direito – Revista âmbito Jurídico.com.br – Disponível em http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura& artigo_id=908>. Acessado em 9 de setembro de 2017.
— CONSTITUIÇÂO DE JAMES ANDERSON – Disponível em < https://bibliot3ca.wordpress.com/constituicao-de-anderson-texto/ > Acessado em 12 de setembro de 2017.

ANEXO I - DECLARAÇÃO DE DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO – 1789
Os representantes do povo francês, reunidos em Assembleia Nacional, tendo em vista que a ignorância, o esquecimento ou o desprezo dos direitos do homem são as únicas causas dos males públicos e da corrupção dos Governos, resolveram declarar solenemente os direitos naturais, inalienáveis e sagrados do homem, a fim de que esta declaração, sempre presente em todos os membros do corpo social, lhes lembre permanentemente seus direitos e seus deveres; a fim de que os atos do Poder Legislativo e do Poder Executivo, podendo ser a qualquer momento comparados com a finalidade de toda a instituição política, sejam por isso mais respeitados; a fim de que as reivindicações dos cidadãos, doravante fundadas em princípios simples e incontestáveis, se dirijam sempre à conservação da Constituição e à felicidade geral.
Em razão disto, a Assembleia Nacional reconhece e declara, na presença e sob a égide do Ser Supremo, os seguintes direitos do homem e do cidadão:
Art.1º. Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem fundamentar-se na utilidade comum.
Art. 2º. A finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do homem. Esses direitos são a liberdade, a propriedade a segurança e a resistência à opressão.
Art. 3º. O princípio de toda a soberania reside, essencialmente, na nação. Nenhuma operação, nenhum indivíduo pode exercer autoridade que dela não emane expressamente.
Art. 4º. A liberdade consiste em poder fazer tudo que não prejudique o próximo. Assim, o exercício dos direitos naturais de cada homem não tem por limites senão aqueles que asseguram aos outros membros da sociedade o gozo dos mesmos direitos. Estes limites apenas podem ser determinados pela lei.
Art. 5º. A lei não proíbe senão as ações nocivas à sociedade. Tudo que não é vedado pela lei não pode ser obstado e ninguém pode ser constrangido a fazer o que ela não ordene.
Art. 6º. A lei é a expressão da vontade geral. Todos os cidadãos têm o direito de concorrer, pessoalmente ou através de mandatários, para a sua formação. Ela deve ser a mesma para todos, seja para proteger, seja para punir. Todos os cidadãos são iguais a seus olhos e igualmente admissíveis a todas as dignidades, lugares e empregos públicos, segundo a sua capacidade e sem outra distinção que não seja a das suas virtudes e dos seus talentos.
Art. 7º. Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos determinados pela lei e de acordo com as formas por esta prescritas. Os que solicitam, expedem, executam ou mandam executar ordens arbitrárias devem ser punidos; mas qualquer cidadão convocado ou detido em virtude da lei deve obedecer imediatamente, caso contrário torna-se culpado de resistência.
Art. 8º. A lei apenas deve estabelecer penas estrita e evidentemente necessárias e ninguém pode ser punido senão por força de uma lei estabelecida e promulgada antes do delito e legalmente aplicada.
Art. 9º. Todo acusado é considerado inocente até ser declarado culpado e, se julgar indispensável prendê-lo, todo o rigor desnecessário à guarda da sua pessoa deverá ser severamente reprimido pela lei.
Art. 10º. Ninguém pode ser molestado por suas opiniões, incluindo opiniões religiosas, desde que sua manifestação não perturbe a ordem pública estabelecida pela lei.
Art. 11º. A livre comunicação das idéias e das opiniões é um dos mais preciosos direitos do homem. Todo cidadão pode, portanto, falar, escrever, imprimir livremente, respondendo, todavia, pelos abusos desta liberdade nos termos previstos na lei.
Art. 12º. A garantia dos direitos do homem e do cidadão necessita de uma força pública. Esta força é, pois, instituída para fruição por todos, e não para utilidade particular daqueles a quem é confiada.
Art. 13º. Para a manutenção da força pública e para as despesas de administração é indispensável uma contribuição comum que deve ser dividida entre os cidadãos de acordo com suas possibilidades.
Art. 14º. Todos os cidadãos têm direito de verificar, por si ou pelos seus representantes, da necessidade da contribuição pública, de consenti-la livremente, de observar o seu emprego e de lhe fixar a repartição, a coleta, a cobrança e a duração.
Art. 15º. A sociedade tem o direito de pedir contas a todo agente público pela sua administração.
Art. 16.º A sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos nem estabelecida a separação dos poderes não tem Constituição.
Art. 17.º Como a propriedade é um direito inviolável e sagrado, ninguém dela pode ser privado, a não ser quando a necessidade pública legalmente comprovada o exigir e sob condição de justa e prévia indenização.

In Textos Básicos sobre Derechos Humanos. Madrid. Universidad Complutense, 1973, traduzido do espanhol por Marcus Cláudio Acqua Viva. APUD. FERREIRA Filho, Manoel G. et. alli. Liberdades Públicas São Paulo, Ed. Saraiva, 1978.


ANEXO II - Os Landmarks, segundo interpretação de Albert Gallatin Mackey (1807-1881):


1.    Os processos de reconhecimento são os mais legítimos e inquestionáveis de todos os Landmarks. Não admitem mudança de qualquer espécie; desde que isso se deu, funestas consequências posteriores vieram demonstrar o erro cometido.
2.    A divisão da Maçonaria Simbólica em três graus - Aprendiz, Companheiro e Mestre - é um Landmark que, mais que qualquer outro, tem sido preservado de alterações apesar dos esforços feitos pelo daninho espírito inovador.
3.    A lenda do terceiro grau é um Landmark importante, cuja integridade tem sido respeitada. Nenhum rito existe na Maçonaria, em qualquer país ou em qualquer idioma, em que não sejam expostos os elementos essenciais dessa lenda. As fórmulas escritas podem variar, e na verdade variam; a lenda do Construtor do Templo de Salomão, porém, permanece em essência. Qualquer rito que a excluir ou a altere substancialmente, deixará de ser um Rito Maçônico.
4.    O Governo da Fraternidade por um Oficial que é seu presidente, denominado Grão-Mestre, eleito pelo povo maçônico, é o quarto Landmark da Ordem Maçônica. Muitos pensam que a eleição do Grão-Mestre se pratica por ser estabelecida em lei ou regulamento, mas nos anais da Instituição, encontram-se Grão-Mestres muito antes de existirem Grandes Lojas, e se todos os Regulamentos e Constituições fosse abolidos, sempre seria mister a existência de um Grão-Mestre.
5.    A prerrogativa do Grão-Mestre de presidir todas as reuniões maçônicas, feitas onde e quando se fizerem, é o quinto Landmark. É em virtude dessa lei, de antiga usança e tradição, que o Grão-Mestre ocupa o Trono e preside todas as sessões da Grande Loja, assim como quando se ache presente à sessão de qualquer Loja subordinada à autoridade maçônica de sua obediência.
6.    A prerrogativa do Grão-Mestre de conceder licença para conferir graus em tempos anormais, é outro importantíssimo Landmark. Os estatutos e leis maçônicas exigem prazos, que devem transcorrer entre a proposta e a recepção do candidato, porém o Grão-Mestre tem o direito de dispensar esta ou qualquer exigência, e permitir a Iniciação, a Elevação ou Exaltação imediata.
7.    A prerrogativa que tem o Grão-Mestre de dar autorização para fundar e manter Lojas, é outro importante Landmark. Em virtude dele, o Grão-Mestre pode conceder a um número suficiente de Mestres-Maçons o privilégio de se reunir e conferir graus. As Lojas assim constituídas chamam-se “Lojas Licenciadas”. Criadas pelo Grão-Mestre só existem enquanto ele não resolva o contrário, podendo ser dissolvidas por ato seu. Podem viver um dia, um mês ou seis. Qualquer que seja, porém, o prazo de sua existência, exclusivamente ao Grão-Mestre a deve.
8.    A prerrogativa do Grão-Mestre de iniciar Maçons por sua deliberação é outro Landmark importante. O Grão-Mestre convoca em seu auxílio seis outros Mestres-Maçons, pelo menos, forma uma Loja e sem uma forma prévia confere os  graus aos candidatos, findo o que, dissolve a Loja e despede os Irmãos. As Lojas assim convocadas por este meio são chamadas “Lojas de Emergência” ou “Lojas Ocasionais”.
9.    A necessidade de se congregarem os Maçons em Lojas é outro Landmark. Os Landmarks da Ordem prescrevem sempre que os Maçons deveriam congregar-se com o fim de entregar-se a tarefas operativas e que às suas reuniões fosse dado o nome de “Lojas”. Antigamente, eram estas reuniões extemporâneas, convocadas para assuntos especiais e logo dissolvidas, separando-se os Irmãos para de novo se reunirem em outros pontos e em outras épocas, conforme as necessidades e as circunstâncias exigissem. Cartas Constitutivas, Regulamentos Internos, Lojas e Oficinas permanentes e contribuições anuais são inovações puramente moderna de um período relativamente recente.
10.  O Governo da Fraternidade, quando congregada em Loja, por um Venerável e dois Vigilantes é um outro Landmark. Qualquer reunião de Maçons congregados sob qualquer outra direção, como, por exemplo, um presidente e dois vice-presidentes, não seria reconhecida como Loja. A presença de um Venerável e dois Vigilantes é tão essencial para a validade e legalidade de uma Loja que, no dia de sua consagração, é considerada como uma Carta Constitutiva.
11.  A necessidade de estar uma Loja a coberto, quando reunida, é outro importante Landmark que não deve ser descurado. O cargo de Guarda do Templo, que vela para que o local da reunião seja absolutamente vedado à intromissão de profanos, independe, pois, de qualquer Regulamento ou Constituição.
12.  O direito representativo de cada Irmão nas reuniões da Fraternidade é outro Landmark. Nas reuniões gerais, outrora chamadas “Assembleias Gerais”, todos os Irmãos, mesmo os Aprendizes, tinham o direito de tomar parte. Nas Grandes Lojas, hoje, só tem direito de assistência os Veneráveis e Vigilantes, na qualidade, porém, de representantes de todos os Irmãos das Lojas. Antigamente, cada Irmão se autorrepresentava. Hoje são representados pelas Luzes de sua Loja. Nem por motivo dessa concessão, feita em 1817, deixa de existir o direito de representação firmado por este Landmark.
13.  O direito de recurso de cada Maçon. das decisões de sua Loja para a Grande Loja, ou Assembleia Geral dos Irmãos, é um Landmark essencial para a preservação da Justiça e para prevenir a opressão.
14.  O direito de todo Maçom visitar e tomar assento em qualquer Loja é um inquestionável Landmark da Ordem. É o consagrado «Direito de Visitação», reconhecido e votado universalmente a todos os Irmãos que viajam pelo orbe terrestre. É a consequência do modo de encarar as Lojas como meras divisões da família maçônica.
15.  Nenhum Irmão desconhecido dos Irmãos da Loja pode a ela ter acesso como visitante sem que primeiro seja examinado, conforme os antigos costumes, e como tal reconhecido. Este exame somente pode ser dispensado se o Irmão visitante for conhecido por algum Irmão da Loja, o qual por ele será responsável.
16.  Nenhuma Loja pode intrometer-se em assunto que diga respeito a outra, nem conferir graus a Irmãos de outros Quadros.
17.  Todo Maçom está sujeito às leis e aos regulamentos da jurisdição maçônica em que residir, mesmo não sendo, aí, obreiro de qualquer Loja. A inafiliação constitui, por si própria, uma falta maçônica.
18.  Por este Landmark, os candidatos à Iniciação devem ser isentos de defeitos ou mutilações, livres de nascimento e maiores. Uma mulher, um aleijado ou um escravo não podem ingressar na Fraternidade.
19.  A crença no GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO é um dos mais importantes Landmarks da Ordem. A negação dessa crença é impedimento absoluto e irremovível para a Iniciação.
20.  Subsidiariamente à crença em um ENTE SUPREMO , é exigida, para a Iniciação, a crença numa vida futura.
21.  Em Loja, é indispensável a presença, no Altar, de um LIVRO DA LEI, no qual se supõe, conforme a crença, estar contida a vontade do Grande Arquiteto do Universo. Não cuidando a Maçonaria de intervir nas peculiaridades da fé religiosa dos seus membros, o «Livro da Lei» pode variar conforme o credo. Exige, por isso, este Landmark que um «Livro da Lei» seja par indispensável das alfaias de uma Loja Maçônica.
22.  Todos os Maçons são absolutamente iguais dentro da Loja, sem distinção de prerrogativas profanas, de privilégios que a sociedade confere. A Maçonaria a todos nivela nas reuniões maçônicas.
23.  Este Landmark prescreve a conservação secreta dos conhecimentos havidos pela Iniciação, tanto os métodos de trabalho como suas lendas e tradições, que só devem ser comunicados a outros Irmãos.
24.  A fundação de uma ciência especulativa, segundo métodos operativos e uso do simbolismo e a explicação dos ditos métodos e dos termos neles empregados com o propósito de ensinamento moral, constitui outro Landmark. A preservação da Lenda do Templo de Salomão é outro fundamento deste Landmark.
25.  O último Landmark é o que afirma a inalterabilidade dos anteriores, nada lhes podendo ser acrescido ou retirado, nenhuma modificação podendo ser-lhes introduzida. Assim como de nossos antecessores os recebemos, assim os devemos transmitir aos nossos sucessores - ”nolumus leges mutari”, “permitam cumprir as leis”.