sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

MAÇONARIA E TEMPLARISMO: De Bernardo de Claraval ao Cavaleiro Kadosh

Por Arthur Feitosa Vieira Monteiro, 18/07/2018

Cavaleiro Kadosh


INTRODUÇÃO
Quaisquer assuntos que envolvam os Templários promovem uma atenção especial, devido ao romantismo das histórias da Cavalaria e Igreja Católica que foi envolvida em muitas lutas e mistérios.
Registros iniciais dos Templários foram encontrados por volta do ano de 1118 d.C. e estavam diretamente ligados a utilização das instalações do antigo Templo construído pelo Rei Salomão. Da mesma forma como surge a Ordem é extinta, sem deixar rastros.
A maior referência, quando se trata da estruturação da Ordem dos Templários foi o Abade Bernard de Claraval.

BERNARDO DE CLARAVAL
Patrono dos Templários, foi um abade francês do século XII, da Ordem de Cisterciense – Ordem Beneditina Reformada, estruturou regras para a Ordem dos Templários. Encarregado pelo Papa para pregar a segunda cruzada, arregimentou uma grande multidão.
O uso da violência incentivado pelo Papa foi defendido por São Bernardo, abade de Clairvaux, o qual refutou as críticas dos clérigos ortodoxos, segundo as quais o derramamento de sangue era vedado àqueles que desejassem ingressar em ordem clerical. Eis a sua exortação dirigida aos Cavaleiros do Templo:
"Na verdade, os cavaleiros de Cristo travam as batalhas para seu Senhor com segurança, sem temor de ter pecado ao matar o inimigo, nem temendo o perigo de sua própria morte, visto que causando a morte, ou morrendo quando em nome de Cristo, nada praticam de criminoso, sendo antes merecedores de gloriosa recompensa. Assim, sendo, por Cristo! E então, Cristo será alcançado. Aquele que em verdade, provoca livremente a morte de seu inimigo como um ato de vingança mais prontamente encontra consolo em sua condição de soldado de Cristo. O soldado de Cristo mata com segurança e morre com mais segurança ainda. Serve aos seus próprios interesses ao morrer e aos interesses de Cristo ao matar! Não é sem razão que ele empunha a espada! É um instrumento de Deus para o castigo dos malfeitores e para a defesa do justo. Na verdade, quando mata um malfeitor, isso não é um homicídio, mas um malicídio e ele é considerado um carrasco legal de Cristo contra os malfeitores." (SILVA, 2001)
São Bernard teve fundamental importância no desenvolvimento da Ordem dos Templários, pois a ampla experiência com a Ordem de Cisterciense proporcionou a estruturação e determinação em reestabelecer a segurança dos caminhos dos peregrinos à Jerusalém, além do combate armado aos mulçumanos. A herança da tradição das vestes dos Templários veio da doação da túnica branca que era utilizada por Bernard na Ordem Cister.
Bernard foi, de fato, o autor da Regra dos Templários – que foi baseada na de Cister – e foi um dos seus protegidos quem, como papa Inocêncio II, declarou, em 1139, que os Cavaleiros apenas seriam responsáveis perante o papado a partir daquela data. Como as Ordens dos Templários e de Cister evoluíram em paralelo, pode discernir-se alguma coordenação deliberada entre elas – por exemplo, o suserano de Hugues de Pay ens, o conde de Champagne, doou a S. Bernardo as terras de Clairvaux, em que ele construiu o seu « império» monástico. E, de modo significativo, André de Montbard, um dos nove Cavaleiros fundadores, era tio de Bernardo. Tem sido sugerido que os Templários e os cistercienses atuavam em conjunto, segundo um plano pré-estabelecido, para dominar a Cristandade, mas esse plano nunca teve êxito. .(PICKNETT e PRINCE, 2007)

Foi no Concílio de Tryes em 1128 que a Ordem Templária foi reconhecida como uma ordem militar e religiosa:
Graças ao apoio bem-sucedido de São Bernardo, em janeiro de 1128, o Concílio de Troyes reuniu-se com o objetivo de analisar as pretensões de Hugo de Payns e de André de Montbard. Entre os membros do Concílio contavam-se, entre outros, Bernardo, o abade de Clairvaux, o núncio do papa e os arcebispos de Reims e Sens. Precisamente pela decisão dessas personalidades da Igreja por ordem do Papa Honório e de Estêvão, patriarca de Jerusalém, foi criada uma norma como diretriz de atuação para a Ordem, sendo-lhes atribuído o hábito branco. Esse foi o melhor apoio que a Ordem poderia receber, na Idade Média, porque ela deixou de ser Plano da Jerusalém latina; o Plano de Cambrai, 1150 uma organização clandestina para ganhar notoriedade e reconhecimento pela Igreja Católica. (SILVA, 2001)

O Templo de Salomão foi a materialização de um sonho do Rei David por intermédio do seu filho Rei Salomão. O primeiro Templo destruído pelo Rei Nabucodonosor por volta de 587 a.C. e no século VI a.C foi reconstruído.
O Templo de Salomão mantém profundas ligações com a Ordem Templária, pois além de abrigar a Ordem, empresta o seu nome, conforme registro:
Em 1118, juntamente com Godofredo de Saint-Omer, outro valoroso cavaleiro, resolveram fundar uma ordem religiosa e militar conhecida por Pauperes Commilitiones Christi Templique Salomonis, ou seja, "Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão", e passaram a ser chamados sucessivamente de "Os Pobres Soldados de Jesus Cristo e do Templo de Salomão", "Os Cavaleiros do Templo de Salomão", "Os Cavaleiros do Templo", "Os Templários", e finalmente "O Templo". Adotaram a divisa Non nobis, Domine, non nobis sed nomini tuo da gloriam, "Não para nós, Senhor, não para nós a glória, mas só em teu Nome". (SILVA, 2001)

A extinção da Ordem dos Templários pelo Papa Clemente V e executada pelo Rei Frederico , o Belo, em 1307, foi praticamente testemunhada por um dos maiores poetas nascido na Itália no século XIII, Dante Alighieri que escreveu a obra “A Divina Comédia”. Dante possuia o título de Cavaleiro Kadosh no FSKIPFT, o antigo "Fidei Sanctae Kadosh Imperialis Frater Templário Principado", uma ordem de parentesco dos Templários; Como muitos iniciados de seu tempo, ele expressou mensagens filosóficas e culturais usando um código, a fim de proteger essas mensagens pelas autoridades, proibindo o livre pensamento e a expressão.
Mais notável, no entanto, é a ligação que Dante e os seus colegas místicos apresentam com os Templários. Foi um dos seus mais entusiásticos apoiantes, mesmo após a sua extinção, quando era desaconselhável estar ligado a eles. Na sua Divina Comédia, Dante estigmatiza Filipe, o Belo, como o « novo Pilatos» , pelos seus atos contra os Cavaleiros. O próprio Dante é considerado como tendo sido membro de uma ordem Templária terciária, denominada La Fede Santa. Estas ligações são demasiado sugestivas para serem ignoradas – talvez Dante não fosse a exceção, mas a regra, dos Templários, que estavam envolvidos num culto do amor.(PICKNETT e PRINCE, 2007)

O Título de Cavaleiro Kadosh é encontrado na maçonaria no 30º grau do Rito Escocês Antigo e Aceito. No ritual encontra-se a origem do grau, e sua história assemelha-se a mesma confusão na interpretação do grau Rosa Cruz com os Rosa Cruzes Alquimistas do século XVII, da mesma forma o grau 30 quando cita a abreviatura Cavaleiro “T.” (de Teutônicos) e foi interpretado como Cavaleiro Templário.
Posteriormente foi atribuído ao grau de vingança e a comemoração da abolição dos Cavaleiros do Templo e o suplício de Jacobus Burgundus Molay, seu último Grão-Mestre, que pereceu como mártir nas chamas, a 18 de março de 1314, tendo como seus algozes Filipe o Belo e do Papa Clemente V Responsáveis pela sua extinção e morte dos seus líderes. De outra forma a Maçonaria Templária Alemã tratava da lembrança em reclamar seus bens invadidos e roubados pela Ordem dos Cavaleiros de Malta.
Na maçonaria, em especial no Brasil, podemos encontrar referências sobre os Cavaleiros Templários em vários ritos e graus.
No Rito Escocês Antigo e Aceito encontramos parte da história e da lenda Templária nos rituais do grau 30 do Cavaleiro Kadosh ou Cavaleiro da Águia Branca e Negra. O Grau de Cavaleiro encerra a máxima da Razão e da Virtude.
No Rito Escocês Retificado foi criado a partir da reforma da Estrita Observância Templária, surge como um rito de essência cristã que porta apenas os valores morais das ordens Templárias.
Nas Ordens de Aperfeiçoamento Maçônico encontra-se a Ordem dos Cavaleiros Templários, herança direta das tradições transmitidas diretamente pela Grande Loja da Inglaterra.
No Rito de York contempla em seu último estágio o Grau de Cavaleiro Templário.

CONCLUSÃO
Os assuntos e ritos Templários são envoltos em lendas e mistérios, rememoram as tradições Templárias nos seus aspectos místicos e morais.
A Ordem Templária sempre presente na história do Brasil com seus símbolos, acima de tudo, é uma ordem de caráter ecumênica, não faz distinção de raça, credo, nacionalidade e de estirpe, respeitando em qualquer caso, as leis e as tradições de todos os povos e de todos os países por onde estendem suas atividades. Espera-se que os maçons brasileiros absorvam da melhor forma os ensinamentos contidos nos rituais templários, e que seja crítico em identificar as distorções históricas e lendas que são amplamente cultuadas aqui no Brasil.
A maçonaria brasileira mantém as tradições morais dos Cavaleiros Templários nos seus principais ritos tradicionais históricos e praticados para que o maçom possa experienciar as doutrinas para a grande batalha interna individual e colocar em ação os valores morais, aliás, a ação é uma prerrogativa da cavalaria.

REFERÊNCIAS

— CARVALHO, William Almeida de - História da Maçonaria: Das Origens Corporativas à Maçonaria Moderna – Distrito Federal – UnyLeya, 2017.
— PICKNETT, Lynn; PRINCE, Clive - A REVELAÇÃO DOS TEMPLÁRIOS: Os Guardiões Secretos da Verdadeira Identidade de Cristo. Tradução de Adriano José Sandoval. São Paulo: Editora Planeta – 2007
— Ritual do Grau 30 do Supr. Cons. do Brasil do Grau 33 para o R.E.A.A
— SILVA, Pedro - História e mistérios dos templários – Rio de Janeiro: Ediouro, 2001.

Hermes Trimegisto e a nobreza oculta da verdadeira sabedoria dos maçons operativos e especulativos

Por Arthur Feitosa Vieira Monteiro, 18/07/2018


Hermes Trimegistos


INTRODUÇÃO
A dissociação de Hermes Trimegistus das doutrinas iniciáticas ou esotéricas torna-se quase inconcebível, pois geralmente os ensinamentos fazem referência direta ou indireta aos princípios Herméticos.
No arrasto, a maçonaria operativa e especulativa, ao longo do tempo, com suas conformações, adaptações e diversificação de ritos também incorpora de forma sutil parte dos ensinamentos deixados por Hermes Trimegistus.
De um lado temos registros históricos dos procedimentos operativos e de outro lado textos e poemas que ressaltam lendas e mitos sem comprovação documental sobre as características da maçonaria nas suas origens. Como percebe-se a relação da maçonaria com estes ensinamentos de sabedoria? Será que as tradições se utilizam de conhecimentos e histórias verídicas?

MAÇONS OPERATIVOS E ESPECULATIVOS
A maçonaria configura-se inicialmente como associação de pedreiros livres, formadas por construtores oficiais na Europa para os Reis e para a da Igreja Católica Apostólica Romana. Com o progresso das associações de maçons operativos conforme Prof Luiz Gonzaga:
Os maçons têm, por hábito, procurar as raízes históricas profundas da maçonaria. Chegam buscar suas origens na Carta de Bolonha. É o mais antigo documento comprovadamente maçônico no mundo, conhecido como “Carta de Bolonha” e data de 1248. Seu nome original é “Statuta et Ordinamenta Societatis Magistrorum Tapia et Lignamilis”. Foi redigido originalmente em latim por um escrivão público, sob ordem do Prefeito de Bolonha, Bonifaci di Cario, no dia 08 de Agosto de 1248. Em seu conteúdo fica claro que essa Maçonaria Operativa Italiana já era tradicional, antiga, contendo sólida estrutura e hierarquia, bem anterior à data de registro da Carta. (ROCHA, 2017, p.. 89)

A História da Maçonaria conta com tradições Operativas e Especulativas. Segundo o paradigma de Gould, que é amplamente divulgado no Brasil, a maçonaria operativa tornou-se especulativa quando passou a aceitar homens que não participavam como operários da construção, ou seja, pedreiros. Já as tradições originais e operativas estão alicerçadas em textos que produzem uma ordem nas relações entre os operários construtores, na forma de estatutos. Regras, histórias e lendas fazem parte de alguns textos antigos pertencentes a maçonaria operativa tais como Carta de Bolonha, Manuscrito Regius e Manuscritos de Cooke.
Inicialmente como associação de pedreiros livres, formadas por construtores oficiais na Europa para os Reis e para a da Igreja Católica Apostólica Romana traziam conhecimentos de Geometria e as suas técnicas eram amplamente utilizadas nas construções, conforme o Manuscrito Regius é datado em cerca do ano de 1390 d.C:
A Maçonaria, nele, é conhecida como Geometria; o Poema Régio não faz menção ao Templo de Salomão e nem a Hiram Abif. Destaca dois personagens: Euclides, o geômetra grego alexandrino do século III a.C. e Noé bíblico; (guarda similaridades com a Constituição de Anderson). Relata que o grêmio estabeleceu-se em York, em 926, sob o patrocínio do Príncipe Edwin, irmão, meio irmão ou sobrinho do rei Atelsthan. (GUIMARÃES, 2017, p.38).
Segundo o Prof. Luiz Gonzaga Rocha, ao final da sua obra Ciência, Artes e Literatura Maçônica, chama a atenção para a leitura obrigatória dentre as quais consta o Manuscrito Regius.
Quando a maçonaria foi caracterizada como especulativa, os instrumentos e símbolos foram utilizados à época foram incorporados aos seus rituais para reflexão dos maçons. O objetivo principal dos símbolos é que o maçom medite em cada um ou em combinações deles para a busca constante do conhecimento e auto aperfeiçoamento moral. Percebe-se que as doutrinas maçônicas facilitam o caminho para alcançar a sabedoria.


HERMES TRIMEGISTO
Hermes Trimegistus ou Hermes, três vezes grande, é conhecido como um filósofo que viveu na região de Nines por volta de 1500 a 2500 a.C. Devido a complexidade e aspectos dos ensinamentos restritos a pequenos grupos, sobre a transformação do ser humano, até hoje tradições alquimistas utilizam o termo hermético como algo fechado.
Mas entre estes Grandes Mestres do antigo Egito, existiu um que eles proclamavam como o Mestre dos Mestres. Este homem, se é que foi verdadeiramente um homem, viveu no Egito na mais remota antiguidade. Ele foi conhecido sob o nome de Hermes Trismegisto. Foi o pai da Ciência Oculta, o fundador da Astrologia, o descobridor da Alquimia. Os detalhes da sua vida se perderam devido ao imenso espaço de tempo, que é de milhares de anos, e apesar de muitos países antigos disputarem entre si a honra de ter sido a sua pátria. A data da sua existência no Egito, na sua última encarnação neste planeta, não é conhecida agora mas foi fixada nos primeiros tempos das mais remotas dinastias do Egito, muito antes do tempo de Moisés. As melhores autoridades consideram−no como contemporâneo de Abraão, e algumas tradições judaicas dizem claramente que Abraão adquiriu uma parte do seu conhecimento místico do próprio Hermes.
Depois de ter passado muitos anos da sua partida deste plano de existência (a tradição afirma que viveu trezentos anos) os egípcios deificaram Hermes e fizeram dele um dos seus deuses sob o nome de Thoth. Anos depois os povos da Antiga Grécia também o deificaram com o nome de Hermes, o Deus da Sabedoria. Os egípcios reverenciaram por muitos séculos a sua memória, denominando−o o mensageiro dos Deuses, e ajuntando−lhe como distintivo o seu antigo título Trismegisto, que significa o três vezes grande, o grande entre os grandes. (CAMAYSAR, 1978)
A mais importante obra deixada por Hermes Trimegistus é o Caibalion, corruptela grega da palavra cabala, trata de sete princípios universais, ou chamados de leis herméticas a seguir:
  1. Lei do Mentalismo: O Todo é Mente; o Universo é mental;
  2. Lei da Correspondência: O que está em cima é como o que está embaixo. O que está dentro é como o que está fora;
  3. Lei da Vibração: Nada está parado, tudo se move, tudo vibra;
  4. Lei da Polaridade: Tudo é duplo, tudo tem dois pólos, tudo tem o seu oposto. O igual e o desigual são a mesma coisa. Os extremos se tocam. Todas as verdades são meias-verdades. Todos os paradoxos podem ser reconciliáveis;
  5. Lei do Ritmo: Tudo tem fluxo e refluxo, tudo tem suas marés, tudo sobe e desce, o ritmo é a compensação;
  6. Lei do Gênero: O Gênero está em tudo: tudo tem seus princípios Masculino e Feminino, o gênero manifesta-se em todos os planos da criação;
  7. Lei de Causa e Efeito: Toda causa tem seu efeito, todo o efeito tem sua causa, existem muitos planos de causalidade mas nada escapa à Lei;
Embora os princípios herméticos sejam amplamente utilizados como base esotérica, O Mito de Hermes Trimegistus foi desmascarado quando em 1610, Jaime solicitou um estudo crítico sobre Annales ecclesiastici, de Baronius, no qual se assenta o ataque dirigido à lenda a venerável antiguidade da Hermética a Issac Caubon, erudito na história da Igreja, conforme citado por (WILLIAM, 2017):
O desmascaramento de Hermes Trismegistos foi feito na obra inacabada, pois faleceu antes de finalizá-la, de Casaubon – De rebus sacris et ecclesiasticis exercitationes XVI – um comentário eruditíssimo àquela obra de Baronius: Annales ecclesiastici. Casaubon afirma que os textos atribuídos a Hermes Trismegistos foram forjados nos tempos dos primeiros cristãos, a fim de tornar a nova doutrina agradável aos gentios. Seriam de autoria de cristãos ou neo-platônicos semi-cristãos; falsificações feitas com bons propósitos, mas detestáveis porque inverídicas historicamente. Possivelmente houvesse uma pessoa real, concede ele, de grande antiguidade chamada Hermes Trismegistos, mas que não pode ter sido o escritor das obras a ele atribuídas. Elas não contêm as doutrinas de um antigo egípcio; são em parte, escritos de Platão e dos platônicos, e em parte, de livros sagrados cristãos. O Pimandro contém ecos de Platão, particularmente do Timeu; do Gênese; e do Evangelho segundo São João. As Potestades, no Corpus hermeticum XIII, lembram a Epístola de São Paulo aos romanos. Muitos hinos provêm de antigas liturgias, particularmente as de São João Damasceno, ou dos Salmos. Os tratados sobre a ‘regeneração’ são insinuados por São Paulo; por Justino, o Mártir; por Cirilo; por Gregório Nazianzeno e outros.
A citação de Fídias e os jogos pítios, inexistentes nas priscas eras, e finalmente o estilo, são a pedra de cal final no desmascaramento de Hermes Trismegistos.
Pelo exposto, pensamos poder, agora, resgatar e estudar o pensamento dos escritos neo-platônicos, atribuídos a Hermes Trismegistos (WILLIAM, 2006, p.71).

INVENÇÕES E TRADIÇÕES MAÇÔNICAS
Ao retornarmos à introdução, chama-se a atenção a reflexão sobre os registros históricos dos procedimentos operativos, textos e poemas que ressaltam lendas e mitos sem comprovação documental sobre as características da maçonaria. Deve-se ter o cuidado e atenção para não utilizar-se de elementos antigos para comprovação da origem das tradições.
Mais interessante, do nosso ponto de vista, é a utilização de elementos antigos na elaboração de novas tradições inventadas para fins bastante originais. Sempre se pode encontrar, no passado de qualquer sociedade, um amplo repertório destes elementos; e sempre há uma linguagem elaborada, composta de práticas e comunicações simbólicas. As vezes, as novas tradições podiam ser prontamente enxertadas nas velhas; outras vezes, podiam ser inventadas com empréstimos fornecidos pelos depósitos bem supridos do ritual, simbolismo e princípios morais oficiais - religião e pompa principesca, folclore e maçonaria (que, por sua vez, é uma tradição inventada mais antiga, de grande poder simbólico). (HOBSBAWM, 1984,p. 14)


CONCLUSÃO

Nos principais ritos praticados no Brasil, os rituais das iniciações mantêm características esotéricas pertinentes a conceitos alquímicos para simbolicamente realizar a transformação do homem comum em um novo homem com a atenção voltada para a iluminação.
Mesmo com a desconstrução do mito de Hermes Trimegistus é precipitado desconsiderar os princípios que são utilizados em vários segmentos da sociedade, em especial na atualidade pela física quântica.
A maçonaria em sua doutrina faz com que o maçom busque incessantemente o aperfeiçoamento moral e em consequência trata da alma humana com os seus símbolos que trazem informações desde a sua organização em 1717, deixa claro que não é permitida discussões religiosas, embora incentive os estudos e discussões sobre diversos temas e em especial a transformação da pedra bruta na pedra lapidada, ou seja, na lapidação moral do homem. E por que não utilizar as leis ou princípios Herméticos como ferramenta para essa transformação alquímica, da pedra bruta em lapidada? Com isso a maçonaria evidencia a sabedoria quando se utiliza de conhecimentos antigos compilados em  símbolos e alegorias para transformar o homem em um ser humano melhor.


REFERÊNCIAS
— ROCHA, Luiz Gonzaga– História da Maçonaria: Contextualidade e Ação da Maçonaria na Política Mundial – UnyLeya, 2017.
— GUIMARÃES, João Francisco – História da Maçonaria: Consolidação, Expansão e Conflitos Institucionais – Distrito Federal – UnyLeya, 2017.
— HOBSBAWM, Eric . A invenção das tradições. – Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984.
— CARVALHO, William Almeida de -  História da Maçonaria: Das Origens Corporativas à Maçonaria Moderna – Distrito Federal – UnyLeya, 2017.
— CAMAYSAR, Rosabis -  O Caibalion – São Paulo - Editora Pensamento -1978