sexta-feira, 31 de março de 2017

Primazia das Lojas Maçônicas e dos primeiros maçons no Brasil

Por Arthur Feitosa Vieira Monteiro, 31/03/2017
Marco Areópago de Itambé - Itambé-PE - foto: Ernani Neves
No Brasil, podemos encontrar e até listar as primeiras Lojas Maçônicas que deram origem ao Grande Oriente do Brasil em 17 de junho de 1822, porém não é comum tratarmos das inúmeras Lojas que antecederam este evento. Confunde-se as primeiras Lojas do Brasil com as Lojas Primazes do Grande Oriente do Brasil.

Em consequência deste aspecto, também há uma confusão sobre os primeiros maçons brasileiros com os que fundaram o Grande Oriente do Brasil.

A questão é se existiram Lojas Maçônicas antes do ano de 1822? Existiam maçons brasileiros antes deste período? Qual a origem maçônica dos maçons brasileiros?

MAÇONS BRASILEIROS ANTES DE 1822

No século XVIII as ideias iluministas estavam efervescentes na frança espalhava-se pela Europa. O movimento ilustrado foi propagado pelas manifestações culturais da elite intelectual europeia, que ressaltava a razão para a reorganização social.

Neste período, brasileiros migravam temporariamente para Europa com objetivo da formação acadêmica. Em contato com os ideais iluministas, que os conduziram a refletir sobre os aspectos políticos brasileiro. Nesta ocasião vários brasileiros foram convidados a iniciarem na maçonaria que também propagava os ideais iluministas.

De acordo com (DA SILVA, 2003) os irmãos Manuel da Arruda Câmara, médico e cientista e Francisco de Arruda Câmara, foram iniciados em Montpelier, na França, e lá se abeberaram do conhecimento intelectual e das luzes da liberdade.

Ao retornar para o Brasil encontraram os irmãos: Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque, Luis Francisco Cavalcanti de Albuquerque e os padres Antonio Felix Velho Cardoso, José Pereira Tinoco, Antônio de Albuquerque Montenegro e João Ribeiro Pessoa fundaram a Areópago de Itambé que com características de Loja Maçônica não é considerada uma Loja Maçônica Formal, conforme (ISMAIL, 2011):
Apesar de muitos escritores maçons assim desejarem, a “Areópago de Itambé” não era uma Loja Maçônica. No século XVIII existiam centenas de instituições criadas aos moldes da Maçonaria, usando símbolos iguais e similares, e até dividindo os graus em Aprendiz, Companheiro e Mestre como na Maçonaria. Era uma verdadeira “coqueluche” de Ordens, Clubes e Associações, e era muito comum os homens livres serem membros de duas ou mais dessas diferentes instituições, até mesmo no Brasil. Um exemplo disso é o “Apostolado”, da qual José Bonifácio, Gonçalves Ledo e D. Pedro I também faziam parte. Ser inspirada na Maçonaria não é o mesmo do que ser Loja Maçônica.

Segundo ARÃO (1926 apud ISMAIL 2017) “os maçons Domingos Vidal Barbosa, natural de Minas Gerais e os fluminenses José Mariano Leal e José Joaquim Maia”, estudantes de medicina de Montpelier, seguiram o compromisso de trabalhar na regeneração política do Brasil, firmado em numa conferência na Universidade de Coimbra. Outro maçom que merece destaque é o Antônio Carlos de Andrada, líder da revolução Pernambucana, em 1817. Apontaremos maçons brasileiros que formaram as tres Lojas “Comércio e Artes”, “Esperança de Niterói” e “União e Tranquilidade” que deram origem ao Grande Oriente do Brasil em 1822, de acordo com registro no Livro História do Grande Oriente do Brasil:(Castelani e Carvalho 2009):

Albino dos Santos Pereira, Antonio Correa Picanço, Antonio dos Santos Cruz, Antonio José da Lança, Antonio José de Sousa, Belarmino Ricardo de Siqueira, cônego Belchior Pinheiro de Oliveira, cônego Januário da Cunha Barbosa, Cypriano Lerico, Domingos Alves Branco Muniz Barreto, Domingos Alves Pinto, Domingos Freitas, Domingos Ribeiro Guimarães Peixoto, Eusébio José da Cunha, Fernando José de Mello, Francisco Antonio Leite, Francisco Antonio Rosa, Francisco Bibiano de Castro, Francisco da Silva Leite, Francisco das ChagasRibeiro, Francisco de Paula Vasconcellos, Francisco José dos Reis Alpoim, Francisco Júlio Xavier, Francisco Mendes Ribeiro, Francisco Xavier Ferreira, frei Carlos das Mercês, frei Francisco de Santa Tereza de Jesus Sampaio, Guilherme Cipriano Ribeiro, Guilherme Thompson, Hércules Octaviano Muzi, Ignácio Joaquim de Albuquerque, Ignácio José de Araújo,Inocêncio de Accioly Vasconcellos, João Antonio Maduro, João Antonio Pereira, João Bernardo de Oliveira Barcellos, João da Costa e Silva, João da Silva Feijó, João da Silva Lomba, João Fernandes Thomaz, João Francisco Nunes, João José Dias Camargo, João José Vahia, João Luiz Ferreira Drummond, João Mendes Viana, João Militar Henriques, João Pedro de Araújo Saldanha, João Ribeiro de Castro Braga, Joaquim de Gouveia, Joaquim Ferreira Franco, Joaquim Gonçalves Ledo, Joaquim José Ribeiro de Barros, Joaquim Nunes de Carvalho, Joaquim Valério Tavares, José Bonifácio de Andrada e Silva, José Cardoso Netto, José Clemente Pereira, José da Cruz Ferreira, José da Cunha Santos, José de Almeida Saldanha, José de Souza Teixeira, José Domingos de Athayde Moncorvo, José Ewbanch, José Ignácio Albernaz, José Joaquim de Gouveia, José Joaquim dos Santos Lobo, José Joaquim dos Santos, José Manoel Pinto Lobato, José Mariada Silva Bittencourt, José Rodrigues Gonçalves Valle, Luiz Cyriaco, Luiz Manoel de Azevedo, Luiz Pereira da Nóbrega de Sousa Cominho, Luiz Pereira da Silva, Manoel Carneiro de Campos, Manoel da Fonseca Lima e Silva, Manoel dos Santos Portugal, Manoel Gaspar Moreira, Manoel Ignácio Pires Camargo, Manoel Joaquim Correa da Silva, Manoel Joaquim de Menezes, Manoel Joaquim de Oliveira Alves, Manoel José da Silva Sousa, Manoel José de Oliveira, Manoel Pinto Ribeiro Pereira de Sampaio, Miguel de Macedo, padre João José Rodrigues de Carvalho, padre Manoel Telles Ferreira Pitta, Pedro José da Costa Barros, Pedro Ursini Grimaldi, Ricardo Alves Villela, Samuel Wook, Thomaz José Tinoco de Almeida, Thomaz Soares de Araújo.

Dentre estes maçons, chamamos a atenção para os seguintes nomes que compunham o corpo clerical da Igreja Católica: Cônego Januário da Cunha Barbosa, Frei Carlos das Mercês, Frei Francisco de Santa Tereza de Jesus Sampaio, Padre João José Rodrigues de Carvalho e Padre Manoel Telles Ferreira Pitta.

Desde o século XVIII encontram-se registros de vários maçons dispersos iniciados no exterior, porém com as perseguições da época, certamente não fundaram Lojas ou não mantiveram registros dos maçons e funcionamento.

LOJAS MAÇÔNICAS ANTES DE 1822

Percebe-se a quantidade de maçons que existiam no Brasil, e sem dúvida alguma fundaram várias lojas antes de 1822. A maçonaria brasileira, no aspecto de Loja, começou a tomar forma com a fundação do Areópago de Itambé no ano de 1796, tendo como precursores o maçom Manuel de Arruda Câmara, que utilizava o nome de Frei Manuel do Coração de Jesus e iniciado em Montpelier na França e desenvolveu atividades na Europa acompanhado de José Bonifácio de Andrada e Silva. O funcionamento da Areópago funcionava sob o aspecto do sigilo, semelhante a oficina no qual foi iniciado e contava no seu quadro com maçons e não maçons. Por isso ser confundida com uma Loja Maçônica.

O registro da primeira Loja Maçônica, foi em 1797 e denominava-se Loja Cavaleiros da Luz, de acordo com (CARVALHO):

Com os dados hoje disponíveis, a primeira referência a uma Loja maçônica brasileira que se tem notícia teria sido em águas territoriais da Bahia, em 1797, em uma fragata francesa La Preneuse, denominada Cavaleiros da Luz, sendo pouco tempo depois transferida para a Barra, um bairro de Salvador. Contudo, a primeira Loja regular do Brasil foi a Reunião, fundada em 1801, no Rio de Janeiro, filiada ao Oriente da Ilha de França (Ille de France), antigo nome da Ilha Maurício, à época possessão francesa e hoje britânica.

Sob o aspecto de Loja regular temos o seguinte registro: “A primeira Loja regular do Brasil foi a Loja Reunião, fundada em 1801, no Rio de Janeiro, filiada ao Oriente da Ilha de França (Ille de France), antigo nome da Ilha Maurício, à época possessão francesa e hoje britânica.” (CARVALHO).

Foram criadas as Lojas Constância e Filantropia, que passaram a funcionar no Rio de Janeiro. Passaram, acompanhadas da Loja Reunião, a acolher maçons regulares e irregulares, iniciando e levando-os ao grau de Mestre.

Apesar de controvérsias a exigir maiores pesquisas nesta área, essas foram as primeiras Lojas oficiais e consideradas regulares, pois já existiam, anteriormente, agrupamentos secretos, em moldes mais ou menos maçônicos, funcionando mais como clubes, ou academias, mas que não eram Lojas na acepção da palavra. (CARVALHO).

Várias Lojas Maçônicas foram fundadas e adormecidas no Brasil antes de 1822, muitas delas com registros e outras não. Percebe-se a instabilidade política e liberdade cerceada para promoção da fraternidade maçônica naquela época. De acordo com a lista das principais Lojas fundadas no Brasil (CASTELLANI e CARVALHO 2009):

Resumindo: os primeiros tempos da Maçonaria brasileira, até a fundação do Grande Oriente, seguem, aproximadamente - já que a época é nebulosa, do ponto de vista documental-, a seguinte cronologia dos principais fatos:

1796 - Fundação, em Pemambuco, do "Areópago de ltambé", que não era uma verdadeira Loja, pois, embora criado sob inspiração maçônicas não era totalmente composto por maçons;
1797 - Fundação da Loja "Cavaleiros da Luz", na povoação da Barra, Bahia;
1800 - Criação, em Niterói, da Loja "União";
1801 - Instalação da Loja "Reunião", sucessora da "União";
1802 - Criação, na Bahia, da Loja "Virtude e Razão";
1804 - Fundação das Lojas "Constância" e "Filantropia";
1806 - Fechamento, pela ação do conde dos Arcos, das Lojas "Constância" e "Filantropia";
1807 - Criação da Loja "Virtude e Razão Restaurada", sucessora da "Virtude e Razão";
1809 - Fundação, em Pemambuco, da Loja "Regeneração";
1812 - Fundação da Loja "Distintiva", em S. Gonçalo da Praia Grande (Niterói);
1813 - Instalação, na Bahia, da Loja "União";
1813 - Fundação de uma Obediência efêmera e sem suporte legal - que alguns consideram como o primeiro Grande Oriente Brasileiro - constituída por três Lojas da Bahia e uma do Rio de Janeiro;
1815 - Fundação, no Rio de Janeiro, da Loja "Comércio e Artes";
1818 - Expedição do Alvará de 30 de março, proibindo o funcionamento das sociedades secretas, o que provocou a suspensão - pelo menos aparentemente - dos trabalhos maçônicos;
1821 - Reinstalação da Loja "Comércio e Artes", no Rio de Janeiro;
1822 - 17 de junho: fundação do GRANDE ORIENTE.

CONCLUSÃO
Os primeiros maçons brasileiros foram: Manuel da Arruda Câmara que utilizava o nome de Frei Manuel do Coração de Jesus, médico e cientista, Francisco de Arruda Câmara, Domingos Vidal Barbosa, natural de Minas Gerais e os fluminenses José Mariano Leal e José Joaquim Maia, José Bonifácio de Andrada e Silva que foram iniciados em Montpelier, na França. Maçons que merecem destaque Antônio Carlos de Andrada e Joaquim Gonçalves Ledo.

Fica evidenciado que o Areópago de Itambé, fundada em 1796 no estado de Pernambuco, foi uma sociedade com funcionamento nos moldes de uma oficina maçônica e podemos dizer que uma incubadora dos ideais de criação de Lojas Maçônicas Regulares.

O primeiro registro de uma Loja Maçônica no Brasil foi a Loja Cavaleiros da Luz, no ano de 1797, em uma fragata francesa La Preneuse e em seguida transferida para a Barra-BA.

A primeira Loja Maçônica Regular no Brasil foi a Loja Reunião, fundada em 1801 no Rio de Janeiro, filiada ao Oriente da Ilha de França.

Antes de 1822 existiam vários maçons brasileiros, iniciados no exterior ou no Brasil, que antecederam a fundação do Grande Oriente do Brasil. Os maçons brasileiros eram iniciados sob os ideais iluministas e passaram a exercer influência nos aspectos políticos daquela época. Ao se reunirem em Lojas, tornaram-se uma ameaça a situação política da época e ao mesmo tempo uma esperança de trabalhar em um novo destino para o País.


REFERENCIAS
—  Fotografia: : http://acidadeeahistoria.blogspot.com.br/2012/10/alem-dos-canaviais-de-itambe.html
— ALENCAR, Renato de - Enciclopédia histórica do mundo maçônico – Tomo II – Rio de Janeiro – Editora Maçônica, 1980.
— CARVALHO, William Almeida de - Pequena (?!) História da Maçonaria no Brasil – disponível em <https://bibliot3ca.wordpress.com/pequena-historia-da-maconaria-no-brasil-william-almeida-de-carvalho/ > acessedo em 28/03/2017
— CASTELLANI, José e CARVALHO, William Almeida de, - História do Grande Oriente do Brasil – São Paulo, Editora Madras, 2009.
— DA SILVA, Francisco Bonato Pereira – Pioneira no Brasil – Recife – Revista Engenho e Arte nr 12 – 2003.
— ISMAIL, Kennyo – História da Maçonaria no Brasil: Origens, Consolidação e Evolução ao Momento Atual – Brasília – Ed. Unyleya - 2017
— ISMAIL, Kennyo – A verdadeira história dos primórdios da maçonaria no Brasil – 28/11/2011 – disponível em <http://www.noesquadro.com.br/2011/11/verdadeira-historia-dos-primordios-da.html> Acessado em 28/03/2017.
— ROCHA, Luiz Gonzaga - Ciência, Artes e Literatura Maçônica – Brasília, Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em História da Maçonaria – UnyLeya, 2016.

quarta-feira, 1 de março de 2017

Seria a Maçonaria filha predileta do Iluminismo ou seria o Iluminismo broto predileto da Maçonaria? Ou nem uma coisa nem outra?

Por Arthur Feitosa Vieira Monteiro, 01/03/2017



O tema nos convida a uma séria reflexão entre a maçonaria e iluminismo, particularmente no Brasil, encontramos na maçonaria uma simbiose com o Iluminismo. A Maçonaria desperta a necessidade de aprofundamento nos estudos históricos de sua origem, por não existir um fundador nem data de fundação nem documentação histórica. O Iluminismo possui robusta documentação histórica que seu início data entre 1650-1700 e seu término entre 1790-1800. Temos registros dos filósofos contemporâneos como Spinosa, John Locke, Pierre Bayle e Isaac Newton.

MAÇONARIA

Inicialmente como associação de pedreiros livres, formadas por construtores oficiais na Europa para os Reis e para a da Igreja Católica Apostólica Romana. Com o progresso das associações de maçons operativos, houve uma aceitação de associados que não exerciam a profissão de pedreiros, Segundo o Prof. Kennyo Ismail:


A Carta de Bolonha é anterior em 142 anos ao “Poema Regius” (1390), 182 anos ao “Manuscrito de Cooke” (1430), 219 anos ao “Manuscrito de Estrasburgo” reconhecido no Congresso de Ratisbona de 1459 e autorizado pelo Imperador Maximiliano em 1488, e 59 anos ao “Preambolo Veneziano dei Taiapiera” (1307). Todos esses documentos maçônicos antigos não somente comprovam a existência da Maçonaria Operativa e sua evolução histórica, mas principalmente sua evolução social, incluindo a atenção especial de reis e o interesse crescente de intelectuais e nobres.
A Carta possui anexos. Entre eles, conserva-se uma “lista de matrícula” registrada em 1272, que contém 371 nomes de Mestres Maçons (Maestri Muratori), dos quais 2 eram escrivães públicos, outros 2 eram freis e 6 eram nobres. Essa é a prova histórica mais clara de que, em pleno século XIII, a transformação da Maçonaria de Operativa em Especulativa já estava iniciada. (ISMAIL, 2011)

Conforme destacado, a maçonaria dos antigos e livres passava a contar os aceitos, abrindo-se a influências externas ao mundo operativo. Os novos conceitos e ideias passavam a influenciar os assuntos da maçonaria e reforçava a ideia da construção moral.

Deu-se no início do século XVIII a estruturação da maçonaria moderna na Inglaterra, com grande participação de Jean Theophile Desaguliers, Doutor pela Universidade de Oxford e Grão-Mestre da Grande Loja da Inglaterra consolidou a maçonaria inglesa com mudanças que elevaram o nível intelectual e transformou-a na instituição que influenciaria a democracia em vários países.

A maçonaria passou a ser um abrigo aos nobres e pensadores e proporcionava discussões intelectuais e Luz aos maçons da época, induzindo-os a serem livres pensadores.

ILUMINISMO


A semente do Iluminismo foi plantada pelo discurso do orador Ramsay1 numa iniciação na Grande Loja da França no dia 21 de março de 1737 que expressava a ideia de uma República Democrática Universal compatível com o sentimento patriótico e a elaboração de uma Enciclopédia universal de todo o que existe de bom, grande e luminoso nas artes e na ciência.

O discurso de Ramsay repercutiu nos mais elevados meios científicos, artísticos e literários da França, gerando-se então a ideia da Concepção e criação da colossal obra Encyclopédie. (ALENCAR, 1980, p.300). Obra editada no século XVIII por Jean le Rond d’Alembert e Denis Diderot tratava os três ramos do conhecimento: “Memória/História”, “Razão/Filosofia” e “imaginação/Poesia”. A obra abrigava grandes pensadores iluministas como Voltaire, Rousseau e Montesquieu. Além de Le Breton, Daubenton, Jacourt, Holbach, Anne Turgot.

O principal objetivo da grande obra, com 35 volumes, era mudar a maneira como as pessoas pensavam, conforme Diderot. A obra desafiava dogmas da Igreja Católica Romana e compêndios que influenciaram a Revolução Industrial na Inglaterra.

A construção do conhecimento histórico-filosófico-poético do movimento iluminista na França era a busca da felicidade humana:

O principal objetivo dos filósofos (e pensadores) iluministas era a busca da felicidade humana. Rejeitavam a injustiça, a intolerância religiosa e os privilégios da nobreza. E, pela promessa de livrarem a humanidade das trevas e trazer a luz por meio do conhecimento, foram chamados de iluministas. Vale fazer, aqui, os princípios e postulados maçônicos identificados com os pensamentos e objetivos dos “filósofos” do Iluminismo. (ROCHA, 2016)

Imanuel Kant em 1784 na resposta do que seria o Iluminismo traz um dos maiores conceitos de que o Iluminismo seria a saída do homem da sua imaturidade.

Uma das principais finalidade da humanidade é o progresso da sociedade para o bem-estar e felicidade de todos. A maçonaria proporciona a Luz aos seus iniciados. Objetiva formar livres pensadores e que tenham coragem de buscar o progresso e causar mudanças na sociedade para o bem-estar e felicidade de todos. O movimento do Iluminismo rejeitava a injustiça, intolerância religiosa e os privilégios da nobreza. Ou seja, a busca do conhecimento com o objetivo do bem-estar e da felicidade humana.

A história da maçonaria desde a operativa até a especulativa tem como um dos pilares principais o culto a moral e construção do caráter. A doutrina maçônica influenciou ou apoiou grandes maçons a lançarem ideias que alicerçaram o movimento iluminista. Existe a possibilidade de maçons envolvidos com os ideais iluministas que espalharam-se por vários países tais como Alemanha, Escócia, Estados Unidos, França, Inglaterra e em Portugal.

A doutrina maçônica promove uma verdadeira simbiose com o movimento ilustrado e propõe-se que a maçonaria é a Cellula Mater do Iluminismo, fato que ainda não podemos confirmar.

NOTAS
1 O Cavaleiro André Miguel Ramsay, escocês de Ayr era filósofo, político, homem de vasta cultura, do partido stuartista, exilado em Paris por ser partidário de Jacob III ao trono de seu pai Jacob II, tinha sido investido como Cavalheiro da Ordem de São Lázaro pelo Regente Filipe de Orleans.

REFERENCIAS
ALENCAR, Renato de - Enciclopédia histórica do mundo maçônico – Tomo II – Rio de Janeiro – Editora Maçônica, 1980.
FERREIRA, João Vicente Hadich – Filosofia: serviço social II – São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009.
ISMAIL, Kennyo – O Documento mais antigo da maçonaria: A carta dfe Bolonha – Brasília – 2011 - Disponível em: <http://www.noesquadro.com.br/2011/01/o-documento-mais-antigo-da-maconaria.html> consultado em 15/02/2017.
KANT, Mmanuel – Respondendo a pergunta: O que é Iluminismo - (Beantwortung der Frage: Was ist Aufklärung?) - Berlinische Monatsschrift, 1784 – Disponível em: <https://de.wikisource.org/wiki/Beantwortung_der_Frage:_Was_ist_Aufkl%C3%A4rung%3F> consultado em 17/02/2017.
MANSUR NETO, Elias – O que você precisa saber sobre a maçonaria – 2 ed. - São Paulo: Universo dos Livros, 2009.
REZENDE, Antonio – Curso de Filosofia: para professores e alunos dos cursos de segundo grau e de graduação – 13 ed – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005.
ROCHA, Luiz Gonzaga - Ciência, Artes e Literatura Maçônica – Brasília, Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em História da Maçonaria – UnyLeya, 2016.

Um maçom ilustre: Carlos Gomes.

Por Arthur Feitosa Vieira Monteiro, 31/01/2017

Antônio Carlos Gomes nasceu em Campinas-SP no dia 11 de julho de 1836, filho de Manuel José Gomes e de Fabiana Maria Jaquari Cardoso. Após o falecimento da sua mãe, seu pai que era diretor de uma banda de música na cidade formou uma banda com seus filhos, de onde vem os primeiros contatos do Carlos Gomes com a execução musica. Também conhecido pelo apelido de Nhô Tinoco e assim assinou várias de suas obras.
Carlos Gomes homenageado pelo Banco Central do Brasil

Na sua juventude compôs várias valsas, quadrilhas e polcas. Compôs a primeira Missa de São Sebastião repleta de misticismos. Apresentou vários concertos com seu pai e era um profundo admirador do compositor Verdi. Escreveu o Hino Acadêmico para a Faculdade de Direito.

Aproximação da corte imperial

Carlos Gomes participou da início do período romântico quando compôs várias óperas brasileiras e em português vide lista no anexo I, levando-as ao cenário internacional. Foi simpatizante das causas abolicionistas, recebendo o título de “Maestro da Abolição” pelo recém conhecido abolicionista brasileiro André Rebouças, deputado e conselheiro de D. Pedro II:

Carlos Gomes é muito mais. Mesmo fora do Brasil, a partir de 1864, ele participou e viveu os problemas sociais e políticos brasileiros. Embora não se deva confundir conscientização com engajamento. Monarquista convicto e declarado, grande admirador de D. Pedro II e da família imperial era, entretanto, a favor da causa abolicionista. Possuidor de um temperamento difícil, irascível, meticuloso, detalhista (que o digam suas cartas) era sensível, nobre, generoso. Jamais um mesquinho. (AGUIAR, p. 58).

 Figura retirada da página 59 da obra Considerações sobre Carlos Gomes (AGUIAR)

Iniciação Maçônica

Foi iniciado na ordem maçônica, juntamente com seu irmão José Pedro Santana Gomes, conforme ata no anexo II, a convite do maçom Américo de Campos, no dia 24 de junho de 1859 na Loja Amizade, fundada em 13 de maio de 1832, na cidade de Campinas – SP:

Foi por intermédio de Américo de Campos que Carlos Gomes foi iniciado na loja Amizade em 24 de junho de 1859. Carlos Gomes, recém-chegado à cidade de São Paulo para realizar um concerto, acompanhado de seu irmão José Pedro de Sant’anna Gomes e seu amigo Henrique Luís Levi, hospedou-se em república de estudantes da Academia de Direito, e logo conheceu Américo de Campos. Desta amizade surgiu a ideia de indicar Carlos Gomes para ser iniciado na loja Amizade, cuja iniciação foi registrada em Ata. (FRANCISCO, 2010)



Disponível em<http://www.lojamaestrocarlosgomes.org/carlos-gomes> consultado em 31/01/2017



No ano de 1861 Carlos Gomes apresentou no Teatro da Ópera Nacional a obra A Noite do Castelo. Em consequência do sucesso da cantata genuinamente nacional, o Imperador D. Pedro II o agraciou com a Imperial Ordem da Rosa, ordem honorífica criada pelo imperador D. Pedro I. Passados dois anos, Carlos Gomes apresenta a segunda ópera Joana de Flandres. Devido a competência e sucesso, Carlos Gomes foi convidado pela Academia imperial de Belas Artes para ir à Europa pagos pela Empresa de Ópera Lírica Nacional.

Na Europa recebeu o título de mestre, estabeleceu-se na cidade de Milão. A aceitação das suas óperas na Europa e Estados Unidos, se baseava em óperas tranquilas, de belíssima execução e cenários que envolviam indígenas brasileiros.

Em 1870, na ocasião do aniversário de Dom Pedro II, Carlos Gomes estréia no Teatro Lírico Provisório, na cidade do Rio de Janeiro. No início do ano de 1871 visita seu amado irmão José Pedro Santana Gomes, iniciados na ordem maçônica no mesmo dia. Em 18 de fevereiro despede-se do Imperador e segue para Europa. Em 1895 é operado para retirada de um tumor em sua língua e logo após viaja para o estado do Pará. Veio a falecer em 16 de setembro de 1896.

Carlos Gomes foi um exemplo de cidadão, discreto, não se envolveu diretamente nas contendas políticas. Propagou aos corações a sua arte, óperas, e a música que consta nas sete artes mais cultuadas pela maçonaria.

REFERENCIAS
- AGUIAR, L. - Considerações sobre Carlos Gomes - Textos do Brasil nº 12 - Música Erudita Brasileira – Disponível em <http://dc.itamaraty.gov.br/publicacoes/textos/portugues/revista12.pdf> acesso em 31/01/2017.
- FRANCISCO, Renata Ribeiro – AS SOCIEDADES ANTIESCRAVISTAS NA CIDADE DE SÃO PAULO (1850-1871) - Dissertação de Mestrado em História, UNESP, São Paulo, 2010.
- GALDEANO, Lucas Francisco – VENRÁVEL IRMÃO CARLOS GOMES: A grande presença na música clássica – O Malhete, informativo maçônico, ano VII, n. 80, 2015 - Disponível em <http://omalhete.blogspot.com.br/2015/11/ven-ir-carlos-gomes-grande-presenca.html#more> acessado em 31/01/2017.
- NOGUEIRA, Lenita W. M. - MÚSICA E POLÍTICA: O CASO DE CARLOS GOMES – Anais do XV Congresso ANPPOM, 2005

Pseudos maçons brasileiros: Frei Caneca era maçom?

Por Arthur Feitosa Vieira Monteiro, 31/01/2017

A execução de Frei Caneca por Murilo La Greca

Em Pernambuco, em especial na sua capital Recife, é comumente afirmado que o Frei Joaquim do Amor Divino Rabelo (1779-1825), conhecido como Frei Caneca é maçom. Ao pesquisarmos o vínculo existente entre o Frei Caneca e Maçonaria, encontramos muitos sites maçônicos, tanto nos de lojas quanto individuais (blogs) a afirmação e tratamento inconteste que o Frei Caneca era maçom.

O Frei Caneca, da ordem carmelita, exerceu o posto de capitão de guerrilhas participou ativamente na Revolução Pernambucana em 1817, ajudou a organizar o primeiro governo. Ativista apoiou vários movimentos políticos. Em 1824 foi detido nas funções de Secretário das tropas sublevadas e Orientador espirituais, foi preso pelas tropas imperiais e executado por fuzilamento em 1825.

Há o registro, embora sem acesso ao livro citado Mártires Pernambucanos do padre Dias Martins, pelo Grão Mestre Antônio do Carmo Ferreira no discurso proferido para as homenagens de Frei Caneca:

Nessa Loja Academia de Suassuna, o Frei Joaquim do Amor Divino Caneca, já ordenado em 1801, foi iniciado maçom, conforme registro do padre Dias Martins, em seu livro Mártires Pernambucanos, publicado inicialmente em 1853. Nessa obra, o autor acrescenta terem ingressado na Ordem, na mesma Loja Maçônica, os senhores Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, irmão de José Bonifácio, e o padre Miguelinho.
Em 1823, Frei Caneca entrega ao prelo suas Cartas de “Pítia a Damão”, sendo que na X Carta demonstra profundo conhecimento sobre a Maçonaria, informando já haver lido 14 livros a seu respeito, faz-lhe muitos elogios, pede respeito à mesma e revela o progresso já então alcançado pela Ordem maçônica em Pernambuco. (FERREIRA, 2013)

Em contrinuação em seu discurso, o Grão Mestre afirma que o renomado Jornalista Mário Melo, com assento na cadeira Frei Caneca na academia Pernambucana de Letras confirmou a iniciação maçônica de Frei Caneca:

Anos depois, essa notícia da iniciação maçônica do Frei Caneca é confirmada pelo jornalista Mário Melo, Secretário do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco, em seu livro “Maçonaria no Brasil, Prioridade de Pernambuco”, publicado em 1909. (FERREIRA, 2013)

Nas demais pesquisas realizadas, não foram encontradas evidências que o Frei Caneca sido iniciado ou tenha pertencido a alguma Loja Maçônica. Nas pesquisas acadêmicas, foi evidenciado o conhecimento de termos e conceitos da maçonaria pelo Frei Caneca, tais como Supremo Arquiteto do Universo, compasso, de acordo com a Carta V da Carta de Pídia a Damão de Frei Caneca:

[ ... ] Pela geometria conhecemos evidentemente a existência do Supremo arquiteto do universo; pela geometria admiramos a sua infinita sabedoria no sistema de criação, a sua Providência no andamento regular da natureza; pela geometria domamos a fúria do oceano, dirigimos a força dos euros, penetramos os abismos, e subimos os astros; ajustamos os impulsos do nosso coração com os ditames da reta razão; proporcionamos os trabalhos às nossas forças, os remédios às moléstias, às penas aos delitos, os prêmios às virtudes; pela geometria equilibramos os movimentos das grandes massas das nações, regularizamos o valor dos povos e seu entusiasmo.
Todas as coisas que não entram a régua e o compasso da geometria são desregradas e descompassadas, são monstruosas." [p. 222]. (Os escritos políticos de Frei Caneca - PUC – CD 0710591/CA - p.28,  apud Carta de Pídia a Damão de Frei Caneca).

Em outro trecho da Carta, percebe-se a defesa dos ideais maçônicos e liberdade política, com a valorização da defesa da independência e liberdade política, que a maçonaria cultua ao indivíduo:

A franco-maçonaria está mais adiantada [ ... ] porque está aqui [em Pernambuco] há mais tempo estabelecida e mais acreditada pela sua antiguidade no universo, universalidade na Europa, grandes personagens que nela têm figurado, pelos bens que há feito à humanidade, mormente no tempo da Revolução Francesa, e de presente da nossa independência e leberdade política. [p.287].(Os escritos políticos de Frei Caneca - PUC – CD 0710591/CA - p.29, apud Carta de Pídia a Damão de Frei Caneca ).

Constata-se a afinidade do Frei Caneca com os ideais maçônicos que convergem para esclarecimento político e social na época revolucionária com os seus interlocutores revolucionários:

O pertencimento a essa “sociabilidade maçônica” faz-se de maneira direta entre os interlocutores de Frei Caneca, entre os quais: Cipriano José Barata de Almeida, da Bahia; Joaquim Gonçalves Ledo, jornalista do Rio de Janeiro; Domingos José Martins e Antônio Gonçalves da Cruz, importantes lideranças de 1817. Podemos afirmar a participação de Frei Caneca junto a sociabilidade e ideais difundidos na maçonaria, ainda que o mesmo não tenha se filiado diretamente a maçonaria. (Os escritos políticos de Frei Caneca - PUC – CD 0710591/CA, p. 31)

Percebe-se que acessando-se os textos isolados do Frei Caneca, alguns maçons podem atribuí-lo o status de maçom sem mesmo buscar evidências em registros históricos sobre a iniciação ou pertencimento a alguma Loja maçônica conforme citado na obra “O Liberalismo Radical de Frei Caneca”:

Ora, não há provas de que Frei Caneca tenha sido filiado à maçonaria. O desmentido parte dele próprio. Em “Sobre as Sociedades Secretas de Pernambuco” esclarece que não tem sobre essa entidade “outras idéias, que as subministradas por alguns papéis, que sempre devem ocultar muitas coisas pela perseguição...”1. Não se confessa adepto de nenhum dos agrupamentos maçônicos. p.37 (MONTENEGRO, 1978)

Um fato que pode proporcionar aos maçons esse tipo de comportamento, é que nos tempos atuais, não existem evidências ou destaques de maçons brasileiros que possam ser tomados como herói, ou, como referência para comunidade maçônica brasileira. Haja vista o Juiz Sérgio Moro ao receber uma condecoração de uma potência maçônica, foi a ele imputado e amplamente divulgado nas redes sociais, a condição de maçom.
Previne-se estes tipos de situações, que associam a condição de maçom a homens de destaque na sociedade. A simples solução seria que cada maçom tenha responsabilidade da realização de pesquisas e divulgá-las após reunidas as evidências com as referências apropriadas.


NOTAS
1Obras Politicas e Litterarias de Frei Joaquim do Amor Divino Caneca. Recife, Typographia Mercantil, 1875, p. 289. (MONTENEGRO, 1978, p. 88)


REFERENCIAS
____ - Os escritos políticos de Frei Caneca - PUC – CD 0710591/CA – Disponível em: <http://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/15312/15312_3.PDF> acessado em 31/01/2017.
- FERREIRA, Antonio do Carmo - Discurso d ao ensejo das homenagens prestadas ao Ir.’. do Amor Divino, Frei Caneca - Forte de Cinco Pontas – Recife, 2013 - Disponível em: <http://domcarmo.blogspot.com.br/2013/03/informabim-326-e-b.html> consultado em: 30/01/2017.

- MONTENEGRO, João Alfredo de Sousa - O LIBERALISMO RADICAL DE FREI CANECA – Editora Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, 1978 – disponível em <http://www.cdpb.org.br/frei_caneca_j_alfredo.pdf> acessado em 30/01/2017.

Artigos acadêmicos-científicos publicados em periódicos brasileiros que têm a maçonaria como campo de estudo

Por Arthur Feitosa Vieira Monteiro, 06/02/2017

A maçonaria tem a tradição de passar os seus conhecimentos para estruturação ética e moral com símbolos e alegorias. Raras as vezes que o maçom escreve algum trabalho que não seja para elevação de graus ou apresentações em loja. Na maioria das vezes o maçom realiza as pesquisas e não o faz com o rigor científico/acadêmico, além de replicar lendas, contos ou invencionices repassados ou criados por outros maçons. Todo material produzido é salutar, porém para comunidade acadêmica e podemos dizer internacional e universal, tais trabalhos os esforços são colocados em dúvida por não seguir os princípios básicos de produção científica da academia. 

No Brasil encontramos muitos livros que tratam de assuntos pertinentes à maçonaria, porém a maioria ainda permanece com a tintura de romance. Poucos os que seguem o rigor de profundas pesquisas científicas e com as devidas citações. Importante a leitura do artigo Maçonaria e Internet (Anexo 1). Percebe-se que o celeiro principal da ordem maçônica para essa quebra de paradigma, são as Lojas Universitárias e Lojas de Pesquisas, pois naturalmente espera-se a produção dentro dos rigores acadêmicos. O ideal é que toda Loja Maçônica pudesse proporcionar a orientação da produção de trabalhos desde quando o maçom é iniciado.

Após pesquisa em revistas maçônicas impressas distribuídas principalmente em Brasília, São Paulo foram encontrados artigos de uma a tres páginas, com leitura prazeroza, porém sem citar fontes de pesquisas ou quaisquer referências, raras oportunidades em se encontrar um artigo que fornecesse as fontes das pesquisas. A tendência é que as revistas se preocupam mais com o retorno financeiro do que o rigor acadêmico no meio maçônico e não maçônico. Percebe-se nas revistas a divulgação e promoção das administrações maçônicas na qual são exploradas fotografias de eventos e situações políticas maçônicas, informações parciais e alguns artigos que se encaixam na política e no grupo anterior.

Em pesquisas realizadas na internet, sendo restrita ao Brasil, foram encontradas apenas duas revistas online de produção científica maçônica. Com poucas edições e vários artigos que atendem tanto os maçons quanto o público não maçônico (Anexo 2). As duas revistas são acessadas nos endereços eletrônicos: Revista Fraternitas in Praxis <http://www.finp.com.br/ojs/index.php/finp> e revista Ciência & Maçonaria <http://www.cienciaemaconaria.com.br/index.php/cem>. As duas revistas contam com regras estruturadas para avaliação e publicação dos artigos além de aparentemente possuirem o mesmo mecanismo de gestão textual de publicações, do Projeto Public Knowledge Project.

A revista Ciência & Maçonaria teve seu primeiro número publicado com o patrocínio da Loja Flor de Lotus, 38 da Grande Loja Maçônica do Distrito Federal. Tempos depois, devido a seriedade da propostas e do rigor dos artigos publicados facilitaram o vínculo com o Núcleo de Políticas Publicas da Universidade de Brasília. Ações como esta faz com que os maçons passem a publicar artigos com mais rigor em suas pesquisas.

Em 2007 o Professor e Maçom William Carvalho idealizou o COHISMA, Congresso Internacional de História da Maçonaria, por problemas de patrocínio não houve tempo hábil para realizá-lo. Passados nove anos, em 2016 foi lançado o I Congresso Internacional de Ciência & Maçonaria, organizado pelo NP3-CEAM-UnB, com apoio de GODF e GLMDF, a ser realizado de 7 a 09 de setembro de 2017, no Campus Darcy Ribeiro da UNB. A oportunidade de envios de artigos para este evento, poderá despertar a necessidade de se tratar com mais rigor as produções intelectuais maçônicas.

Foi encontrado um volume significativo de publicações que envolvem a maçonaria, as quais destacamos: artigos, dissertações e teses que atendem o mundo acadêmico em revistas/periódicos que são mantidos pelas universidades. Percebe-se que a maioria dos artigos científicos sobre a maçonaria produzidos por não maçons, nos campos da história e do direito.

Os artigos pesquisados encontram-se publicadas em instituições, das quais 8 são acadêmicas e 1 não acadêmicas.

Tabela 1 – Distribuição de revistas por Instituição e UF
Revista
Instituição
Região
Revista Ágora
UNISC
RS
Revista Ciência e Maçonaria
UNB
DF
Revista Eletrônica discente história.com
UFRB
RJ
Revista Fraternitas in Pax
Particular
RJ
Revista História da Educação
UFRGS
RS
Revista Internacional de História Política e Cultural Jurídica
UFF
RJ
Revista Mneme de Humanidade
UFRN
RN
Revista OPSIS
UFG
GO
Revista Sacrilegens
UFJF
MG


As publicações foram distribuídas nas seguintes unidades da federação: DF, GO, MG, RJ, RN, RS. Regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste. Não foram encontrados artigos maçônicos nas buscas realizadas nas instituições Federais de ensino superior na região Norte do país.


Gráfico 2 – Distribuição de artigos por UF

A maioria dos artigos encontrados foram nas áreas de: História, Direito, Educação, Matemática, Psicologia e Sociologia.


Gráfico 1 – Distribuição de artigos por área do conhecimento

As publicações científicas que envolvem a maçonaria, estão distribuídas nas universidades dos principais estados da federação e, certamente, a maioria dos autores não são maçons. Tais publicações envolvem a associação íntima entre a história do Brasil e a Maçonaria não enquanto instituição e sim pelos maçons.

REFERÊNCIAS

_____ - Revista Universo Maçônico – Editora Domínio, São Paulo, Ano 3, n. 09, 2009.
_____ - Open Journal Systems – Disponível em: <https://pkp.sfu.ca/ojs/> acessado em 28/01/2017.
_____ - Revista Palavra Maçônica – Cinzel Editora e Comunicalção Ltda, Ano 1, n. 03, São Paulo – SP.
- AMARAL, Giana Lange - O templário, jornal maçônico pelotense: um visão sobre a maçonaria, o positivismo e educação nos primeiros anos do século 20 – Revista História da Educação UFRGS, pelotas, v. 4, n. 7 (2000) – Disponível em <http://seer.ufrgs.br/index.php/asphe/issue/view/1293/showToc> acesso em 28/01/2017.
- ANDRADE, Breno Contijo - VOCABULÁRIO POLÍTICO E MAÇONARIA NA REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA DE 1817 – Revista OPSIS, Catalão, v. 10, n. 1, p. 169-186, jan-jun 2010 – Disponível em <https://www.revistas.ufg.br/Opsis/article/view/9519/8477#.WI9YGPkrLs0> Consultado em 28/01/2017.
- BARATA, A. M. et al. - Dossiê Maçonaria – Revista Nossa História – Rio de Janeiro, Ano 2, n. 20, 2005, p14-33
- BLANC, Cláudio – Maçonaria: Como surgiu e como funciona essa ordem fraternal que se espalhou pelo mundoe, até hoje, parece misteriosa – Revista Vida e Religião, On line Editora São Paulo, Ano 1, n. 05, p.22-29.
- CASTRO, Giane de Souza – A Cruz e o Compasso: as relações entre Igreja Católica e maçonaria no contexto do ultramontanismo em Juiz de Fora - Revista Sacrilegens, v. 03, n.1, 2006 do Programa de Pós-graduação em Ciência da Religião/UFJF – Disponível em: <http://www.ufjf.br/sacrilegens/files/2010/04/3-6.pdf> consultado em 29/01/2017.
- COELHO, Claudio Marcio - Jansenismo, maçonaria e reação católica: Alfredo Freyre e a disputa pela educação em Pernambuco (1910-1920) - Passagens. Revista Internacional de História Política e Cultura Jurídica Rio de Janeiro: vol. 9, no .1, janeiro-abril, 2017, p. 58-75. - Disponível em: <http://www.historia.uff.br/revistapassagens/num_public.php> consultado em 28/01/2017.
- COLUSSI, Eliane Lucia - A maçonaria gaúcha e a defesa do ensino laico no período da república velha – Revista História da Educação UFRGS, pelotas, v. 4, n. 7 (2000) – Disponível em <http://seer.ufrgs.br/index.php/asphe/issue/view/1293/showToc> acesso em 28/01/2017.
- COSTA, Luiz Mário Ferreira - Maçonaria e Antimaçonaria: Uma análise da “História secreta do Brasil” de Gustavo Barroso - Revista Sacrilegens, do Programa de Pós-graduação em Ciência da Religião/UFJF – Juiz de Fora – Disponível em: <http://www.ufjf.br/ppghistoria/files/2009/12/Luiz-Mario-Ferreira-Costa.pdf> consultado em 29/01/2017.
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- DE CARVALHO, Marcio Dillmann - Análise de símbolos em diplomas maçônicos – Revista Ágora, Santa Cruz do Sul, v.17,n. 02,p. 144-151, jul./dez. 2015 – disponível em: <https://online.unisc.br/seer/index.php/agora/issue/view/321> acessado em 28/01/2017.
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- GALDEANO, Lucas Francisco – A Maçonaria Universitária - Revista Entre Colunas – Informativo Cultural Maçônico – Brasília, ano 2, Ed. 5, 2013.
- GALDEANO, Lucas Francisco – As Lojas universitárias e a modernização da maçonaria: Um estudo no GOB na primeira década do século XXI - Revista Ciência e Maçonaria – Brasília, Vol. 1, n.2, p. 125-136, jul/dez, 2013 - Disponível em: <http://www.cienciaemaconaria.com.br/index.php/cem/article/view/17/15> consultado em 28/01/2017.
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- ISMAIL, Kenyo - MAÇONARIA & INTERNET - No Esquadro, Brasília, 2011 – Disponível em: <http://www.noesquadro.com.br/2011/08/maconaria-internet.html> consultado em 30/01/2017.
- ISMAIL, Kenyo - MAÇONARIA: DEMOCRACIA E MERITOCRACIA NO MUNDO OCIDENTAL -Revista Fraternitas in Praxis, Rio de Janeiro, Vol. 1, n.1, p. 33-39, Mai/Ago, 2013. Disponível em: <http://www.finp.com.br/ojs/index.php/finp/article/view/13> consultado em 28/01/2017.
- ISMAIL, Kenyo - REVISTAS CIENTÍFICAS SOBRE MAÇONARIA – No Esquadro, Brasília, 2013 – Disponível em: <http://www.noesquadro.com.br/2013/08/revistas-cientificas-sobre-maconaria.html> consultado em 30/01/2017.
- ISMAIL, KENYO – Porque a maçonaria brasileira está perdida: Uma análise comparativa da influência dos diferentes lemas sobre as atividades maçônicas - Revista Ciência e Maçonaria – Brasília, Vol. 1, n.1, p. 29-50, Jan/Jun, 2013 – Disponível em: <http://www.cienciaemaconaria.com.br/index.php/cem/article/view/6/3> consultado em 28/01/2017.
- KIRCHHEIN, Augusto Frederico O Castilhismo e o Campo Religioso Gaúcho: um olhar focando a área do ensino - Revista Sacrilegens, v. 03, n.1, 2006 do Programa de Pós-graduação em Ciência da Religião/UFJF, Juiz de Fora – Disponível em: <http://www.ufjf.br/sacrilegens/files/2010/04/3-8.pdf> consultado em 29/01/2017.
- LEONIDIO, Adalmir - Religião e filantropia: a Maçonaria Católica do Brasil (1890-1910) - Revista Sacrilegens, do Programa de Pós-graduação em Ciência da Religião/UFJF, Juiz de Fora – Disponível em: <http://www.ufjf.br/locus/files/2010/02/Religi%C3%A3o-e-filantropia.pdf> Consultado em 28/01/2017.
- MAGALHÃES, Fernando da Silva - O RITO MODERNO OU FRANCÊS: Novas concepções iluministas para uma epistemologia maçônica. Revista Fraternitas in Praxis, Rio de Janeiro, Vol. 2, n.1, p. 13-19, Jan/Abr, 2015. - Disponível em <http://www.finp.com.br/ojs/index.php/finp/issue/view/4> consultado em 28/01/2017.
- MENDES, Luan Mendes de Medeiros – Um breve panorama da historiografia maçônica: De sua criação à atuação na proclamação da república – Revista eletrônica discente história.com, Cahoeira – BA, Vol. 2, n. 3, 2014 - disponível em: <https://www3.ufrb.edu.br/seer/index.php/historiacom/article/view/146> acessado em 28/01/2017.
- MORAIS, Leo Jaime de Freitas - A luta entre a maçonaria e a igreja católica no Brasil do século XIX - Revista Sacrilegens, do Programa de Pós-graduação em Ciência da Religião/UFJF, Juiz de Fora – Disponível em: <http://www.ufjf.br/bach/files/2016/10/Jutas-de-fruto-comprido> consultado em :29/01/2017.
- NUNES, Anderson Lupo - A SEQUÊNCIA DE FIBONACCI NO TEMPLO DE SALOMÃO - -Revista Fraternitas in Praxis, Rio de Janeiro, Vol. 1, n.2, p. 21-30, Set/Dez, 2013. - Disponível em <http://www.finp.com.br/ojs/index.php/finp/article/view/24> consultado em 28/01/2017.
- PIRES, Joaquim da Silva – República: Deodoro desejava? - Revista Engenho e Arte, Rio de janeiro, n. 12, 2003, p.7-12.
- SILVA, D. E.; SILVA, I.G. - DEUS MEUMQUE JUS - Revista Fraternitas in Praxis, Rio de Janeiro, Vol. 2, n.2, p. 25-32 Mai/Ago, 2015 – Disponível em <http://www.finp.com.br/ojs/index.php/finp/issue/view/5> Consultado em 28/01/2017.
- SILVA, Ivanilson Bezerra – Maçonaria e educação na cidade de Sorocaba na segunda metade do século XIX: Uma nálise a partir das relações de poder - Revista Ciência e Maçonaria – Brasília, Vol. 1, n.1, p. 65-79, Jan/Jun, 2013 – Disponível em: <http://www.cienciaemaconaria.com.br/index.php/cem/article/view/8/5> consultado em 28/01/2017.
- SILVA, Marcos José Diniz – “QUE AS MINORIAS NÃO SEJAM ESPEZINHADAS EM SEUS DIREITOS”: IGUALDADE RELIGIOSA EM DEBATE NA IMPRENSA CEARENSE NAS DÉCADAS DE 1920 E 19301 – Revista Ciência e Maçonaria - Brasília, Vol. 1, n.1, p. 7-20, Jan/Jun, 2013 – Disponível em: <http://www.cienciaemaconaria.com.br/index.php/cem/article/view/4> consultado em 28/01/2017.
- SILVA, Marcos José Diniz – Maçonaria e laicismo republicano na imprensa católica cearence entre os anos de 1910 e 1920 – Revista Ciência e Maçonaria - Brasília, Vol. 1, n.1, p. 7-20, Jan/Jun, 2013 – Disponível em: <http://www.cienciaemaconaria.com.br/index.php/cem/article/view/4> consultado em 28/01/2017.


APÊNDICE

Artigos encontrados nas principais universidades dos estados da federação.

Tabela 2 – Pesquisa de artigos acadêmico-científico que envolvem maçonaria
Revista-Periódico
Instituição
Meio
Região
ciência
campo de estudo
período hisórico
Ágora
UNISC
Revista
RS
História
Maçonaria
1902-1939
Ciência e Maçonaria
UNB
Revista
DF
Direito
Direito
Século XXI
Ciência e Maçonaria
UNB
Revista
DF
História
Maçonaria
Século XXI
Ciência e Maçonaria
UNB
Revista
DF
Psicologia
Maçonaria
Século XVIII-XXI
Ciência e Maçonaria
UNB
Revista
DF
História
Maçonaria
Século XIX-XX
Ciência e Maçonaria
UNB
Revista
DF
História
Maçonaria
Século XX
Ciência e Maçonaria
UNB
Revista
DF
História
Educação
Século XIX
Ciência e Maçonaria
UNB
Revista
DF
História
Religião
1910-1930
Ciência e Maçonaria
UNB
Revista
DF
História
Religião
1910-1920
Eletrônica discente história.com
UFRB
Revista
RJ
História
Política
1889-1930
Fraternitas in Pax
Particular
Revista
RJ
História
Maçonaria
Séculos XVIII-XX
Fraternitas in Pax
Particular
Revista
RJ
História
Maçonaria
Século XXI
Fraternitas in Pax
Particular
Revista
RJ
Matemática
Maçonaria
Século XX
Fraternitas in Pax
Particular
Revista
RJ
Direito
Maçonaria
Século XX
História da Educação
UFRGS
Revista
RS
Educação
Educação
século XX
História da Educação
UFRGS
Revista
RS
História
Educação
1889-1930
Internacional de História Política e Cultural Jurídica
UFF
Revista
RJ
História
Educação
1910-1920
Mneme de Humanidade
UFRN
Periódico
RN
História
Maçonaria
1824-2005
OPSIS
UFG
Revista
GO
História
Política
século XIX
OPSIS
UFG
Revista
GO
História
Religião
1920-1930
Sacrilegens
UFJF
Revista
MG
História
Religião
século XIX e XX
Sacrilegens
UFJF
Revista
MG
História
Política
1935-1938
Sacrilegens
UFJF
Revista
MG
História
Política
Século XIX
Sacrilegens
UFJF
Revista
MG
Sociologia
Maçonaria
1890-1910
Sacrilegens
UFJF
Revista
MG
História
Religião
Século XIX