Por Arthur Feitosa Vieira Monteiro, 01/02/2017
Existe uma simbiose entre a história da maçonaria e independência
do Brasil, haja vista as diferentes posições e visões de alguns
maçons influentes na maçonaria bem como no império, dentre os
quais destacamos dois nomes importantes, José Bonifácio e Gonçalves
Ledo. Protagonistas de articulações a frente e nos bastidores do
recém-fundado Grande Oriente e influências na máxima esfera
imperial. Para um melhor entendimento da rivalidade entre estes dois
maçons, é de suma importância conhecer uma síntese da biografia
destes notáveis líderes brasileiros.Joaquim Gonçalves Ledo, na maçonaria recebeu o nome histórico de Diderot. Nasceu no Rio de Janeiro-RJ em 1781, Mudou-se para Coimbra onde tem o seu curso de Medicina incompleto. Ao retornar para o Brasil trabalhou no Exército. Trabalhou de forma bastante atuante nos movimentos pela independência do Brasil. Participou na maçonaria e fez dela o celeiro das ideias de liberdade do país. Em 1821 fundou com o cônego Januario Barbosa um jornal intitulado Revérbero Constitucional Fluminense, que teve como foco o movimento de independência do Brasil, jornal este que buscava a integração e nacionalismo. Participou para a reerguimento da Loja Comércio e Artes. Com articulação de Gonçalves Ledo e Domingos Barreto entregaram o título de Defensor Perpétuo do Brasil ao D. Pedro em 13 de maio 1822. Foi eleito deputado, foi perseguido e processado em outubro de 1822 pelo seu rival e Ministro de Estado José Bonifácio. Em seguida o Grande Oriente do Brasil foi fechado, e fugiu acompanhado de Januário, Alves e Clemente para que não fossem presos ou deportados. Com o enfraquecimento dos Andradas, em julho do ano seguinte voltou ao Brasil e assumir o cargo de deputado o qual havia sido eleito e permaneceu no cargo até 1834. Nos anos 1831 e 1832 trabalhou para o soerguimento do Grande Oriente. Faleceu no dia 19 de maio de 1847.
José Bonifácio de Andrada e Silva. na maçonaria recebeu o nome
histórico de Pitágoras. Nasceu em Santos-SP em 1763. Estudou
Ciências Naturais em Coimbra, estagiou na Alemanha, Itália, França
Dinamarca e Suécia. Foi primeiro professor de Metalurgia da
Universidade de Coimbra. Pertenceu a diversas entidades científicas
da Europa. Dominava vários idiomas tais como francês, grego, latim,
alemão e inglês. Participou como tenente-coronel da resistência da
invasão das tropas de Napoleão. Retornou ao Brasil em 1819 e
participou ativamente na política.. Em 1821, foi vice-presidente da
Junta Governativa de São Paulo e, a 24 de dezembro do mesmo ano,
redigia o ofício dos paulistas a D. Pedro. Em 18 de janeiro de 1822,
nove dias depois do "Fico", José Bonifácio chegava ao Rio
para assumir o Ministério do Reino e de Estrangeiros. Quando da
fundação do Grande Oriente, a 17 de junho, foi escolhido
Grão-Mestre pela sua influência política. Fundou a Nobre Ordem
dos Cavalheiros de Santa Cruz ou o Apostolado para a luta pela
independência. Trabalhou na construção da Marinha de Guerra.
Discordava do grupo de Gonçalves Ledo, pois pregava uma
independência com união do Brasil com Portugal ao invés da total
emancipação. Por ser muito influente com D. Pedro, iniciou-se
muitos atos de hostilidade e perseguição ao grupo de Gonçalves
Ledo, que prontamente era respondido. Em 17 de julho de 1823,
ocorreu sua queda, seguida de prisão e desterro. Só voltaria ao
país em 1829 e, após a abdicação de D. Pedro I e a pedido deste,
tornou-se tutor do futuro D. Pedro II. Ainda em 1831, participaria da
reinstalação do Grande Oriente, voltando a ser seu Grão-Mestre. Em
1832 foi destituído da tutoria, processado, preso e absolvido,
posteriormente. Faleceu em Niterói em 6 de abril de 1838.
Na fundação do Grande Oriente Brasiliano, em 28 do terceiro mês de
5822 V.L. o maçom José Bonifácio de Andrada e Silva foi nomeado
Grão-Mestre Geral e eleito como Primeiro Grande Vigilante o maçom
Joaquim Gonçalves Ledo. O Grupo de Gonçalves Ledo, contra a opinião
do grupo de José Bonifácio, promoveu a iniciação de D. Pedro com
interesses políticos, que após três dias foi elevado a mestre
maçom. Por sugestão de Gonçalves Ledo, Dom Pedro é aclamado
Grão-Mestre do Grande Oriente Brasiliense. José Bonifácio ficou
insatisfeitoao ser destituído do cargo.
Gonçalves Ledo, pelo Partido Libebral, com o ideal republicano,
trabalhava para o rompimento total da submissão e relações do
Brasil com Portugal, ou seja, a Independência do Brasil. José
Bonifácio, pelo partido Andradista, com o ideal monarquista,
trabalhava para um movimento de emancipação política e manutenção
das relações com a corte portuguesa com a união das coroas e
defendia que as lideranças políticas fossem esclarecidas e cultas
para manutenção e integração política e econômica do Brasil.
Gonçalves Ledo merece destaque na história da maçonaria brasileira
e na independência do Brasil. Fatos que foram obscurecidos, por
influência do seu rival e José Bonifácio, ambos maçons embora
divergentes nos interesses e perspectivas do futuro político
Brasileiro.
Gonçalves Ledo foi um dos maiores maçons Brasileiros e foi um dos
mais injustiçados pelos historiadores brasileiros, pois não existem
muitos registros da sua participação decisiva nos movimentos da
independência brasileira.
REFERÊNCIAS
- ALENCAR,
Renato de - Enciclopédia histórica do mundo maçônico – Tomo II
– Rio de Janeiro – Editora Maçônica, 1980.
- BATISTA,
Walter – Gonçalves Ledo - Disponível em
<http://www.goncalvesledo.org/joaquim-goncalves-ledo>,
consultado em 28/01/2017.
-
CASTELLANI, José e CARVALHO, William Almeida de, - História do
Grande Oriente do Brasil – São Paulo, Editora Madras, 2009.
- COSTA,
Emília Viotti da – Da monarquia à república: momentos decicivos
– São Paulo – Fundação Editora da UNESP, 1999.
- GUIMARÃES,
João – Tudo o que seu mestre mandar – Brasília – DF –
Academia de Letras de Brasília – 2009.
- LIMA, Gleiton Luiz de – Formação social, política e econômica do Brasil – São Paulo – Editora Pearson Edutarion do Brasil, 2009
- PEREIRA, Juvenal Antunes – Mistérios maçônicos, símbolos perdidos e rastros de intolerância – Brasília – DF – Editora e Gráfica ALPHA, 2011.
- VARELLA, João Marcos
Varella - O conflito entre Ledo e José Bonifácio – Disponível
em:
<http://mictmr.blogspot.com.br/2005/12/o-conflito-entre-ledo-e-jos-bonifcio.html>,
consultado em 28/01/2017.
- PEREIRA, Juvenal Antunes – Mistérios maçônicos, símbolos perdidos e rastros de intolerância – Brasília – DF – Editora e Gráfica ALPHA, 2011.
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