quarta-feira, 1 de março de 2017

Ética

Por Arthur Feitosa Vieira Monteiro, 20/01/2017

A maçonaria estabelece uma doutrina baseada na ética que é alicerçada nos princípios filosóficos e religiosos que vem sendo aperfeiçoado na linha do tempo. Com o trabalho dos seus afiliados, há uma transformação no comportamento individual, que proporciona um bem-estar entre os seus confrades, com a família e aplicada em diversos ramos da sociedade, tais como política e economia. No dia a dia, a comunidade norteada pela razão, julga o caráter moral de cada pessoa, que reflete um modelo de convivência para promoção da harmonia e do progresso entre todos.

Desde a sua fundação formal, a maçonaria preocupa-se com a construção do caráter do obreiro com base na ética e pode ser verificada no seu contexto histórico-social. A sociedade, em parte, está desprovida de ética na política, no trabalho, nos meios culturais, nas famílias e até mesmo nas religiões que antes eram o repositório sagrado da ética e moral.

Percebe-se que atualmente, na sociedade, encontram-se os valores morais distorcidos. Os interesses no culto dos bens materiais forçam os cidadãos na busca da autor realização, na obstinação do prestígio e do sucesso puramente material. Dessa forma o desprezo a ética é diretamente proporcional a conquista de tais valores que não são baseados na moral, ou bem-estar social ou profissional.

Destacaremos os conceitos de ética que são comumente utilizados na sociedade e no meio acadêmico:

Noção de ética

A partir dos estudos sobre Ética na Grécia Antiga, estabeleceu-se regras para uma boa convivência entre os cidadãos que formam a sociedade. Antes disso, vários textos religiosos ensinam e cobram a prática da ética, para que a convivência e as relações sociais se tornem mais pacíficas.

A ética questiona valores a partir do modo de ser de um determinado povo, de uma determinada cultura. Está intimamente ligada à busca do bem e da felicidade. Em outras palavras, estuda o comportamento moral do ser humano e a sua ação reta e suas possíveis consequências.

A ética leva em conta o interesse da sociedade como um todo, diferente da moral, que determina o que é bom e o que é ruim no comportamento das pessoas. A ética indica o que é mais justo ou menos injusto perante as escolhas que fazemos, escolhas estas que podem afetar ou não outras pessoas.

As normas morais são aquelas que se baseiam na consciência moral das pessoas ou do grupo. As normas jurídicas, como o próprio nome diz, baseiam-se na força coercitiva do Estado, devendo ser obedecida; quando não são, ocorre uma punição, prevista em lei.

Definição de ética

Ética é o nome geralmente dado ao ramo da filosofia dedicado aos assuntos morais. A palavra "ética" é derivada do grego, e significa aquilo que pertence ao caráter. No Dicionário Aurélio (2009) o verbete “ética” é identificado como “o estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto”.

Moral é derivado do latim que significa costumes. Na sua origem o conceito de moral e ética era equivalente, para uma melhor definição e entendimento da teoria e da prática, houve necessidade de separação da ética e da moral.

A ética procura teoricamente os princípios fundamentais do comportamento humano. A moral procura de forma direta pôr em prática o comportamento com base nas teorias dos seus princípios fundamentais.

Evolução da ética

Uma rápida visão da história e temos o entendimento de que o conceito de ética passou por transformações em todas as épocas. A sua apreciação acompanhou a evolução da sociedade, onde a razão do resultado foi sendo substituída pela razão não repressora, capaz de autocrítica e colocada a serviço do desenvolvimento humano. Claro que o espectro dos conceitos de ética acompanhou a evolução da própria sociedade, adequando-se às necessidades desta.

Os gregos como os romanos eram homens de profundas ideias e convicções religiosas. Tanto uns como os outros, seja por via da Razão ou da Ação, da Fé ou do acatamento das Leis da Natureza, buscavam unirem-se, compreender, encontrar os seus deuses, esses deuses que permaneciam nos montes, como que a encorajar a elevação dos homens.

Se a ideia destas civilizações foi que a virtude era o meio de chegar a seus deuses, tanto os gregos e os romanos, referiam-se à mesma coisa quando falavam de Ética e de Moral. Tratava-se de harmonizar o homem, de ajudá-lo para que nele brotasse as fontes de Justiça e de Bem que lhe permitiriam beber das águas da Divindade.

Ética empírica

É aquela em que os princípios foram derivados da observação dos fatos. Mais do que isso, foi a experiência concreta na vida social que levou seus defensores a provar o fato de que sem os valores éticos a vida social é impossível. Seus defensores são chamados de “empiristas” e suas teorias da conduta baseiam-se no exame da vida moral. Segundo os empiristas, os preceitos disciplinadores do comportamento estão implícitos no próprio comportamento da maioria dos seres humanos. Para os teóricos da ética empírica, não se deve questionar o que o homem deve fazer, e sim examinar o que o homem normalmente faz, pois o homem deve ser como naturalmente é, e não se comportar como as normas queiram que ele seja. O drama ocidental foi que o empirismo nos levou ao relativismo.

Como a conduta humana varia de acordo com a cultura e o tempo histórico, a defesa que os empiristas fazem da existência de uma moral universal, natural e própria do ser humano mostra-se improvável nos dias atuais, tanto que o subjetivismo, próprio da visão da ética empírica, terminou por gerar visões de ética que são opostas ao conceito grego original - defesa da vida comunitária. É possível assim dividir as teorias éticas nascidas da ética empírica: Ética Anarquista (subjetiva), Ética Utilitarista, Ética Ceticista.

A Ética Anarquista repudia toda norma, todo valor, direito, moral, convencionalismos sociais, religião.


A Ética Utilitarista tem como teoria que só é bom o que é útil: a conduta ética desejável é a conduta útil. A utilidade, porém, é mero atributo de um instrumento. A eficácia técnica dos meios não corresponde ao valor ético dos fins.

A Ética ceticista tem como proposta a dúvida, pondo em dúvida todas as crenças tidas como verdadeiras para as demais pessoas. Uma teoria de ética cética, portanto, é aquela em que o valor moral maior consiste justamente em colocar em dúvida todos os valores aceitos como essenciais para a maioria dos teóricos.

Ética formal

O formalismo ético tem como fundamento um princípio básico proposto por Kant do Imperativo Categórico: Age sempre de tal modo que a máxima de atuação possa ser elevada, por sua vontade, à categoria de lei de universal observância´. O Imperativo Categórico é o supremo princípio da moralidade, ele é incondicional e universal. É o dever de toda pessoa de agir conforme os princípios que ela quer que todos os seres humanos sigam.

Ética dos valores

A ética dos valores ou ética valorativa constitui basicamente uma inversão do que seria a ética formal kantiana, pois para Immanuel Kant uma ação só é boa, só tem valor, se obedecer ao princípio categórico. Enquanto que para a ética dos valores uma ação só é boa se fundamentada em um valor, consequentemente tornando-se um dever. Todo dever é fundamentado em um valor.

O valor é definido no dicionário AURÉLIO como: “Qualidade pela qual determinada pessoa ou coisa é estimável em maior ou menor grau, mérito ou merecimento intrínseco, valia”. Sem valor o homem não existe. Os valores existem por si só, integram a esfera supra-sensível do mundo imaterial. Como não são criados, os valores são descobertos. Segundo a perspectiva assumida por Max Sheler e Nicolai Hartmann, os valores devem ser considerados como realidades absolutas, independentes de suas relações com a realidade. Eles estão separados da existência, pois “ser” e “valor” habitam mundos diferentes. Valores são essências, não se enraízam nas coisas, não são criados pelo homem, apenas descobertos por ele, sendo apenas intuitiva a sua apreensão.

O valor representa um grande marco jurídico para o Direito. São os valores que norteiam a constituição, que traçam suas diretrizes e suas prioridades. “Nenhuma sociedade pode sobreviver sem um código moral fundado em valores compreendidos, aceitos e respeitados pela maioria de seus membros”. Os valores dão sentido ao código de normas, coragem racional e psíquica, e ainda contribuem para a integração social.

Os bens só existem porque existem valores. Os valores só se dão para conhecimento àqueles que possuem capacidade estimativa. As intuições estimativas podem variar, mas não alteram o valor.

Divisão da ética.

Em função dos valores estabelecidos pela consciência do ser humano, a ética foi dividida em objetiva e subjetiva.

A ética subjetiva pressupõe que os valores são constituídos individualmente, não existindo uma forma para se colocar valores para todos.

Pela ética objetiva, os valores são válidos para todos os seres humanos, sendo seus defensores os humanistas e os cristãos. No humanismo, eles são baseados na natureza humana; no cristianismo, os valores são norteados pela fé.

Importância da ética

É indispensável o cidadão adotar um comportamento Ético para viver em harmonia com a sociedade. Plotino quando disse que a Virtude é um meio, um caminho para atingir o Reino da Divindade, ou seja, a Perfeição. Quer dizer que a nossa própria conduta ética é como se fosse uma escada que, conforme o caso nos facilita ou dificulta a ascensão à Realidade.

A maçonaria, em sua doutrina, define que o homem não é um ser à parte da Criação, nem que esteja desvinculado das leis que regem o Universo. No domínio da Física é bem conhecida a lei da ação e da reação: se for produzida uma ação num certo sentido, cria-se imediatamente uma reação de igual intensidade e sentido contrário. Se isto acontece no campo da matéria densa, com mais razão deve dar-se nos planos mentais e emocionais.

Segundo este ponto de vista, a nossa conduta é uma ação que, no plano específico, origina uma reação consequente. Assim sentimo-nos mais seguros, porque nos vemos fazendo parte de uma lei matemática e inexorável, ao mesmo tempo em que adquirimos consciência da nossa própria liberdade ao poder decidir sobre a nossa conduta, e as consequências que pode acarretar essa conduta que escolhemos. E podemos dizer, parafraseando o poeta, que "nós somos os arquitetos do nosso próprio destino".

Interpretamos a ética maçônica a partir de (TRISTÃO, 2016): - Consciência maçônica, que aqui se define como sendo“o poder da alma de se perceber a si mesma como ativa ou passiva”, é o gozo ou privilégio de perceber a si mesmo e as suas próprias modificações com absoluta certeza.”. A maçonaria sugere em um de seus ritos a prática da ética: “Fidelidade ao dever que a consciência impõe”.

Considerações finais

Ao se tratar o cidadão como indivíduo é imprescindível o respeito a sua individualidade. Cada comportamento está associado a personalidade que foi formada pelos princípios éticos por meio da moral estabelecida pela sociedade. Sendo assim pode-se deparar com conflitos de interesses. Diante desse aspecto o cidadão terá que escolher qual o interesse a ser atendido para preservar a harmonia no convívio social. A decisão a ser tomada será baseada em que?

Esta escolha é justamente a definição entre o que é bom ou ruim, o que é certo ou errado para as partes envolvidas. Para uma solução mais eficaz, as regras a serem escolhidas deverão ser baseadas na ética, ou seja, uma vez a necessidade de pô-las em prática utiliza-se a moral com suas normas jurídicas, formais ou informais.

A maçonaria de forma indireta sugere constantemente reflexões de como um maçom deve agir e se é correto? Dentre muitas outras, a Ética faz parte da doutrina maçônica, que abraçam normas morais e jurídicas da sociedade. A forte sugestão é que o maçom de forma ética, se esforce a fim de atender os conflitos de interesses e passe a utilizar a Equidade em vez da simples Justiça.

Referências
-VASCONCELOS, Ana – Manal compacto de filosofia- São Paulo- SP – Editora Rideel, 2010
- RUBATTINO, Alceu – Ética Profissional, uma aboradagem crítica no Ensino – – Belém – PA - Editora Twee, 2016
- A Classificação da Ética – disponível em: <https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=6&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwjy4OXxztDRAhWDlJAKHSRWDsoQFgg6MAU&url=http%3A%2F%2Funipvirtual.com.br%2Fmaterial%2FUNIP%2FBACHARELADO%2FCONTABILIDADE%2FSEGUNDO_SEMESTRE%2FETICA_GERAL_PROFISSIONAL%2FDOC%2Fmod_5.doc&usg=AFQjCNHZdNL099Inw6sZsbAXq0fdAzOpnQ&sig2=FaJF2PlJTV0-kPv835k7ww>, consultado em 19/01/2017
- TRISTÃO, Gilberto - Filosofia e Doutrina Maçônicas – Brasília – DF, Editora UnyLeya – 2016.
- NÓBREGA, Ana Cláudia - Ética formal e dos valores – Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAABPjEAJ/etica-formal-etica-dos-valores> consultado em 12/01/2017


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