Por
Arthur Feitosa Vieira Monteiro, 20/01/2017
A
maçonaria estabelece uma doutrina baseada na ética que é alicerçada nos princípios
filosóficos e religiosos que vem sendo aperfeiçoado na linha do tempo. Com o
trabalho dos seus afiliados, há uma transformação no comportamento individual,
que proporciona um bem-estar entre os seus confrades, com a família e aplicada
em diversos ramos da sociedade, tais como política e economia. No dia a dia, a
comunidade norteada pela razão, julga o caráter moral de cada pessoa, que
reflete um modelo de convivência para promoção da harmonia e do progresso entre
todos.
Desde
a sua fundação formal, a maçonaria preocupa-se com a construção do caráter do obreiro com base na ética e pode ser verificada no seu contexto histórico-social. A sociedade, em parte, está desprovida de ética
na política, no trabalho, nos meios culturais, nas famílias e até mesmo nas
religiões que antes eram o repositório sagrado da ética e moral.
Percebe-se que atualmente,
na sociedade, encontram-se os valores morais distorcidos. Os interesses no
culto dos bens materiais forçam os cidadãos na busca da autor realização, na
obstinação do prestígio e do sucesso puramente material. Dessa forma o desprezo
a ética é diretamente proporcional a conquista de tais valores que não são
baseados na moral, ou bem-estar social ou profissional.
Destacaremos os conceitos de ética que são comumente utilizados na sociedade e no meio acadêmico:
Destacaremos os conceitos de ética que são comumente utilizados na sociedade e no meio acadêmico:
Noção
de ética
A
partir dos estudos sobre Ética na Grécia Antiga, estabeleceu-se regras para uma
boa convivência entre os cidadãos que formam a sociedade. Antes disso, vários
textos religiosos ensinam e cobram a prática da ética, para que a convivência e
as relações sociais se tornem mais pacíficas.
A
ética questiona valores a partir do modo de ser de um determinado povo, de uma
determinada cultura. Está intimamente ligada à busca do bem e da felicidade. Em
outras palavras, estuda o comportamento moral do ser humano e a sua ação reta e
suas possíveis consequências.
A
ética leva em conta o interesse da sociedade como um todo, diferente da moral,
que determina o que é bom e o que é ruim no comportamento das pessoas. A ética
indica o que é mais justo ou menos injusto perante as escolhas que fazemos,
escolhas estas que podem afetar ou não outras pessoas.
As
normas morais são aquelas que se baseiam na consciência moral das pessoas ou do
grupo. As normas jurídicas, como o próprio nome diz, baseiam-se na força
coercitiva do Estado, devendo ser obedecida; quando não são, ocorre uma
punição, prevista em lei.
Definição
de ética
Ética é o nome geralmente dado ao ramo da filosofia dedicado aos
assuntos morais. A palavra "ética" é derivada do grego, e significa
aquilo que pertence ao caráter. No Dicionário Aurélio (2009) o verbete “ética”
é identificado como “o estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta
humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja
relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto”.
Moral
é derivado do latim que significa costumes. Na sua origem o conceito de moral e
ética era equivalente, para uma melhor definição e entendimento da teoria e da
prática, houve necessidade de separação da ética e da moral.
A
ética procura teoricamente os princípios fundamentais do comportamento humano.
A moral procura de forma direta pôr em prática o comportamento com base nas
teorias dos seus princípios fundamentais.
Evolução
da ética
Uma rápida visão da história e temos o entendimento de que o
conceito de ética passou por transformações em todas as épocas. A sua
apreciação acompanhou a evolução da sociedade, onde a razão do resultado foi
sendo substituída pela razão não repressora, capaz de autocrítica e colocada a
serviço do desenvolvimento humano. Claro que o espectro dos conceitos de ética
acompanhou a evolução da própria sociedade, adequando-se às necessidades desta.
Os
gregos como os romanos eram homens de profundas ideias e convicções religiosas.
Tanto uns como os outros, seja por via da Razão ou da Ação, da Fé ou do
acatamento das Leis da Natureza, buscavam unirem-se, compreender, encontrar os
seus deuses, esses deuses que permaneciam nos montes, como que a encorajar a
elevação dos homens.
Se
a ideia destas civilizações foi que a virtude era o meio de chegar a seus
deuses, tanto os gregos e os romanos, referiam-se à mesma coisa quando falavam
de Ética e de Moral. Tratava-se de harmonizar o homem, de ajudá-lo para que
nele brotasse as fontes de Justiça e de Bem que lhe permitiriam beber das águas
da Divindade.
Ética
empírica
É
aquela em que os princípios foram derivados da observação dos fatos. Mais do
que isso, foi a experiência concreta na vida social que levou seus defensores a
provar o fato de que sem os valores éticos a vida social é impossível. Seus
defensores são chamados de “empiristas” e suas teorias da conduta baseiam-se no
exame da vida moral. Segundo os empiristas, os preceitos disciplinadores do
comportamento estão implícitos no próprio comportamento da maioria dos seres
humanos. Para os teóricos da ética empírica, não se deve questionar o que o
homem deve fazer, e sim examinar o que o homem normalmente faz, pois o homem
deve ser como naturalmente é, e não se comportar como as normas queiram que ele
seja. O drama ocidental foi que o empirismo nos levou ao relativismo.
Como
a conduta humana varia de acordo com a cultura e o tempo histórico, a defesa
que os empiristas fazem da existência de uma moral universal, natural e própria
do ser humano mostra-se improvável nos dias atuais, tanto que o subjetivismo,
próprio da visão da ética empírica, terminou por gerar visões de ética que são
opostas ao conceito grego original - defesa da vida comunitária. É possível
assim dividir as teorias éticas nascidas da ética empírica: Ética Anarquista
(subjetiva), Ética Utilitarista, Ética Ceticista.
A Ética Anarquista repudia toda norma, todo valor, direito, moral,
convencionalismos sociais, religião.
A
Ética Utilitarista tem como teoria que só é bom o que é útil: a conduta ética
desejável é a conduta útil. A utilidade, porém, é mero atributo de um
instrumento. A eficácia técnica dos meios não corresponde ao valor ético dos
fins.
A
Ética ceticista tem como proposta a dúvida, pondo em dúvida todas as crenças
tidas como verdadeiras para as demais pessoas. Uma teoria de ética cética,
portanto, é aquela em que o valor moral maior consiste justamente em colocar em
dúvida todos os valores aceitos como essenciais para a maioria dos teóricos.
Ética
formal
O
formalismo ético tem como fundamento um princípio básico proposto por Kant do
Imperativo Categórico: Age sempre de tal modo que a máxima de atuação possa ser
elevada, por sua vontade, à categoria de lei de universal observância´. O
Imperativo Categórico é o supremo princípio da moralidade, ele é incondicional
e universal. É o dever de toda pessoa de agir conforme os princípios que ela
quer que todos os seres humanos sigam.
Ética
dos valores
A
ética dos valores ou ética valorativa constitui basicamente uma inversão do que
seria a ética formal kantiana, pois para Immanuel Kant uma ação só é boa, só
tem valor, se obedecer ao princípio categórico. Enquanto que para a ética dos
valores uma ação só é boa se fundamentada em um valor, consequentemente
tornando-se um dever. Todo dever é fundamentado em um valor.
O
valor é definido no dicionário AURÉLIO como: “Qualidade pela qual determinada
pessoa ou coisa é estimável em maior ou menor grau, mérito ou merecimento
intrínseco, valia”. Sem valor o homem não existe. Os valores existem por si só,
integram a esfera supra-sensível do mundo imaterial. Como não são criados, os valores
são descobertos. Segundo a perspectiva assumida por Max Sheler e Nicolai
Hartmann, os valores devem ser considerados como realidades absolutas,
independentes de suas relações com a realidade. Eles estão separados da
existência, pois “ser” e “valor” habitam mundos diferentes. Valores são
essências, não se enraízam nas coisas, não são criados pelo homem, apenas
descobertos por ele, sendo apenas intuitiva a sua apreensão.
O
valor representa um grande marco jurídico para o Direito. São os valores que
norteiam a constituição, que traçam suas diretrizes e suas prioridades.
“Nenhuma sociedade pode sobreviver sem um código moral fundado em valores
compreendidos, aceitos e respeitados pela maioria de seus membros”. Os valores
dão sentido ao código de normas, coragem racional e psíquica, e ainda
contribuem para a integração social.
Os
bens só existem porque existem valores. Os valores só se dão para conhecimento
àqueles que possuem capacidade estimativa. As intuições estimativas podem
variar, mas não alteram o valor.
Divisão
da ética.
Em
função dos valores estabelecidos pela consciência do ser humano, a ética foi
dividida em objetiva e subjetiva.
A
ética subjetiva pressupõe que os valores são constituídos individualmente, não
existindo uma forma para se colocar valores para todos.
Pela
ética objetiva, os valores são válidos para todos os seres humanos, sendo seus
defensores os humanistas e os cristãos. No humanismo, eles são baseados na
natureza humana; no cristianismo, os valores são norteados pela fé.
Importância
da ética
É
indispensável o cidadão adotar um comportamento Ético para viver em harmonia
com a sociedade. Plotino quando disse que a Virtude é um meio, um caminho para
atingir o Reino da Divindade, ou seja, a Perfeição. Quer dizer que a nossa
própria conduta ética é como se fosse uma escada que, conforme o caso nos
facilita ou dificulta a ascensão à Realidade.
A
maçonaria, em sua doutrina, define que o homem não é um ser à parte da Criação,
nem que esteja desvinculado das leis que regem o Universo. No domínio da Física
é bem conhecida a lei da ação e da reação: se for produzida uma ação num certo
sentido, cria-se imediatamente uma reação de igual intensidade e sentido
contrário. Se isto acontece no campo da matéria densa, com mais razão deve
dar-se nos planos mentais e emocionais.
Segundo
este ponto de vista, a nossa conduta é uma ação que, no plano específico, origina
uma reação consequente. Assim sentimo-nos mais seguros, porque nos vemos
fazendo parte de uma lei matemática e inexorável, ao mesmo tempo em que
adquirimos consciência da nossa própria liberdade ao poder decidir sobre a
nossa conduta, e as consequências que pode acarretar essa conduta que
escolhemos. E podemos dizer, parafraseando o poeta, que "nós somos os
arquitetos do nosso próprio destino".
Interpretamos
a ética maçônica a partir de (TRISTÃO, 2016): - Consciência maçônica, que aqui
se define como sendo“o poder da alma de se perceber a si mesma como ativa ou
passiva”, é o gozo ou privilégio de perceber a si mesmo e as suas próprias
modificações com absoluta certeza.”. A maçonaria sugere em um de seus ritos a
prática da ética: “Fidelidade ao dever que a consciência impõe”.
Considerações
finais
Ao
se tratar o cidadão como indivíduo é imprescindível o respeito a sua
individualidade. Cada comportamento está associado a personalidade que foi
formada pelos princípios éticos por meio da moral estabelecida pela sociedade.
Sendo assim pode-se deparar com conflitos de interesses. Diante desse aspecto o
cidadão terá que escolher qual o interesse a ser atendido para preservar a
harmonia no convívio social. A decisão a ser tomada será baseada em que?
Esta
escolha é justamente a definição entre o que é bom ou ruim, o que é certo ou
errado para as partes envolvidas. Para uma solução mais eficaz, as regras a
serem escolhidas deverão ser baseadas na ética, ou seja, uma vez a necessidade
de pô-las em prática utiliza-se a moral com suas normas jurídicas, formais ou
informais.
A
maçonaria de forma indireta sugere constantemente reflexões de como um maçom
deve agir e se é correto? Dentre muitas outras, a Ética faz parte da doutrina
maçônica, que abraçam normas morais e jurídicas da sociedade. A forte sugestão
é que o maçom de forma ética, se esforce a fim de atender os conflitos de
interesses e passe a utilizar a Equidade em vez da simples Justiça.
Referências
-VASCONCELOS, Ana – Manal
compacto de filosofia- São Paulo- SP – Editora Rideel, 2010
- RUBATTINO, Alceu – Ética
Profissional, uma aboradagem crítica no Ensino – – Belém – PA - Editora Twee,
2016
- A Classificação da Ética
– disponível em:
<https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=6&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwjy4OXxztDRAhWDlJAKHSRWDsoQFgg6MAU&url=http%3A%2F%2Funipvirtual.com.br%2Fmaterial%2FUNIP%2FBACHARELADO%2FCONTABILIDADE%2FSEGUNDO_SEMESTRE%2FETICA_GERAL_PROFISSIONAL%2FDOC%2Fmod_5.doc&usg=AFQjCNHZdNL099Inw6sZsbAXq0fdAzOpnQ&sig2=FaJF2PlJTV0-kPv835k7ww>,
consultado em 19/01/2017
- TRISTÃO, Gilberto -
Filosofia e Doutrina Maçônicas – Brasília – DF, Editora UnyLeya – 2016.
- NÓBREGA, Ana Cláudia -
Ética formal e dos valores – Disponível em:
<http://www.ebah.com.br/content/ABAAABPjEAJ/etica-formal-etica-dos-valores>
consultado em 12/01/2017
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