quarta-feira, 1 de março de 2017

Um maçom ilustre: Carlos Gomes.

Por Arthur Feitosa Vieira Monteiro, 31/01/2017

Antônio Carlos Gomes nasceu em Campinas-SP no dia 11 de julho de 1836, filho de Manuel José Gomes e de Fabiana Maria Jaquari Cardoso. Após o falecimento da sua mãe, seu pai que era diretor de uma banda de música na cidade formou uma banda com seus filhos, de onde vem os primeiros contatos do Carlos Gomes com a execução musica. Também conhecido pelo apelido de Nhô Tinoco e assim assinou várias de suas obras.
Carlos Gomes homenageado pelo Banco Central do Brasil

Na sua juventude compôs várias valsas, quadrilhas e polcas. Compôs a primeira Missa de São Sebastião repleta de misticismos. Apresentou vários concertos com seu pai e era um profundo admirador do compositor Verdi. Escreveu o Hino Acadêmico para a Faculdade de Direito.

Aproximação da corte imperial

Carlos Gomes participou da início do período romântico quando compôs várias óperas brasileiras e em português vide lista no anexo I, levando-as ao cenário internacional. Foi simpatizante das causas abolicionistas, recebendo o título de “Maestro da Abolição” pelo recém conhecido abolicionista brasileiro André Rebouças, deputado e conselheiro de D. Pedro II:

Carlos Gomes é muito mais. Mesmo fora do Brasil, a partir de 1864, ele participou e viveu os problemas sociais e políticos brasileiros. Embora não se deva confundir conscientização com engajamento. Monarquista convicto e declarado, grande admirador de D. Pedro II e da família imperial era, entretanto, a favor da causa abolicionista. Possuidor de um temperamento difícil, irascível, meticuloso, detalhista (que o digam suas cartas) era sensível, nobre, generoso. Jamais um mesquinho. (AGUIAR, p. 58).

 Figura retirada da página 59 da obra Considerações sobre Carlos Gomes (AGUIAR)

Iniciação Maçônica

Foi iniciado na ordem maçônica, juntamente com seu irmão José Pedro Santana Gomes, conforme ata no anexo II, a convite do maçom Américo de Campos, no dia 24 de junho de 1859 na Loja Amizade, fundada em 13 de maio de 1832, na cidade de Campinas – SP:

Foi por intermédio de Américo de Campos que Carlos Gomes foi iniciado na loja Amizade em 24 de junho de 1859. Carlos Gomes, recém-chegado à cidade de São Paulo para realizar um concerto, acompanhado de seu irmão José Pedro de Sant’anna Gomes e seu amigo Henrique Luís Levi, hospedou-se em república de estudantes da Academia de Direito, e logo conheceu Américo de Campos. Desta amizade surgiu a ideia de indicar Carlos Gomes para ser iniciado na loja Amizade, cuja iniciação foi registrada em Ata. (FRANCISCO, 2010)



Disponível em<http://www.lojamaestrocarlosgomes.org/carlos-gomes> consultado em 31/01/2017



No ano de 1861 Carlos Gomes apresentou no Teatro da Ópera Nacional a obra A Noite do Castelo. Em consequência do sucesso da cantata genuinamente nacional, o Imperador D. Pedro II o agraciou com a Imperial Ordem da Rosa, ordem honorífica criada pelo imperador D. Pedro I. Passados dois anos, Carlos Gomes apresenta a segunda ópera Joana de Flandres. Devido a competência e sucesso, Carlos Gomes foi convidado pela Academia imperial de Belas Artes para ir à Europa pagos pela Empresa de Ópera Lírica Nacional.

Na Europa recebeu o título de mestre, estabeleceu-se na cidade de Milão. A aceitação das suas óperas na Europa e Estados Unidos, se baseava em óperas tranquilas, de belíssima execução e cenários que envolviam indígenas brasileiros.

Em 1870, na ocasião do aniversário de Dom Pedro II, Carlos Gomes estréia no Teatro Lírico Provisório, na cidade do Rio de Janeiro. No início do ano de 1871 visita seu amado irmão José Pedro Santana Gomes, iniciados na ordem maçônica no mesmo dia. Em 18 de fevereiro despede-se do Imperador e segue para Europa. Em 1895 é operado para retirada de um tumor em sua língua e logo após viaja para o estado do Pará. Veio a falecer em 16 de setembro de 1896.

Carlos Gomes foi um exemplo de cidadão, discreto, não se envolveu diretamente nas contendas políticas. Propagou aos corações a sua arte, óperas, e a música que consta nas sete artes mais cultuadas pela maçonaria.

REFERENCIAS
- AGUIAR, L. - Considerações sobre Carlos Gomes - Textos do Brasil nº 12 - Música Erudita Brasileira – Disponível em <http://dc.itamaraty.gov.br/publicacoes/textos/portugues/revista12.pdf> acesso em 31/01/2017.
- FRANCISCO, Renata Ribeiro – AS SOCIEDADES ANTIESCRAVISTAS NA CIDADE DE SÃO PAULO (1850-1871) - Dissertação de Mestrado em História, UNESP, São Paulo, 2010.
- GALDEANO, Lucas Francisco – VENRÁVEL IRMÃO CARLOS GOMES: A grande presença na música clássica – O Malhete, informativo maçônico, ano VII, n. 80, 2015 - Disponível em <http://omalhete.blogspot.com.br/2015/11/ven-ir-carlos-gomes-grande-presenca.html#more> acessado em 31/01/2017.
- NOGUEIRA, Lenita W. M. - MÚSICA E POLÍTICA: O CASO DE CARLOS GOMES – Anais do XV Congresso ANPPOM, 2005

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