Por Arthur Feitosa Vieira Monteiro, 18/07/2018
Cavaleiro Kadosh
INTRODUÇÃO
Quaisquer assuntos que
envolvam os Templários promovem uma atenção especial, devido ao romantismo das
histórias da Cavalaria e Igreja Católica que foi envolvida em muitas lutas e
mistérios.
Registros iniciais dos
Templários foram encontrados por volta do ano de 1118 d.C. e estavam
diretamente ligados a utilização das instalações do antigo Templo construído
pelo Rei Salomão. Da mesma forma como surge a Ordem é extinta, sem deixar
rastros.
A maior referência,
quando se trata da estruturação da Ordem dos Templários foi o Abade Bernard de
Claraval.
BERNARDO DE CLARAVAL
Patrono
dos Templários, foi um abade francês do século XII, da Ordem de Cisterciense –
Ordem Beneditina Reformada, estruturou regras para a Ordem dos Templários. Encarregado
pelo Papa para pregar a segunda cruzada, arregimentou uma grande multidão.
O uso da violência incentivado pelo Papa foi
defendido por São Bernardo, abade de Clairvaux, o qual refutou as críticas dos
clérigos ortodoxos, segundo as quais o derramamento de sangue era vedado
àqueles que desejassem ingressar em ordem clerical. Eis a sua exortação
dirigida aos Cavaleiros do Templo:
"Na verdade, os cavaleiros de Cristo
travam as batalhas para seu Senhor com segurança, sem temor de ter pecado ao
matar o inimigo, nem temendo o perigo de sua própria morte, visto que causando
a morte, ou morrendo quando em nome de Cristo, nada praticam de criminoso, sendo
antes merecedores de gloriosa recompensa. Assim, sendo, por Cristo! E então,
Cristo será alcançado. Aquele que em verdade, provoca livremente a morte de seu
inimigo como um ato de vingança mais prontamente encontra consolo em sua
condição de soldado de Cristo. O soldado de Cristo mata com segurança e morre
com mais segurança ainda. Serve aos seus próprios interesses ao morrer e aos
interesses de Cristo ao matar! Não é sem razão que ele empunha a espada! É um
instrumento de Deus para o castigo dos malfeitores e para a defesa do justo. Na
verdade, quando mata um malfeitor, isso não é um homicídio, mas um malicídio e
ele é considerado um carrasco legal de Cristo contra os malfeitores."
(SILVA, 2001)
São
Bernard teve fundamental importância no desenvolvimento da Ordem dos
Templários, pois a ampla experiência com a Ordem de Cisterciense proporcionou a
estruturação e determinação em reestabelecer a segurança dos caminhos dos
peregrinos à Jerusalém, além do combate armado aos mulçumanos. A herança da
tradição das vestes dos Templários veio da doação da túnica branca que era
utilizada por Bernard na Ordem Cister.
Bernard foi, de fato, o autor da Regra dos
Templários – que foi baseada na de Cister – e foi um dos seus protegidos quem,
como papa Inocêncio II, declarou, em 1139, que os Cavaleiros apenas seriam
responsáveis perante o papado a partir daquela data. Como as Ordens dos
Templários e de Cister evoluíram em paralelo, pode discernir-se alguma
coordenação deliberada entre elas – por exemplo, o suserano de Hugues de Pay
ens, o conde de Champagne, doou a S. Bernardo as terras de Clairvaux, em que
ele construiu o seu « império» monástico. E, de modo significativo, André de
Montbard, um dos nove Cavaleiros fundadores, era tio de Bernardo. Tem sido
sugerido que os Templários e os cistercienses atuavam em conjunto, segundo um
plano pré-estabelecido, para dominar a Cristandade, mas esse plano nunca teve
êxito. .(PICKNETT e PRINCE, 2007)
Foi no
Concílio de Tryes em 1128 que a Ordem Templária foi reconhecida como uma ordem
militar e religiosa:
Graças ao apoio bem-sucedido de São Bernardo,
em janeiro de 1128, o Concílio de Troyes reuniu-se com o objetivo de analisar
as pretensões de Hugo de Payns e de André de Montbard. Entre os membros do
Concílio contavam-se, entre outros, Bernardo, o abade de Clairvaux, o núncio do
papa e os arcebispos de Reims e Sens. Precisamente pela decisão dessas
personalidades da Igreja por ordem do Papa Honório e de Estêvão, patriarca de
Jerusalém, foi criada uma norma como diretriz de atuação para a Ordem,
sendo-lhes atribuído o hábito branco. Esse foi o melhor apoio que a Ordem
poderia receber, na Idade Média, porque ela deixou de ser Plano da Jerusalém
latina; o Plano de Cambrai, 1150 uma organização clandestina para ganhar
notoriedade e reconhecimento pela Igreja Católica. (SILVA, 2001)
O Templo
de Salomão foi a materialização de um sonho do Rei David por intermédio do seu
filho Rei Salomão. O primeiro Templo destruído pelo Rei Nabucodonosor por volta
de 587 a.C. e no século VI a.C foi reconstruído.
O Templo
de Salomão mantém profundas ligações com a Ordem Templária, pois além de
abrigar a Ordem, empresta o seu nome, conforme registro:
Em 1118, juntamente com Godofredo de
Saint-Omer, outro valoroso cavaleiro, resolveram fundar uma ordem religiosa e militar
conhecida por Pauperes Commilitiones Christi Templique Salomonis, ou seja,
"Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão", e passaram a
ser chamados sucessivamente de "Os Pobres Soldados de Jesus Cristo e do
Templo de Salomão", "Os Cavaleiros do Templo de Salomão",
"Os Cavaleiros do Templo", "Os Templários", e finalmente
"O Templo". Adotaram a divisa Non nobis, Domine, non nobis sed nomini
tuo da gloriam, "Não para nós, Senhor, não para nós a glória, mas só em
teu Nome". (SILVA, 2001)
A extinção
da Ordem dos Templários pelo Papa Clemente V e executada pelo Rei Frederico , o
Belo, em 1307, foi praticamente testemunhada por um dos maiores poetas nascido
na Itália no século XIII, Dante Alighieri que escreveu a obra “A Divina
Comédia”. Dante possuia o título de Cavaleiro Kadosh no FSKIPFT, o antigo
"Fidei Sanctae Kadosh Imperialis Frater Templário Principado", uma
ordem de parentesco dos Templários; Como muitos iniciados de seu tempo, ele
expressou mensagens filosóficas e culturais usando um código, a fim de proteger
essas mensagens pelas autoridades, proibindo o livre pensamento e a expressão.
Mais notável, no entanto, é a ligação que
Dante e os seus colegas místicos apresentam com os Templários. Foi um dos seus
mais entusiásticos apoiantes, mesmo após a sua extinção, quando era
desaconselhável estar ligado a eles. Na sua Divina Comédia, Dante estigmatiza
Filipe, o Belo, como o « novo Pilatos» , pelos seus atos contra os Cavaleiros.
O próprio Dante é considerado como tendo sido membro de uma ordem Templária
terciária, denominada La Fede Santa. Estas ligações são demasiado sugestivas
para serem ignoradas – talvez Dante não fosse a exceção, mas a regra, dos
Templários, que estavam envolvidos num culto do amor.(PICKNETT e PRINCE, 2007)
O Título
de Cavaleiro Kadosh é encontrado na maçonaria no 30º grau do Rito Escocês
Antigo e Aceito. No ritual encontra-se a origem do grau, e sua história
assemelha-se a mesma confusão na interpretação do grau Rosa Cruz com os Rosa
Cruzes Alquimistas do século XVII, da mesma forma o grau 30 quando cita a
abreviatura Cavaleiro “T.” (de Teutônicos) e foi interpretado como Cavaleiro
Templário.
Posteriormente
foi atribuído ao grau de vingança e a comemoração da abolição dos Cavaleiros do
Templo e o suplício de Jacobus Burgundus Molay, seu último Grão-Mestre, que
pereceu como mártir nas chamas, a 18 de março de 1314, tendo como seus algozes
Filipe o Belo e do Papa Clemente V Responsáveis pela sua extinção e morte dos
seus líderes. De outra forma a Maçonaria Templária Alemã tratava da lembrança
em reclamar seus bens invadidos e roubados pela Ordem dos Cavaleiros de Malta.
Na maçonaria, em especial no Brasil, podemos encontrar referências sobre os
Cavaleiros Templários em vários ritos e graus.
No Rito
Escocês Antigo e Aceito encontramos parte da história e da lenda Templária nos
rituais do grau 30 do Cavaleiro Kadosh ou Cavaleiro da Águia Branca e Negra. O
Grau de Cavaleiro encerra a máxima da Razão e da Virtude.
No Rito
Escocês Retificado foi criado a partir da reforma da Estrita Observância
Templária, surge como um rito de essência cristã que porta apenas os valores
morais das ordens Templárias.
Nas
Ordens de Aperfeiçoamento Maçônico encontra-se a Ordem dos Cavaleiros
Templários, herança direta das tradições transmitidas diretamente pela Grande
Loja da Inglaterra.
No Rito
de York contempla em seu último estágio o Grau de Cavaleiro Templário.
CONCLUSÃO
Os
assuntos e ritos Templários são envoltos em lendas e mistérios, rememoram as
tradições Templárias nos seus aspectos místicos e morais.
A Ordem
Templária sempre presente na história do Brasil com seus símbolos, acima de
tudo, é uma ordem de caráter ecumênica, não faz distinção de raça, credo,
nacionalidade e de estirpe, respeitando em qualquer caso, as leis e as
tradições de todos os povos e de todos os países por onde estendem suas
atividades. Espera-se que os maçons brasileiros absorvam da melhor forma os
ensinamentos contidos nos rituais templários, e que seja crítico em identificar
as distorções históricas e lendas que são amplamente cultuadas aqui no Brasil.
A
maçonaria brasileira mantém as tradições morais dos Cavaleiros Templários nos
seus principais ritos tradicionais históricos e praticados para que o maçom
possa experienciar as doutrinas para a grande batalha interna individual e
colocar em ação os valores morais, aliás, a ação é uma prerrogativa da
cavalaria.
REFERÊNCIAS
— CARVALHO, William Almeida de - História da Maçonaria: Das Origens
Corporativas à Maçonaria Moderna – Distrito Federal – UnyLeya, 2017.
— PICKNETT, Lynn; PRINCE, Clive - A REVELAÇÃO DOS TEMPLÁRIOS: Os
Guardiões Secretos da Verdadeira Identidade de Cristo. Tradução de Adriano José
Sandoval. São Paulo: Editora Planeta – 2007
— Ritual do Grau 30 do Supr. Cons. do Brasil do Grau 33 para o R.E.A.A
— SILVA, Pedro - História e mistérios dos templários – Rio de Janeiro:
Ediouro, 2001.